A temporada de férias de julho foi aberta e os pais buscam um lugar de sossego, onde possam descansar com a família e de preferência que o destino tenha medidas de segurança de prevenção contra infecção pelo coronavírus. Já outros estão por aí interagindo com o mundo e até trazendo medalhas para seus países.
A primeira cena se desenrola no embarque do aeroporto de Teixeira de Freitas – o que dá acesso mais próximo ao Sul da Bahia, neste final de julho de 2021. Ali observo um casal empurrando cinco malas e complementos em carrinhos de apoio. No dele há duas malas grandes e um bebê conforto, já no dela há três malas pequenas, travesseiros de pescoço e outras cositas mas, que não davam para identificar. A mãe trazia junto ao peito sua bebezinha de laçarote na cabeça e segura no seu baby bag. Todos de máscara, exceto a bebezinha, claro!
Enquanto eu confabulava sobre a logística de viajar com crianças, aparecem as outras duas proprietárias da quarta e quinta mala – uma menina de uns quatro anos e sua tia ou babá. Assim que se postou na minha frente – eu estava posicionada na recepção inicial do pequeno aeroporto, na lateral da porta de entrada e saída, vejo a menina no seu vestidinho branco e de olhinhos vivos olhando para fora perguntando: – onde está a Bahia? Os adultos não a escutam no primeiro momento e ela continua: – onde está a Bahia? Aí, pararam o que discutiam, o pai olhou para ela e respondeu rindo: – estamos na Bahia.
É provável que a criança tenha construído uma fantasia com praia, castelinhos de areia, peixinhos, tartaruguinhas, talvez baleia – pois é a temporada delas na região, claro que com os pais mostrando e alimentando essas expectativas. Chegou na Bahia e enxergou somente o prédio e a pista do aeroporto…
Ao mesmo tempo, aterrissava em Guarulhos o novo ícone do esporte brasileiro – Rayssa Leal, a fadinha do Skate que com seus poucos 13 anos já mandou ver no que faz de melhor. Ela nascida em Imperatriz do Maranhão, de família simples, conquistou medalha de prata para o Brasil na modalidade de Skate Street e tornou-se a atleta mais jovem a fazer tal mérito.
Ela que está na fase da vida que é de travessia da infância para fase adulta, a tal adolescência, momento importante para o sujeito. Àquele da introjeção dos pais infantis, da construção da própria identidade e descobrimento de um corpo que muda com novos hormônios que se manifestam. Observei seu desembarque em Guarulhos após sua façanha. Chegou da tecnológica metrópole de Tóquio, sede das Olimpíadas de 2020, claro que vestida e calçada por seu patrocinador, com uma leve mochila nas costas que deve ser dele também. Numa mão carregava a medalha e na outra (que mais me chamou atenção) um bichinho de pelúcia – fofinha ela e ele.
A imagem fazia jus a sua idade. E ela é assim: leve, cabelos soltos, ares de moleca, voa com seu skate parecendo que isso é muito simples de fazer. No desembarque também dá uma canja de sua arte – um rolé para os apreciadores e com seu skate desliza no saguão. O que encanta em Rayssa além da técnica, além da grande conquista em pouca idade? O despojamento, a fluidez de um esporte que ela leva como se estivesse brincando? Os voos, as asas de uma fadinha com missangas? Assim sigo, como muitos outros admiradores, imaginando suas histórias e seus treinos no calor das ruas do nordeste brasileiro.
Já em Belo Horizonte… aterrissagem no cinema de João e da vovó Sandra, destino: Space Jam: Um novo legado. Filme onde o basquetebolista LeBron James, considerado um dos melhores jogadores NBA e seleção Americana é o mocinho/herói. Ele é capturado por um algoritmo da Warner Bros. e terá de vencer o jogo de basquete para salvar seu filho. Seu time é composto pelos “ultrapassados” Pernalonga, PiuPiu, Pato Lino, Papa-Léguas, Lola, Vovó e outros personagem das “antigas”. A máxima do filme para mim está na mensagem de um algoritmo ser o vilão e dominar a vida das pessoas. Também que com a diversão, humor e fluidez um jogo é ganho.
O patrocinador da Rayssa anuncia seu slogan: Vai no novo.
Eu vou também com esse novo, que é desconhecido por agora e aposto nele. Com a esperança de que nossas crianças desejem o mar, a praia e sua natureza, tenham leveza nas competições, com interações de rua humanizadas, cabelos ao vento e bijuterias de adolescentes e que os algoritmos percam para vida na realidade presencial e melhor – divertidamente. Mas vai dar trabalho…
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