Ontem, dia 20 de Novembro, comemorou-se mais um dia da Consciência Negra, data que tem o principal objetivo a reflexão sobre a inserção social do negro no Brasil. A data coincide com o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, e também nos lembra que neste ano de 2018 completamos 130 anos de abolição da escravidão.
No entanto, não podemos esquecer que, antes disso, vivemos um período de mais de 300 anos de imigração forçada dos africanos para o Brasil, o que nos deixou uma forte herança escravocrata que foi estruturante de nossa organização sócio-histórica e que até hoje tem fortes impactos em nossa cultura, nossas instituições, nossa identidade e subjetividade.
É inegável que ainda há um longo caminho a ser trilhado no sentido do reconhecimento desta história de opressão e submissão dos negros e de superação da condição de “marginalidade” da população negra.
A desigualdade social ainda se faz presente nos diversos campos: da representatividade política, da participação e do lugar social destinado ao negro, do acesso aos direitos fundamentais tais como trabalho, saúde, educação, da vulnerabilidade, da violência física e psicológica e do preconceito racial.
O espaço aqui é pequeno para tecer toda reflexão que a temática exige – e há abaixo, nas referências, algumas sugestões de leitura e filmes que fazem, bem melhor que eu, este papel de problematização.
Então, minha mensagem para vocês leitores é para que olhemos todos, independentemente da pigmentação de pele, para o racismo que vive dentro de nós. O racismo que foi construído e cristalizado por nossa educação excludente. O racismo que faz com que reproduzamos discursos hegemônicos para garantir nossos “status quo”, que acabam por legitimar inadvertidamente a violência cultural.
O racismo que nos cega para a empatia e nos tornam indiferentes e hostis ao que é “diferente” do que aprendemos a perceber como esteticamente belo e ideologicamente dominante e correto.
O racismo que nos impede de abrirmos mão das nossas verdades e de nos reconhecermos e nos identificarmos como negros, negando as nossas raízes culturais e a própria miscigenação do nosso povo.
O racismo que define quem merece viver e quem merece morrer. O racismo que insiste em legitimar lugares e espaços de fala só para alguns e reforçar os conflitos entre emancipação e subserviência. O racismo que “opera uma seletividade entre quem tem ou não tem o direito a uma vida cidadã, entre quem deve ser preservado e protegido e quem é a vida indigna, que não merece ser vivida” (p.572).
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Mas enfim, considerações a parte, novamente aqui estamos, eu e meus dois sentimentos que de acordo com o Silveira Bueno, nada mais são que o ato de sentir, sensibilidade; paixão; finalmente, minhas livres emoções e pensamentos, sim, somos livres; enfim, caminhando lado a lado numa satisfação ainda muito maior, indizível quem sabe? Como regidos pela batuta da Verdade e Justiça, a exemplo do Maestro da Vida que comanda com olhos de amor e compaixão essa orquestra multirracial, quando de sua sublime sensibilidade do coração da alma, numa louvável exposição do grandioso valor dos "fré yo nwa" - no Crioulo Haitiano - ou irmãos negros; na apresentação do
grande valor dos irmãos negros, a comunidade negra, que indiferente ao seu colorido onde se destaca às demais, se torna o grande brilho da história; a comunidade negra que nada mais é ou possui, numa gloriosa rima inspiradora capaz de me tirar do chão e alçar voos, "A bravura de um povo lutador". A história dos negros no mundo consiste na luta em defesa da vida e da liberdade.
Fico deslumbrado e porque não dizer, de queixo caído quando pelos olhos da memória avisto nos longínquos tempos e arredores, a luta desse povo em manterem sua identidade; o DNA de sua persistência e perseverança é parte integrante da sua alma, que, por conseguinte os tem feito Vitoriosos. É! Me sinto alegre, claro! Em saber que primeiramente somos todos iguais perante o Criador, e é bom que os brancos se lembrem disso; e me revolto quando vejo que "não todos, e sim, poucos os que concordam com esse princípio"; o Criador que não faz acepção de pessoas; sejam brancos de olhos claros como negros de escuros, ou na contra-ordem, negros de escuros como brancos de claros, todos provém Dele, vivem Dele, pertencem a Ele, e a Ele será devolvido, e depois, pelo que aprendemos com eles (negros) em sua perseverança, esperança e por fim, a tão gloriosa conquista que é, ainda que meio tímida e invisível, a liberdade para com a vida como escreve
Mônica Custódio - Secretária de Política de Promoção da Igualdade Racial no dia internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial criado em memória dos mortos e feridos no massacre de Shaperville na África do Sul em Março de 1960 onde faz uma dura crítica à ONU em que, "em sua esteira da campanha de valorização dos afrodescendentes, segue o recrudescimento da política de extermínio da juventude negra" - "A história dos negros no mundo consiste na luta em defesa da vida e da liberdade" e, "Toda a historiografia negra, desde o escravismo, é marcada pela luta no direito à liberdade e à vida - a história do negro em qualquer parte do mundo é, antes de mais nada, a história de luta pela vida" e ainda, "porque a vida, e a liberdade de nossa juventude negra, IMPORTA, ressalta a secretária.
Trecho do meu livro ainda em andamento "Pés que Brilham; Cor que Alumia"
Iraldir Fagundes
Oi, iraldir!
Muito bom seu texto, hein?
Realmente datas como o dia da Consciência Negra servem pra nos lembrar realmente lembrar que: "A história dos negros no mundo consiste na luta em defesa da vida e da liberdade.".
Isso está no cerne das nossas questões sociais, que muitas vezes são escanteadas e relevadas para segundo plano. Não podemos deixar essa causa morrer.
Manda notícias de quando seu livro estiver pronto.