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Eros versus Thanatos, a busca de uma saída do horror e a retomada dos laços sociais

Peter Paul Rubens (1577–1640), Allegory of War, c. 1628.
Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

O que fazer diante de tanta miséria e descontrole de um país com um vírus que avassalou nossas vidas?

Passei a semana com essa questão, pois podemos ser sujeitos em ação de nosso presente e futuro.

O psicanalista Antônio Quinet aponta que o Brasil vive uma guerra biológica. A arma – o coronavírus, veio a calhar para o Governo Federal. Visto seu posicionamento desde o início e sendo mantida sua necropolítica. Ou seja, política de destruição e morte – de Thanatos. Assim vimos, também, no desmonte das práticas de preservação relacionadas ao meio ambiente e a destruição ocorrida ao armar a população.

Conforme diz Quinet, é um pensamento de guerra com tática, estratégia e política. A tática é de asfixia programada, falta de oxigênio, falta de vacina, falta de controle sanitário para vacinação e combate a pandemia. Acrescento o incentivo de tratamentos não comprovados pela ciência e mal exemplo na negação das prevenções sanitárias orientadas pela OMS – Organização Mundial da Saúde.  A estratégia é a da ignorância e do ódio. A política é de Thanatos – de morte.

O pesquisador esclarece que nossas armas para esse combate são: alinhar com Eros – com a vida, o amor e logos – o saber, sendo instruídos pelo Inconsciente. Apoiar no saber, na experiência e no laço social daqueles que nos antecederam faz-se necessário. “Com Eros e Logos armemo-nos de solidariedade e saber para o combate da política de Thanatos”.¹

É posto que cada sujeito pode contribuir a favor de Eros e em direção ao universal. As medidas de prevenção como uso de máscaras, distanciamento e outros podem ser adotadas e estão ao alcance de todos. Uma escolha é feita. De que lado a pessoa está? Eros ou Thanatos.

Considerando que o discurso analítico é aquele que articula o universal com o singular de cada sujeito. O mesmo é uma forma de afetar o sujeito em prol de seu desejo e sabendo que ele está enlaçado com a sociedade e seus limites. O que nos faz seres sociais – portanto o outro está em nossas vidas e a nossa na deles. 

Ontem, em sua crônica ao Mirante; O resto da dor, minha colega Daniela Piroli Cabral trouxe: “Ontem à noite choveu e eu não tinha companhia. Não fui caminhar. O resto da dor me fitou os olhos e me questionou: vai se levantar ou permanecer caída?

Hoje, tive de levantar da cama, dar três pesados passos em direção ao computador para elaborar esse penoso tema que há uma semana me propus. Hoje, dar esses passos em prol do social foi o que me coube. 

Com certeza, sair da inércia, movimentar o corpo, mente e os mesmos alinhados com Eros, no saber inconsciente e como referência as experiências ancestrais é o movimento para uma saída do caos.

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Referências

¹@antonioquinet, 30/março/2021

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