O Natal passou e agora se aproxima a virada do ano. Em 6 dias, iniciaremos a contagem de mais um ano no nosso calendário. Momento desejado por muitos por simbolizar renovação, esperança, fé, continuidade.
Muitos fazem “simpatias”, vestem branco e pulam ondas. Uns comem lentilha e uva passa, outros fazem promessas de dieta, de parar de fumar, de beber.
É comum fazer listas de planejamento pessoal, profissional e financeiro para os próximos 12 meses. Alguns trazem neste momento lembranças tristes, de pessoas que já partiram. Outros eternizam a data estourando champanhe, assistindo o colorido do céu pelos fogos de artifício e recebendo beijos quentes.
É um momento propício para se fazer arrumação de armários e praticar o desapego. É hora de externalizar desejos ou de secretamente escondê-los, usando roupas íntimas novas, de acordo com a cor da intenção para o ano novo.
Sempre fui adepta dos rituais, costumo até recomendá-los terapeuticamente para meus clientes. Rituais de comemoração, de conquista, de passagem, de despedida.
Independentemente das crenças que cada um de nós carrega, ele são uma forma de presentificar uma mudança, uma transformação, atribuindo significado e conectando-nos com o verdadeiro sentido das coisas.
2018 foi um ano intenso. Tivemos Copa do Mundo, eleições, greve de caminhoneiros. Para 2019, o que eu peço para mim e desejo para todos que me rodeiam é muito trabalho. Sim, muito TRABALHO. Trabalho onírico, dos sonhos, trabalho de reflexão, trabalho de luto. Trabalho não só no sentido de produção, mas no sentido de transformação de si mesmo.
Trabalho como momento oferecido à subjetividade para se testar e se realizar. Trabalho no sentido de realização profissional, de desafio, de transformação da realidade concreta e subjetiva. Trabalho no sentido de sobrevivência material, mas também no sentido de ação política e de resistência.
Independentemente da existência de uma relação de emprego e da atividade profissional, que em 2019 todos nós possamos trabalhar no sentido dejouriano da palavra. Trabalhar é, também, fazer a experiência da resistência do mundo social, o que demanda uma implicação coletiva na vontade de dar uma contribuição às condições éticas do viver junto (p.33) .
Sim, que todos possamos trabalhar, e que, no trabalho, sejamos confrontados com o fracasso, a impotência, a irritação e o sofrimento e, a partir deste desagradável afeto, possamos nos afetar mutuamente e agir. É o trabalho que permite a relação indissociável entre a subjetividade e a ação política, é nele que reside “a possibilidade de se estabelecer uma continuidade entre a vida, de uma parte, e, de outra, a cultura e a própria civilização” (p. 33).
Parafraseando um antigo professor, encerro este texto: emprego não tem muito, mas há muito trabalho a ser feito. Bom trabalho a todos!
Referência:
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