Belo Horizonte, 05 de dezembro de 2021
Querida Helena,
Lembro-me das últimas cartas que você me enviou e preciso dizer: desistir de tentar todas as alternativas possíveis sempre foi uma opção. Mas sendo ela a mais fácil, por que tão difícil? Pois, se esta for realmente uma alternativa, estamos em um ciclo infinito de desistência? Desistir cansa tanto assim? Enfim, hoje trago boas novas. Depois do nosso encontro despretensioso matutino, tive um dia sem culpa.
Para os dias sem culpa não há pressa. Para os dias sem culpa não há obrigação em não parecer vaidoso. Nos dias sem culpa não há tanta coisa. Mesmo que amanhã ela volte a me circundar. Talvez tenha sido um dia bom, porque sem a presença da culpa, há espaço para ver o céu azul como ele é. Também há espaço para sentir a comida no gosto que ela realmente tem.
Descobri que no dia sem culpa, as coisas não são boas. Mas elas são o que realmente são. E foi daí que eu pensei: de tudo vivido, o que foi só um reflexo da realidade? O que essa sensação, de que eu deveria ter feito melhor e mais, me tirou? Bom, de todos esses questionamentos (que não nos levarão a conclusão nenhuma) preciso dizer que: no seu dia sem culpa, sugiro que você passe por aquelas ruas que te levam até a alfaiataria das princesas.
Aguardo nossos próximos encontros.
Abraços,
Michael.
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