Belo Horizonte, 14 de novembro de 2021
Querida Helena,
Eu sei, fiquei um tempo sem escrever e senti saudades de você aqui. Mas queria reiterar (sei que disse isso quatro vezes por ligação), que escrever está relacionado com o que dói. Nesse sentido, você pode imaginar que assim como no dia a dia, meu silêncio diante do incomodo se fez presente em nossas cartas. Sei que é difícil me acompanhar, ou ao menos compreender qual foi o último pensamento que me fisgou de maneira assoladora, mas às vezes eu não tenho coragem.
Não tenho coragem de escrever sobre o que não doeu, porque não sei fazer isso. Mas, às vezes é tão desconfortável que não há nada que possa ser dito. É como aquela sensação de ouvir um barulho alto por muito tempo, e de repente ele não está mais tão alto. Então é por isso que tento escrever para você agora… porque se eu não tentasse, talvez não haveria mais cartas. Essas letters semanais mais do que uma rotina, saem de um lugar quase oculto da minha mente, do lugar que está sempre aqui, mas que ninguém acessa. Mas, confidencio a você, Helena.
Sei que transparência e honestidade foram os pontos que sustentaram nossa amizade até aqui, e sei que a falta de dizer não (mesmo que preciso) mais atrapalha do que nos ajuda. Atrapalha, porque no silêncio também reside indiferença, ou seja, a ideia de que sua amizade não seria capaz de suportar minha fase ruim – o que, convenhamos, é quase um escárnio. Todavia, não saem das minhas mãos as palavras que contam de dias como o de hoje, 14/11/2021, em que fui no show da minha banda favorita com pessoas especiais. Isso porque é tão delicado a memória e a felicidade, que no mínimo sinal de traduzi-las em conjunções, palavras, letras, vogais e consoantes, elas fossem se degenerar.
Helena, seguirei escrevendo mesmo nos dias felizes, ou nos que não doem. Peço que tenha paciência – mais? Sim – porque se tem uma coisa que eu aprendi nesses últimos meses, é que eu sou completamente estranho. E vou errar. Já ia me esquecendo… contei que em janeiro estarei de passagem na sua terra? Quem sabe não possamos nos encontrar e dizer tudo aquilo que as cartas não dizem? Bom, espero que não tenha te decepcionado. Aguardo sua carta quarta-feira pela manhã, as always.
Abraços
Michael.
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