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O barato que sai caro

Foto: Imagem de TheDigitalWay por Pixabay O barato que sai caro
Victória Farias

Outro dia, estava eu despretensiosamente – como em todas as ocasiões em que as coisas não deram muito certo ao longo da minha existência (a presunção de inocência serve para isso) – decidindo se entrava ou não para o mundo dos bancos digitais. 

As propagandas, é claro, convencem pela promessa de facilidade, por diminuírem a burocracia e por dizerem que não precisamos, necessariamente, lidar frente a frente com os assustadores, persuasores e mal intencionados banqueiros.  

Pois bem. Criei uma conta em um banco online que está em alta. Nas primeiras interações, o aplicativo não parecia ser tão ruim assim.

Realmente, imprimia facilidade, embora, como já era esperado, conversar com uma máquina, mesmo que com inteligência artificial elevada, não seja lá tão legal assim. 

Mas o problema de entrar nesse mundo digital, é que uma vez dentro, qualquer inovação faz com que a antiga pareça ser do tempo da pedra. E é aí que o meu problema começa.

Conversando com amigos, descobri que existe um novo jeito de pagar conta em estabelecimentos comerciais, não sendo necessário utilizar o cartão de crédito ou débito, podendo ser realizado todo processo pelo celular. Legal, pensei.

Em um domingo chuvoso, em que o meu time de coração perdia mais uma partida do Brasileirão, decidi me inscrever nessa nova evolução.

Depois de preencher todos os meus dados e esperar a confirmação do site da financeira, recebo uma mensagem em letras garrafais, na tela do meu computador: “Conta encerrada – CPF Inválido ou Inexistente”. 

Bom, talvez eu realmente não exista, pensei em um lapso. Mas, depois disso, a dor de cabeça que foi para descobrir o por que do meu CPF aparecer como inválido, poderia fácil fácil ser substituída por horas na fila de um banco tradicional. 

Pelo menos lá, conseguimos ter um panorama de política e economia, com as pessoas mais indicadas para se discutir sobre – os brasileiros que habitam nas filas de banco. 

No final, isso tudo só serviu para me provar, mais uma vez, que, com ou sem evolução, tudo só se é resolvido de segunda à sexta, de 08h às 18h, diretamente na central de atendimento. Até os robôs – que nunca sabem de nada – folgam aos finais de semana.

Victória Farias

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