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O país que eu quero

Foto: UAI | EM

Diria que é quase uma unanimidade ler e ouvir que o “Brasil que queremos é sem preconceito, com igualdade e justiça social” e por aí vai em um monte de postagens que estão distantes do que assistimos. “Falar é fácil, agir dessa maneira é difícil”, ao que presenciamos. E falo por mim, pois muitas vezes me flagro traindo aquilo que tanto prego e acredito.

As mudanças, como disse aqui na sexta-feira última, têm de começar dentro de nós mesmos. A mudança de hábitos e comportamentos enraizados em nossa cultura exige disposição e vontade, aliado a tempo para sua aplicação no nosso cotidiano. Isso em sentido amplo. Considerando que a TV não ajuda, ao contrário manipula, temos de reagir de dentro pra fora.

Ocorre que o exemplo deveria vir de cima, o que nunca acontece. Imagine um poder público eficiente para atender aos anseios da comunidade, como é para aplicar penalidades. Só para dar um exemplo simplista. A notificação e logo depois a multa por trafegar acima da velocidade – ainda que pouco além do permitido – numa estrada ou qualquer via pública e num trecho todo cheio de buraco, chega no nosso endereço seguramente mais rápido que o velocimetro marcava na ocasião.

Ou, ainda numa situação similar de viagem, trafegar – distraidamente – com o farol desligado durante o dia. Em poucos dias será notificado. No primeiro caso, embora a sinalização seja ineficiente, a questão da velocidade já deveria ter sido introjetada em nosso comportamento, mas o uso do farol é recente e não houve campanha educativa eficaz. Entretanto, a ânsia de arrecadar e penalizar o cidadão sempre falou mais alto.

Estou, sei que esse amadurecimento é lento, optando por abdicar do uso de carro. São muitos os inconvenientes e dissabores. Seguro na ordem de dois mil reais anuais, mesmo considerando que tenho o bônus máximo; IPVA e taxas em valores similares ao anterior. Combustível caro e achacador (tem dois anos que tinha gente dando piti nos postos pelo valor em torno de dois reais, agora já tá em cinco e essa gente sumiu); pneus, estacionamento insuficiente nas ruas e caríssimos quando encontrados; motoqueiros que arranham o carro e quebram retrovisores sem qualquer constrangimento e nem se dão conta do prejuízo aos motoristas e uma infinidade de contragosto.

Foto: UAI | EM

Se temos opções de transporte, com esses novos aplicativos, à disposição com valores razoáveis, pra que ficar correndo riscos e raivas pelas vias públicas em detrimento do nosso bem estar? Estou disposto a fazer essa experiência, ressabiado e inseguro com o resultado. Tudo isso, como disse acima, pela questão cultural que a vida nos impõe. Ter um carro sempre foi o sonho e desejo de todo adolescente. O primeiro que tive, registre que não foi meu pai quem me deu, tive de abdicar de outros desejos para poder comprar um fusquinha em 1978.

Depois vieram outros, sempre com algum sacrifício, até chegar a essa condição que coloco em xeque a validade de ter ou não carro para circular no dia a dia. Tivéssemos serviço público descente, como em outros países e na nossa Belo Horizonte, como até São Paulo, Rio de Janeiro e algumas outras capitais, certamente essa transição seria mais fácil. Ocorre que, o país e a cidade que eu quero, está muito longe da eficiência do poder público que dispomos.

Se a prestação de serviço tanto eficiente como nas penalizações quanto no atendimento das necessidades básicas – transporte, saúde, educação, segurança e tantos outros itens ignorados pelos governos federal, estadual e municipal – fosse decente seríamos os brasileiros o povo mais feliz deste planeta. Com toda inoperância e descaso, não perdemos a alegria e irreverência que contagia a todo o mundo. Merecíamos melhor sorte!

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