O que acontece no meu Facebook?

Foto: Pixabay – O que acontece no meu Facebook?
Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

Caindo na banalidade (?) falarei do que ocorre no meu Facebook. Há dois meses existe um movimento diferente nele e isso me intriga.

No início o utilizava como forma de estar presente com familiares e amigos, uma memória para manter nossos laços. Achava também que poderia usá-lo para arquivo de fotos. Hoje, clicamos tantos momentos e muitas vezes os perdemos por não serem salvos em algum dispositivo. Posteriormente, o número de amigos foi crescendo e com a falta de contato direto durante a vida, a liberdade foi diminuindo. 

Com o passar dos anos, fiz poucos investimentos publicitários pelo face, não me preocupando com a imagem que as postagens passavam. A intenção era lúdica e de relacionamento. Assim, o mantive para interação com pessoas conhecidas, visualização de nossas fotos, nossos dizeres, nossas ideias. Adotei critérios para aceitar novos amigos. O mais usual era ter pelo menos três conhecidos em comum ou ter ligação profissional. Atualmente não aceito defensores do governo federal nem fundamentalistas religiosos. 

Cancelei algumas pessoas que distribuíam fake news por não querer perder meu tempo com bobagens absurdas. Contudo, cultivo algumas amizades que permanecem mesmo com posturas que considero diferentes das minhas. Faço por considerações pessoais, pelo que já vivemos juntos e para não ficar fechada numa lógica somente. Pelo menos tento entender com respeito.

Já cancelei robozinho que disparava após compartilhamento. Atualmente, foi uma fake-mulher, não descobri ainda como entrou na minha rede, pois a mesma requer minha aprovação. Sei que foi após compartilhar uma postagem do Prof. Haddad – candidato que considerei ser o melhor para o Brasil nas eleições presidenciais passadas.

Nela, ele argumentava sobre a importância da vacina no combate ao coronavírus. Segundos após a publicação, recebi um disparo da fake-mulher com críticas à vacina. Nesses comentários é comum que se levante alguma “#” para assim ser mais visualizado. Era o mesmo discurso adotado pelo atual presidente e seus seguidores (o termo está correto, é uma seita), e isso ocorreu no meio da pandemia, considerando que ainda estamos nela, caminhando para o final. Ainda tentavam o tratamento com cloroquina e ivermectina. Então, o que vão fazer com tanto dinheiro publico jogado pelo ralo?

Agora, outro movimento se faz no meu face. Ele está com mais de 2.100 seguidores. Ainda resisto para não perder o controle de quem esteja presente ou me seguindo. Fato é que, há 40 dias só recebo convite de homens querendo me acompanhar. Aceitei alguns baseada nos critérios de seleção, mas ficaram 143 que não passaram pelo filtro.

Chamou-me atenção que nas novas solicitações não havia nenhuma mulher. Tentando entender, levantei algumas hipóteses. 

A primeira é romântica e justifico-me que é devido à fotografia de capa – um barquinho sozinho no mar. Creio que o barco é sonho de muitos homens – sair por aí, escutar o mar e os pássaros, sentir a brisa e o sol, fugir do caos mental e stress emocional, talvez pescar ou deixar a isca de molho sem compromisso nenhum. Abrir a gaveta do nada”.

A segunda é mais política. Alguns pedidos que surgiram eram de brasileiros, indianos, australianos, americanos (do exército tem um monte), etc. A maioria não possui histórico na rede. Assim me pergunto: são os futuros influenciadores das eleições 2022? Esse já é um posicionamento estratégico?

A terceira, que os homens tiveram outra busca nessa pandemia, pois não podendo recorrer a bares e futebol, acharam um novo entretenimento. Vão espiar algo nas redes sociais. O que as mulheres pensam ou mostram interessa? Qual o interesse? Será um voyeurismo?  

A quarta hipótese é que todas podem estar corretas.

Aponto aqui, não dá para ser inocente sobre estarmos em interação positiva e/ou negativa nos laços sociais. O que me interessa é a comunicação aberta e que não seja rodeada de preconceitos. Temos muito que aprender com o humano que nos habita e seu saber inconsciente. 

Enfim, ainda não decidi se coloco público meu face. Talvez faço um teste para ver se tenho paciência para o que virá. Desejo que seja uma boa surpresa com menos imagens publicitárias, mais afeto e comunicações sem críticas ao pensamento do outro. Que o recurso seja uma das fontes abertas para isso, boas reflexões, arte, informação e respeito aos “amigos”. Afinal, somos seres singulares nos adequando a um espaço social.

*

Parêntese: Deixo meu convite para que façam parte do meu instagram: @sandra.belchiolina, endereço que pretendo manter dentro do possível com postagens regulares.

Até lá!! 

*

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Sandra Belchiolina

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