Em terra de letras e versos brilhando nas telas dos smartphones, jornalista de barba branca e comprida até o peito é rei. E glorifica-se por ser rei em reino de cinco rainhas: a poetisa, a cronista, a psicanalista, a jornalista e até uma colunista, que traz impressões sobre lugares excêntricos e distantes.
Foi na coluna de quinta-feira que descobri um desses confins de mundo. Um vazio no meio do nada, próximo ao cafundó, na divisa com ninguém, onde não há livros, nem jornais. Mas há leitores – aos montes. Certa gente estranha, de gosto esquisito, que consome contos e poesias nos quadradinhos do Instagram, arapuca virtual utilizada para capturar leitores neófitos.
Pobre dos cativos, que não conseguem mais desgrudar dos smartphones. Não exatamente porque os textos são bons, envolventes ou empolgantes. Mas por serem excessivamente ruins. São melosos, açucarados e, de tanto sentimentalismo escorrendo pelas telas dos IPhones, os dedos pregam e não desgrudam mais. Até a famosa maçã mordida pelo Steve Jobs vira maçã doce – indigestão na certa.
Mas isso pouco importa. Pois o importante é que a sofrência literária vende igual a cerveja em festival de música sertaneja. E as editoras agora querem publicar romances inspirados em Waldick Soriano e Amado – não o Jorge, mas o Batista, aquele da música “princesa, a deusa da minha poesia…” Prefiro as rainhas.
E quem pensar que este cronista enlouqueceu de vez, acertou, digo, errou. É só buscar pelos #InstaPoetas e comprovar com os próprios olhos dietéticos. Mas cuidado. Um desses autores tem um milhão de seguidores. Não vá cair nessa.
É tanta gente estranha, de gosto esquisito, que o meu juízo reclama por sensatez. E acabei caindo neste reino do Mirante, onde os imperativos são debater e discutir, e o melhor: tem poesia – da boa.
Melhor ainda só o que tenho para anunciar — o reinado acabou! Antes, bendito fruto entre as mulheres, o rei agora divide este espaço com outro rosto sujo de barba – calva e rala, porém. Mas calma, ainda chego lá. Começarei usurpando o trono sempre aos sábados, escrevendo crônicas. Ao final, ostentarei barba de rei.
Enquanto isso, o verdadeiro rei não perde a majestade. E avisou por treze vezes – número oficial do reino – que é preciso fechar o texto até as quintas-feiras. Pois tela em branco agora é o menor dos problemas: deve-se pensar em métricas, alcances e engajamentos.
Ah, e nada de textos longos – o leitor não os lê. O que me trouxe à memória certa gente estranha, de gosto esquisito… Melhor parar por aqui, enfim. Senão descerão as guilhotinas da edição degolando palavras e até linhas inteiras. Afinal, é preciso manter o readability.
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Que rei sou eu?
Guelé, como sei e avisei, brinca com as palavras. Caro, mesmo não concordando com o "reizinho", confesso que estou me divertindo com a leitura. E relendo.
Não me surpreende, sua apresentação foi ao seu melhor estilo. Ganhamos muito com sua chegada.
Mas dividiu meu trono. Também pelas idades, vc ainda não passa de um príncipe.
Bem-vindo, querido!
Os miranteiros, como diz a Sandra (seguida por Daniella, Rosângela, Taís e Victória), ganham com sua adesão. Agora somos dois galinhos (sem conotação futebolística, por favor) ao lado de "poetisas, cronistas, psicanalistas, jornalistas e colunistas". Afinal somos todos dublê nessa vida.
Festejando a estréia do Guelé, vulgo Guilherme.