A alimentação é muito mais que um mero processo nutricional. A experiência alimentar é construída familiar e socialmente, sendo que a comida tem diversas representações para cada pessoa. Ela envolve afetos, rituais sociais, sistemas simbólicos e subjetivos de recompensa.
Por isso, muitas vezes, o processo de emagrecimento pode se tornar difícil, lento e frustrante. São comuns o “efeito sanfona” e as dietas “milagrosas” que só fazem aumentar a sensação de frustração e fracasso. A cobrança social e das mídias para se ter um corpo magro reforçam um ideal estético muitas vezes conflitantes com os ideais de saúde.
Nesta perspectiva, o primeiro passo antes de iniciar uma dieta é aprender a diferenciar o “comer por fome” e o “comer emocional”. Na verdade, poucas são as vezes que comemos puramente pelo estímulo biológico (a fome propriamente dita).
Somos levados a comer muito mais por estímulos emocionais (o comer por raiva, ansiedade, frustração, estresse), estímulos mentais (o comer por lembrar de um alimento ou comida gostosa ou por se imaginar comendo) e estímulos sociais (comer em momentos que a presença do outro incentiva a alimentação). É muito comum nos alimentarmos para aliviar o estresse, para compensar o dia puxado, para nos sentirmos reconfortados e até socialmente incluídos.
O segundo passo ao iniciar uma dieta é ter a noção de um prazo mais longo. Costumo dizer para meus clientes que eles não acordaram 20 quilos mais pesados de um dia para o outro. Geralmente o ganho de peso acontece de forma gradual. Assim, é preciso planejar uma perda também gradual e que perdure no tempo. Para os estudiosos da área, um dos principais erros das dietas é interromper a dieta assim que emagrece um pouco.
Por fim é fundamental desenvolver, paralelamente ao acompanhamento nutricional e ao programa de atividades físicas, o suporte psicológico com foco na flexibilização cognitiva. Vemos, com certa frequência, que os principais sabotadores das dietas são os pensamentos “gordos” e disfuncionais em relação à alimentação e ao processo de emagrecimento. Pensamentos como: “É muito difícil fazer dieta”, “Eu não tenho autocontrole”, “Eu tenho que emagrecer 10 quilos em uma semana”, “É pecado jogar comida fora”, podem e devem ser trabalhados em psicoterapia para aumentar a chance de sucesso no emagrecimento. A isso chamo de “emagrecer a mente”.
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