O triste incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e o ataque insano de um fanático religioso ontem ao candidato Bolsonaro, parecem dar o tom de uma triste campanha eleitoral. Dois eventos lamentáveis, que ao invés de trazer a uma reflexão sobre os últimos tempos, colocam mais lenha numa fogueira acesa sob o radicalismo que tem conduzido o Brasil de tempos para cá.
O Museu, que abrigava algo em torno de 20 milhões de peças, foi totalmente transformado em pó pelas chamas do último domingo. Em poucas horas, foram queimadas mais de 200 anos de história, a promoção da ciência, educação e cultura. Pois, em meio ao estado de choque dos brasileiros, grupos radicais envolvidos com candidaturas à sucessão presidencial se ocuparam em trocar farpas e acusações sobre a responsabilidade daquela tragédia. Perdemos todos, mas teve quem quisesse tirar proveito da situação.
Ontem, no meio da tarde, o Brasil – que não está dando a importância devida às eleições – é surpreendido pelo ataque de um fanático religioso ao candidato Bolsonaro. Quando sequer se tinha informações acerca do lamentável incidente, os mesmos grupos já se ocupavam em julgar e apontar responsáveis. O preso, inicialmente dado como suspeito, já tinha sido dado como filiado a partido tal e até mesmo coordenador de determinada campanha majoritária. Fake news.
Num primeiro instante, eu que não sou eleitor do candidato, me lembrei da declaração do próprio candidato – no Acre – dias atrás. Lá, teria dito que vai “metralhar” setores que lhe fazem oposição. Cheguei a imaginar que, motivado pelo próprio candidato, um maluco se viu autorizado a fazer o mesmo que Bolsonaro anunciou em sua visita de campanha naquele Estado. Depois passei a acompanhar estarrecido sobre a repercussão e ameaças decorrentes do fato triste ocorrido em Juiz de Fora.
Já tenho minha leitura e opinião pessoal a respeito, mas em respeito ao leitor, vou me reservar da manifestação. Cada um tem sua interpretação e, nada me sugere querer interferir no que é do outro. Têm exatos oito anos, que também numa campanha também presidencial, determinado candidato foi atingido por uma bolinha de papel e tentou fazer do episódio um ataque dos adversários.
Longe de querer fazer analogia com o fato de ontem, mas as imagens do momento e a sequência delas, quando se retirava o candidato para ser atendido, não sugerem muito do que vem sendo divulgado. Preocupa-me, na verdade, quais seriam os maiores interessados neste clima de hostilidade que expõem a todos nós brasileiros.
As eleições, a meu juízo, caminham para um nível perigoso de radicalização, colocando em risco até sua realização. Não posso crer, como algumas postagens sugerem, que o fato teria sido feito – ou que seja valorizado – pelo comando da campanha do ex-militar à presidência da República. Seria muito tosco pensar que alguém no comando de uma sucessão presidencial utilizasse esse tipo de apelo eleitoral. As propostas, enquanto isso, ficam relegadas ao esquecimento.
Desanimador para quem pensava que as eleições definiriam a escolha da população sobre quais rumos e programas aprovam para o nosso futuro. A insanidade do autor, ao que li, é confirmada por pessoas próximas a ele próprio. Entendo que o momento é de solidarizar com as verdadeiras vitimas do atentado, diferente – por exemplo – da reação recente quando uma caravana de candidato foi alvejada no Paraná.
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