Se no Brasil o segundo turno reserva uma disputa direta entre a esquerda e a direita, no caso mineiro a nova eleição será decidida entre dois candidatos conservadores. Apesar da presença do senador e ex-governador Anastásia e ainda de Dória – em São Paulo – para essa fase das eleições, o PSDB praticamente foi banido do quadro eleitoral brasileiro.
O representante da direita foi ungido, criado e cresceu graças à ação dos tucanos nos tempos recentes. Cresceu tanto que engoliu esse contingente de eleitores conservadores e, por pouco, não leva a eleição já no primeiro turno. No caso mineiro, a gestão apagada e questionável do governador Pimentel, abriu espaço para uma quase desacreditada candidatura num partido nanico.
No caso mineiro, agora é hora de atrair o eleitor progressista a somar com suas propostas conservadoras. Acredito que, neste caso, o candidato Romeu Zema leva vantagem.
Inicialmente, pela rivalidade entre PSDB e PT no Estado. A troca de farpas entre Anastásia e Pimentel, seguramente, é empecilho para tentar atrair os militantes petistas. Já o Zema, que parecia neófito e se mostrou diferente disso, tem a seu favor o anti-tucanismo e a tendência do eleitor mineiro em querer algo diferente à frente do governo do Estado.
Já disse aqui, logo no início desta caminhada dos candidatos, que o conheço e faz muitos anos, até por ligações familiares. Ao contrário do que a campanha do seu agora concorrente direto tentou passar ao eleitorado no primeiro turno, Romeu sempre foi dedicado ao seu trabalho e ao grupo construído por seu pai. Foi determinante na expansão dos negócios, notadamente na rede de lojas e na bandeira de combustível.
Diferente do que os vídeos trazidos às redes sociais pelos simpatizantes do ex-governador, ele sempre foi dedicado aos estudos e trabalho. E ainda, também desmentindo a mesma tentativa, a empresa sempre foi destaque como dos melhores lugares para se trabalhar. Diante disso, acredito, que não será fácil aos tucanos desconstruírem essa larga vantagem já conquistada no primeiro turno e com a possibilidade de arrebanhar o eleitorado que esteve com Pimentel. Independente da manifestação de apoio do governador e de sua legenda.
Já a eleição federal, um pouco diferente, trará ao debate duas propostas antagônicas de governo. Entendo que Bolsonaro deverá aparecer agora mais afável, sem poder evitar debates, diferente daquele estilo agressivo que optou até o momento. Fugir das propostas malucas de seu vice, como o fim do décimo terceiro salário.
Por outro lado, a campanha de Haddad, irá tentar desconstruir o sentimento anti-PT, tão perceptível entre os brasileiros. Afastar, na medida do possível, das declarações de um Zé Dirceu e até mesmo de temas polêmicos trazidos pelo candidato e sua vice ao debate no momento que cresciam nas pesquisas.
Enfim, tanto lá quanto cá, é outra campanha. Agora, os tempos de TV são iguais e os debates serão entre apenas os concorrentes. Aqui em Minas Gerais, Antônio Anastásia vai insistir na sua experiência no cargo e Romeu Zema na necessidade de oxigenar e acabar com os políticos tradicionais. Já o debate nacional será entre as propostas de acabar com a corrupção e segurança – ainda que armasse a população – e políticas públicas de atendimento à população, como foram os programas assistenciais dos governos petistas.
É, reafirmo, outra eleição e tudo começa do zero. As primeiras pesquisas ainda irão mostrar a ressaca do primeiro turno. Só depois de pelo menos metade desse período que os números serão mais reais. Se bem que, os dois principais institutos de pesquisa, erraram feio nas eleições de Minas Gerais.
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