Categories: Taís Civitarese

Conhece-te a ti mesmo

Imagem de RENE RAUSCHENBERGER por Pixabay
Tais Civitarese

Se eu pudesse dar um único conselho a quem quer que seja, um único aprendizado de vida, seria esse: busque o autoconhecimento. Não é fácil, não é rápido e muitas vezes, não é possível fazê-lo sozinho. Porém, a máxima de Sócrates é a minha frase. Não há tarefa mais fundamental nessa vida.

O maior motivo para fazermos isso é não despejarmos nossas frustrações nas outras pessoas. Não imputar sobre elas culpas que são nossas. Não prejudicar alguém pelas nossas mazelas. E isso, por si só, bastaria. Porém, há outros. E um deles é encontrar onde e como nossa força única se instala. Apoiarmo-nos nela e nos tornarmos imbatíveis. Ou, pelo menos, mais resistentes.

Lembro-me das cenas de bullying que aconteciam minha escola. Um colega novato tinha todos os dias sua mochila jogada de mão em mão entre os mais “engraçadinhos” da sala. Já a teve, inclusive, pendurada no ventilador de teto. Era um ritual diário, repetitivo e angustiante. Ele mostrava-se indignado, rodava igual peru atrás da bolsa até que alguém a jogava num canto, imunda, e com a régua dentro dela quebrada. Recolhia a bolsa quieto, e ia sentar-se para o início da aula. Em silêncio.

Esse tipo de coisa é um esboço de vários tipos de violência, seja física, psicológica ou patrimonial que acontecem conosco ao longo da vida. Se não sabemos quem somos, aceitamos. Não reagimos. Algo em nós é destruído. E indiretamente, perpetuamos esses atos, que se proliferam como pragas. Se temos nossa força ao alcance, nos defendemos. Preservamos nossa dignidade, senso de justiça e auto-respeito. 

Por outro lado, saber quem somos nos ajuda a, num momento triste, modular a raiva e não piorar a vida alheia. Assumir nossos “B.O.s”, como diz a gíria, é um ato muito importante. Jogar na conta dos outros, além de ser um papelão, não resolve nada e piora o mundo. 

Portanto, o texto de hoje é para dizer isso. Um momento de reflexão diário, uma conversa franca consigo mesmo,  tudo isso é ouro ao alcance. São gestos de bem para si e para o mundo. Não custam nada e nos permitem muito. 

Deveria ser ensinado na escola, além de tanto conhecimento de mundo, a importância do conhecimento de si mesmo. De seus desejos, medos, angústias, dificuldades, qualidades e sonhos. É esse, a meu ver, o outro prato da balança que equilibra nossa caminhada pela vida.

*
Curta: Facebook / Instagram
Tais Civitarese

Share
Published by
Tais Civitarese

Recent Posts

Feliz Natal

Mário Sérgio Todos os preparativos, naquele sábado, pareciam exigir mais concentração de esforço. Afinal, havia…

14 horas ago

Natal? Gosto não!

Rosangela Maluf Gostei sim, quando era ainda criança e a magia das festas natalinas me…

21 horas ago

Natal com Gil Brother

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Com a proximidade do Natal e festas de fim de ano, já…

2 dias ago

Cores II

Peter Rossi Me pego, por curiosidade pura, pensando como as cores influenciam a nossa vida.…

2 dias ago

Corrida contra o tempo em Luxemburgo

Wander Aguiar Finalizando minha aventura pelo Caminho de Santiago, decidi parar em Luxemburgo antes de…

3 dias ago

Assumir

Como é bom ir se transformando na gente. Assumir a própria esquisitice. Sair do armário…

3 dias ago