“A mão que bateu panela/ Não é a mão que lava a panela/ Foi pra janela cantar o hino de camisa amarela/ E a amarela morre de medo de encontrar Favela na lista de aprovados no vestibular.” MC Lucas Afonso
Mais uma vez as panelas vão às janelas para dizer e serem escutadas. O Brasil tem novos recordes e discursos mentirosos não as calam. Recorde – palavra que passei a detestar e já escrevi sobre isso. Chegamos ao impensável: 300 mil vidas perdidas e processo acelerado de mais perdas devido à incompetência e má condução do líder federal.
E o povo mineiro, terra de Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Adélia Prado e muitos outros e outras, tem um dialeto que já foi traduzido e compilado em dicionário para turistas que visitavam Minas Gerais.
Uma brincadeira deliciosa que foi realizada pela Secretaria de Turismo. O dicionário era entregue, principalmente, para aqueles que chegavam pelo aeroporto de Confins, isso em anos passados.¹ Estou falando do Mineirês – língua regional e nacionalmente conhecida por duas palavras que usualmente estão na boca do mineiro – uai e trem.
Há duas semanas circulou nas redes sociais uma nova palavra que o dialeto buscou numa conversão. Procura tal para traduzir o intraduzível. E o Mineirês tentou dar contorno, explicação, sentido para uma termo/homem: genocida.
Contei 113 palavras fazendo essa tentativa:
Intojado. Jacu. Bagaça. Burricido. Cabuloso. Custoso. Disgrama. Fidazunha. Veiaco. Manoteiro. Marmota. Murrinha. Incosto. Íngua. Paia. Fidégua. Gaiado. Vacaiado. Arrombado. Zédendágua. Barango. Riliento. Nozeiro. Fidequenga. Ranço. Lambisgóia. Cagão. Istorvado. Nhaca. Trapaiado. Leseira. Xexelento. Luado. Iscomungado. Sonso. Besta quadrada. Capiroto. Catimbêro. Fiote de cruiz credo. Purgante. Abestaiado. Paia. Mocorongo. Pantasma. Coisa ruim. Bocoió. Cu sujo. Pangaré manco. Burro chucro. Bunda suja. Estafermo. Paiaço. Mondimerda. Cu de cobra. Caganêra. Lumbriguento. Safardana.
Restôi de bosta. Incardido. Imundiça. Praga de mãe. Bosta rala.
Sebento. Rola-bosta. Pioi de cu. Istrovenga. Disgraçado. Tinhoso. Iscamoso. Cornudo. Mardito. Marvado. Cabrunco. Demo. Fi da peste. Fedorento. Peidorrêro. Arregão. Carça curta. Mané dazora. Istrupiço. Lazarento. Zédastrêta. Cria perdida. Oreia de pau. Zé Ruela. Barranquêro. Bozó. Mazela. Pioiento. Istrume. Abilolado. Lesado daszideia. Cobra de chifre. Doença ruim. Parvo. Furunco zangado. Carniça. Cramunhão. Iscumungado. Trevoso. Tacho de cozinhá capeta. Perebento. Casca de firida. Bocó. Nó de cachorro. Istôrvo. Angu de carôço. Demonho da incruziada. Ispi de porco.
PEQUI ROÍDO.²
Pensando nesse texto ocorreu-me o título: O NADA – é minha centésima décima quarta palavra. E, ela resume tudo isso.
Podemos preparar as panelas porque as palavras estão escapulindo e os ouvidos tampados!
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¹https://turismodeminas.com.br/dicas/dicionario-de-mineires/
²(por Elza Augusta, apanhado em rede sociais)
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2021/03/bolsonaro.shtml
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Amei! Uma enciclopédia de palavras que eu desconhecia! Aliás! Todas muito bem escolhidas é muito significativas! Parabéns!