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Primeiro escalão e medidas iniciais do futuro governo mineiro

Paulo Filgueiras (UAI/EM)

Por mais que alguns poucos afirmem existir semelhanças entre os dois futuros governos, insisto e reitero que o novo governador de Minas Gerais tem mais possibilidades – e compromisso – de surpreender positivamente na administração a ser iniciada daqui uma semana.

Já disse isso, por conhecê-lo desde o seu nascimento, e agora me sinto à vontade depois do anúncio de seu primeiro escalão e outras constatações que o período pós-eleição sinalizam.

Ao contrário do presidente eleito, que também prometeu reduzir o número de nomes do primeiro escalão, Romeu Zema disse na campanha que seriam nove e chegou a onze. No governo federal, o então candidato falava em quinze e já passou de vinte.

Entre as duas a mais do governo mineiro, uma delas é indiscutivelmente justificável. Abandonou aquela ideia esdruxula de juntar meio ambiente com agricultura.

Entre os nomes, confesso que conheço poucos, porém o perfil sinaliza uma interessante tendência técnica sem – entretanto – privilegiar o privado ao público. Todos com experiência nas áreas que irão assumir a partir da posse na próxima semana. Já o ministério, diferente, traz nomes discutíveis e de comportamento questionável.

Destacaria, entre todos os anunciados por Romeu Zema, o ex-prefeito de Juiz de Fora e ex-deputado estadual e federal, Custódio Matos. Tive, especialmente no curto período que passou pela Assembleia Legislativa, boas prosas com ele.

Afável e atencioso, creio que será determinante ao bom relacionamento com os outros poderes. Situação que foi colocada em risco durante o trabalho da equipe de transição. Teve gente que não podia ver um microfone ou holofote e quase criou um desnecessário conflito antes mesmo da posse.

A recomendação, ao que sei, dada pelo governador aos novos secretários foi de evitar declarações, sobretudo polêmicas para evitar desgaste e confronto no governo que ainda nem teve início. O próprio governador eleito, após o segundo turno, tem feito poucas declarações. Vitima, talvez, de edições em suas falas, antes mesmo de assumir seu primeiro mandato público parece ter optado por mais ouvir que falar.

Divulgação CBMM

O grande e maior desafio de seu início de governo será o equilibro das contas do Estado. Depois de décadas no vermelho, agravada com o “choque de gestão” de três governos consecutivos, o Estado de Minas Gerais não consegue quitar em dia a folha de pagamento dos servidores. Salários parcelados e décimo terceiro sem previsão têm sido a rotina do desesperado servidor estadual.

Ao que sei, Romeu Zema teria dito que levaria até dois anos para colocar isso em ordem, mas otimistas colaboradores de sua surpreendente eleição acreditam que num prazo bem menor. Qual seria a mágica? A todo o momento ouvimos “uma fonte” afirmar que seria isso ou aquilo. Demissão voluntária, mas isso traria um custo alto ao Estado. As vendas da Cemig e Copasa foram descartadas. A primeira, no governo Azeredo, já fora privatizada e Itamar Franco – como governador de Minas – reverteu o processo.

Surge agora a informação da possibilidade de venda da maior jazida de nióbio do mundo, situada na minha Araxá – terra também do governador eleito – para a CBMM. Essa empresa, através de uma joint venture (empreendimento conjunto) com o governo mineiro, já explora essa mina. Ao que sei, o governo de Minas Gerais, tem uma participação de 25% dos lucros da mineradora.

Com isso, o déficit extraordinário, próximo a dez bilhões de reais por ano, atingiria o seu equilíbrio e as contas do governo poderiam ter solução. Ocorre que, também ao que sei, a CBMM com seus escritórios em vários cantos do mundo, paga e apresenta como lucro a saída do nióbio de Araxá – in natura – sendo que o grande ganho está a partir de sua venda fora das fronteiras brasileiras.

A se confirmar isso, o mais interessante – em minha modesta opinião – seria rever os termos deste contrato que vigora até 2032. Logo ali. Lembro ainda, que o governo Pimentel quis fazer essa negociação e a Assembleia Legislativa (leia-se PSDB e alguns seus fieis seguidores) travou o andamento dessa possibilidade.

E mais, que foi a Codemig, empresa do Estado e que recebe esses royalties (pagamento pelo direito de usar) quem construiu, entre tantas outras obras em Minas Gerais, a Cidade Administrativa e aquele projeto que ligou por asfalto todos os municípios mineiros.

Tudo isso nos governos dos tucanos. É muito dinheiro, que poderia e deveria ser ainda muito acima do que é repassado aos mineiros.

É um tema interessante, prometo que em janeiro – com o recesso do blog e meu pessoal – vou me aprofundar melhor no assunto.

Blogueiro

View Comments

  • Bom artigo. Fora das mesmices que têm sido publicadas elos jornais que se dizem independentes. Vamos torcer para que o futuro governo não se iguale aos anteriores; que não prometa coisas impossíveis; que traga aos eleitores verdades ainda que desagradáveis.
    O perigo ao sr. Romeu Zema é confundir administração pública com administração privada. Nesta prevalece sua vontade e suas decisões; naquela as leis que não podem ser violadas.
    Sorte nossa que venha um novo jeito de governar. Sem Aécios, sem Pimentéis, sem Anastasias.MINAS PODERÁ SER NOVAMENTE UMA LOCOMOTIVA PARA O PROGRESSO.

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