Enquanto montam e anunciam equipe, intenções em suas gestões, nomes para a transição, fica evidente a diferença entre um e outro novo governante do país e de Minas Gerais. Se Bolsonaro – mesmo que mais brandas – ainda insiste com declarações polêmicas, Zema – ao contrário – parece ter optado pela discrição em suas manifestações.
Ambos, notadamente entre o primeiro e segundo turno, experimentaram o veneno que suas opiniões ganham em redes sociais. Editadas ou não, toda e qualquer ideia é passível de gerar confusão acerca de sua realidade e intenção. Tanto o governo estadual e, principalmente, a administração federal são dois monstros. Só é possível compreender sua magnitude quando se assenta na cadeira que irão ocupar.
Me lembro da pegadinha numa campanha eleitoral, na qual Garotinho fez uma pergunta a Lula sobre uma contribuição denominada “CIDE” – relacionada a combustíveis -, que ganhou dimensão eleitoreira na ocasião. Agora nesta recente eleição mineira, sem a intenção de pegadinha, foi Zema vitima do não conhecimento sobre a Fundação Ezequiel Dias. A Funed é referência na área de saúde, assim como o Instituto Butantã e o Vital Brasil, em São Paulo e Rio de Janeiro.
Pois bem, passado o período eleitoral, presidente e governador agora têm a oportunidade de debruçar sobre a máquina e os problemas que terão que enfrentar em suas gestões. Bolsonaro já adiantou alguns nomes de seu primeiro escalão e, ainda que em menor escala e intensidade, ainda saboreia declarações polêmicas em eventuais discursos.
Entre os nomes anunciados, destacam-se Moro e Lorenzoni. Um algoz juiz em busca de eventuais responsabilidades de corrupção e o outro indiciado em processos de ilícitos relacionados ao mesmo tema. O juiz já antecipou seu pensar sobre o futuro colega de ministério, anunciando sua opinião que sugere o “arrependimento e pedido de desculpas” como álibi e salvo conduto para assumir o cargo.
Enquanto isso, aqui em Minas Gerais, com exceção dos nomes para a equipe de transição, nada, além disso, sequer é objeto de especulações. Nesta semana, em reunião entre presidente e governadores eleitos, Zema optou por evitar entrevistas. O diagnóstico mineiro é apavorante, com problemas no repasse de recursos constitucionalmente devido aos municípios e atraso na folha de pagamento dos servidores estaduais.
O governador eleito já manifestou que os cinco membros da equipe de transição não estarão no primeiro escalão de seu governo. E mais, que o preenchimento de cargos de absoluta confiança serão através de processo seletivo e ainda a fusão de algumas secretarias.
É uma metodologia de vanguarda e que não assegura sua eficácia, porém não deixa de ser inovador. Ao que soube, o partido do governador eleito, tem entre suas normas limitar reeleição e não permitir afastamento do mandato para exercer cargos comissionados.
Sabidamente, ao longo dos tempos, para se montar bancada de apoio no Legislativo (leia-se, governabilidade), os chefes de Executivo brindam partidos com determinadas pastas entre parlamentares eleitos para abrir vagas aos suplentes. Fico curioso como será essa nova maneira de governar, uma vez que ensejará em mudanças de comportamento daqui para frente.
E outra, já que aparentemente Zema tem optado por evitar declarações que possam gerar especulações, como vai imprimir isso em seu governo? Entre suas pessoas de confiança, há quem se mostre aberto e disposto a não passar incólume diante de um holofote.
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