Rio de Janeiro. Como reza a tradição mineira, em janeiro eu desço as montanhas pra ver o mar – de gente. É quando rufam os tambores da batalha pelo metro quadrado de praia: eu versus o resto da população mundial de Rio, Minas e São Paulo; e os gringos.
Tendo, finalmente, conquistado um pedaço de areia, estendo a canga do verão de 1994, cheirando a mofo e a naftalina de armário, e deito-me sobre ela, sob o vasto céu azul, na cadência das ondas a quebrar. Ufa! Agora é só relaxar.
E repito comigo mesmo: não pensar em nada, não pensar em nada, não pensar… E penso nos coalas da Austrália, nos aviões que explodem por engano e nas cervejas geladas, digo, contaminadas.
Pior: penso que preciso entregar a coluna desta semana. Muito pior: assunto ruim não faltará.
Estirado na areia lotada de banhistas e de vendedores ambulantes que parecem ter caixas JBL no lugar das caixas torácicas, pego meu IPhone e começo a digitar:
Na semana passada eu comprei cervejas no supermercado e…
— OOOLHA OS ÓOOCULOS ESCUROS!! Óculos escuros aí, mineiro?
— Não. Obrigado, amigo. Não vou levar os óculos escuros, pois tenho um par deles bem em cima do meu nariz”.
Eu ia escrevendo que eu comprei cervejas e agora eu…
— Não, não. Muito obrigado, amigo. Sou alérgico a camarão”.
Retomando: comprei as cervejas e não sei se devo…
— Tá bom, amigo. Pode deixar essa amostra de amendoim aí. Mas vou logo dizendo que sou alérgico, e não vou levar”.
Volto de um mergulho no mar. E com a cabeça mais fria, recomeço o texto de onde eu mal comecei:
Na semana passada eu comprei umas cervejas no supermercado e agora eu não sei…
— Não, não, amigo. Eu já disse que não posso tatuar um Bob Marley no braço. Eu sei que é henna, que sai com uma semana, mas sou eu que não saio por aí com uma henna do Bob Marley no braço”.
— Che Guevara?
Apago tudo e começo de novo. Penso que deveria ser mais enfático. E escrevo que comprei as cervejas e que, definitivamente, eu devo…
— Não, não, amigo. Obrigado, mas não quero açaí. Nem sanduíche natural. Aliás, estou de dieta. Jejum sabático. Pode espalhar pro cara do salsichão na brasa, do peixinho na brasa, do milho na brasa, do queijinho coalho. Nada de brasa. Já basta ter de engolir esse planeta assado numa fôrma de pizza quadrada”.
Enfim, melhor voltar ao tema da coluna. Onde eu havia parado mesmo? Ah, as cervejas… E por falar nelas, olha o moço da gelada passando na praia.
— Ei, amigão! Pode descer uma aí! Uma não, umas, que eu vou tomar todas. E se eu for um mineiro de sorte, amanhã acordarei de ressaca.
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