O despertar foi com um céu azul. Da janela da suíte do hotel, podia-se avistar ao longe os vulcões Calbuco, e, um pouco mais para esquerda, o Osorno. Era um dia especial, daqueles que você não tem a dimensão mesmo com um belo despertar.
Em visita ao Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, passei pelo encantamento com os saltos de água e lagoas glaciais de cor verde esmeralda devido ao degelo das geleiras. Natureza desconhecida dos brasileiros que não viajam para lugares frios.
Sou amante da diversidade e isso inclui as cores das águas e suas fontes. Nomeio quatro belezas: o azul das águas da Gruta Azul em Capri – Itália e a do Mar de Curação – Caribe. O verde do degelo no Chile e a cor misteriosa do Rio Tapajós. Não nomearei a cor do grandioso afluente do Amazonas. Minha impressão é que são da cor do mistério da floresta. Essa se faz presente nas águas. Eles e elas são para sentir.
Estou dando personalidade às águas para ser romântica. Afinal, em dia aniversário, sonhamos e marcamos nossas celebrações. Esse ano de 2010 foi assim… Sul do Chile, região dos Lagos e Vulcões. Águas verdes.
No Vulcão Osorno tem uma estação de ski, teleférico, lojas de aluguel de roupas para a prática do esporte, restaurante e essa parafernália para o turista curtir a neve.
No dia da minha visita, 25 de maio, recebi com alegria e comemoração os primeiros flocos daquela temporada. Foi um ano que nevou muito para a felicidade da região que é envolvida com o turismo de neve. Tanto no Chile quanto na Argentina. No mesmo dia, sua chegada também era anunciada em Bariloche.
No Osorno, descobri que os vulcões possuem vários respiradores que não ficam no alto do cone e sim em partes mais baixas. Pude fazer um trekking subindo e descendo por várias trilhas do vulcão.
A foto da máscara vermelha foi tirada quando subia para parte alto do Osorno, de teleférico – o momento era mágico. Foi feita para proteger meu rosto do vento frio.
Dez anos depois… pandemia. A máscara protege sim, mas não em uma viagem – essas canceladas – com pessoas reclusas em suas casas e sem abraços.
A máscara está aí – protege do vírus! Agora ela protege e fere. Não fere somente os rostos dos profissionais de saúde. Fere também àqueles que desejam encontros, abraços e estarmos livres pelo mundo. Águas, vento, chuva, sol e neve também fazem faltas.
São dez anos entre uma foto e outra. Olhando para elas me lembro de Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Muitas coisas mudaram no mundo. Houve desenvolvimento tecnológico e meu desejo era que fossem somente para o bem. Mas não são. Passei por momentos que gostaria de riscar da minha vida. Não posso. Contudo, superei e tive a maior delícia dessa década – o nascimento do meu netinho João.
Hoje, no meio dessa pandemia, gostaria de acreditar no ser humano. Desejo contribuir para que a geração de 2030 esteja estudando e sonhando, quando esse futuro chegar.
Não vejo com bons olhos o que vivemos no Brasil. Parece que muitas pessoas tomaram uma paulada na cabeça e regrediram 40 anos. Nos dois primeiros meses da pandemia, escutei coisas bacanas e esperançosas vindas de muitos – vamos mudar. Isso pensando em direitos iguais para os humanos, meio ambiente, vivermos em paz e muitos outros bons propósitos.
Já que ficamos no cantinho do pensamento, essas reflexões estão realmente acontecendo? Passarão para ações?
A foto em 2020 foi tirada depois de constatar que mesmo com todas as explicações e orientações sobre a importância do uso da máscara, muitas pessoas andam em lugares públicos sem elas.
O que observamos é que o sujeito que já respeitava o contexto social, criando laços afetivos que incluíam o coletivo, cumprem com zelo as orientações para a saúde mundial. Aqueles que sua estrutura como sujeito já era de descaso com o outro, o mesmo descompromisso permanece.
De qualquer forma, cabe a cada um fazer sua parte e desejar um mundo melhor. Afinal, há muitas cores e águas por aí.
Saúde e paz para todos!
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