Categories: Sem categoria

Não admitir o erro é desumano

Márcio Magno Passos
Vamos começar num papo reto. Você já cometeu erros? Não? Jura? Nenhum erro, por menor que seja? Então você é perfeito? Então, tá! Ou então não tá! É da natureza humana (ou desumana) não admitir erros. Infelizmente essa é uma verdade. Todos temos nossas desculpas ou justificativas para amenizar e, se possível, não admitir nossos erros. É na relação familiar, no círculo de amigos, no trabalho ou mesmo seja lá onde for. O ser humano, em sua maioria, tem uma dificuldade enorme para admitir erros e os entender como absolutamente normais. Prefere se explicar como se isso eliminasse o erro. Outros preferem a retórica, o discurso, o disse-me-disse ou o não-é-bem-assim. Na nossa individualidade, no entanto, todos sabemos quando e como erramos. Na frente do espelho o ser humano não tem como fugir de seus erros. Gente, só não erra quem já morreu. Basta estar vivo para cometer erros. Mesmo assim e com praticamente todos querendo continuar vivos, bater no peito e confirmar que errou é para poucos. Tem gente que até prefere a morte ou, pelo menos, faz de conta. Se na vida pessoal e privada de cada um isso é recorrente, imagine na vida dos políticos. Ouvir um político reconhecer que errou é quase impossível. Mais difícil ainda é ele ter caráter, maturidade ou humildade para pedir desculpas. Ao longo de minha vida profissional acompanhei quase uma centena deles e aprendi que erram e muito. Não é para menos. A função pública envolve muitos atores, com a maioria deles despreparada profissionalmente e politicamente para os cargos que exigem muita capacidade, habilidade e jogo de cintura. Ocupantes de cargos eletivos e seus assessores e secretários são, literalmente, empregados do povo. É a eles que se deve toda satisfação, atenção e serviços bem feitos a tempo e a hora. E não é fácil, porque as demandas estão reprimidas com sucessivos mandatos que não dão conta do recado, a receita dos órgãos públicos cada vez mais comprometida e um cidadão cada dia mais exigente diante da provocação da corrupção endêmica que toma conta do país. Fazer tudo e agradar a todos num breve período de tempo é missão impossível. É um bom começo compreender que errar é humano e inevitável, mas que pedir desculpas também é um necessário exercício de cidadania e democracia. O grande problema é que assessores e secretários, principais fontes de tantos erros, acham que tentar enrolar o eleitor com desculpas esfarrapadas é o melhor caminho. Quem pratica isso acaba se dando mal, muito mal.
*
Curta: Facebook / Instagram
Blogueiro

Share
Published by
Blogueiro

Recent Posts

Ainda pouca mas bendita chuva

Eduardo de Ávila Depois de cinco meses sem uma gota de água vinda do céu,…

10 horas ago

A vida pelo retrovisor

Silvia Ribeiro Tenho a sensação de estar vendo a vida pelo retrovisor. O tempo passa…

1 dia ago

É preciso comemorar

Mário Sérgio No dia 24 de outubro, quinta-feira, foi comemorado o Dia Mundial de Combate…

2 dias ago

Mãe

Rosangela Maluf Ah, bem que você poderia ter ficado mais um pouco; só um pouquinho…

2 dias ago

Calma que vai piorar

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Depois que publiquei dois textos com a seleção de manchetes que escandalizam…

3 dias ago

Mercados Tailandeses

Wander Aguiar Para nós, brasileiros, a Tailândia geralmente está associada às suas praias de águas…

4 dias ago