Como parte do processo criativo, existe o espaço em branco no documento word – eu poderia dizer pedaço em branco de um papel.
Mas, na pós-modernidade, quase nunca é realmente um papel, e os motivos para isso são diversos, como: “ai, que preguiça de escrever a mão” ou “alguém aí tem uma caneta?”
Para a pergunta da caneta, a resposta está se tornando cada vez mais negativa – quase ninguém mais carrega uma na bolsa ou no bolso da camisa. Não os culpo.
Além disso, no documento word, o cursor de texto – essa coisinha que fica piscando desesperadamente – é um convite a escrita.
Eu mesmo perco a paciência várias vezes olhando para ele, ainda mais quando eu não tenho nada a dizer a esse documento vazio. É como se o cursor dissesse: “oi, você não está me vendo aqui não?”
Existem dias que você não tem realmente nada a dizer, então não adianta documento em branco ou cursor desesperado que desperte alguma coisa.
Senhoras e Senhores, o bloqueio criativo está entre nós.
Para quem trabalha com a escrita diária ou com criação, o bloqueio criativo é realmente um problema, porque, às vezes, é preciso criar e desenvolver dezenas de textos e narrativas com assuntos diferentes todos os dias.
E, nesses dias, a única coisa que acontece é um acumulado de documentos abertos com títulos engraçados – acredite, não existe um bloqueio tão forte que afete até os títulos.
Uma dica para contornar a situação – que não é exatamente “controlável” – é respirar fundo, pensar em outras narrativas já desenvolvidas, e lembrar que, a qualquer momento, qualquer coisa a sua volta pode acontecer, e despertarsua percepção para um admirável mundo novo, de novo.
Mas, existem também os outros dias. Quando tantas ideias estão disponíveis, que é necessário uma disputa interna para saber qual história vem ao mundo primeiro.
Nesses dias, é necessário colocar na balança o que realmente precisa ser dito. Alguém vai sair feliz no final.
Afinal, é como diz o ditado: não se pode agradar a Gregos e Capricornianos.
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Oi Victoria.
Muito bom o seu texto.
Penso que, neste mundo pós moderno em que todo mundo tem algo a dizer sobre tudo, o silêncio é sabedoria. A página em branco também.