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A mudança tem de começar dentro de nós

Foto: UAI | EM

Somos excepcionais em condenar privilégios de terceiros. Sejam, especialmente os políticos, principalmente nos últimos tempos que elegemos – não de forma espontânea e sim pelo que estamos acompanhando -, como aquilo que nos faz ver a “grama do vizinho melhor que a nossa”. Neste caso, atribuímos aos mais variados motivos condenáveis, o fato do outro ter se empenhado e dedicado para conseguir aquilo que nos incomoda.

Falo isso de maneira generalizada, ao que sinto no dia a dia. Raros são os comentários que não vem carregados de ódio pela condição dos outros, que acabam causando uma indisfarçável inquietação da parte de quem registra negativamente a condição de terceiros.

“Deve estar roubando”, “como pode ter conseguido isso, se nunca o vi trabalhando duro”, “herança dele ou do cônjuge” e por aí vai afora.

Poucos sentam no próprio rabo e, como disse, generalizam a condição de desconforto que incomoda. Creio, sem qualquer tipo de pesquisa mais aprofundada e nem mesmo consultar especialista de comportamento, que a conduta das “autoridades” conduz tanto a pequenos privilégios quanto a questionar aquilo que incomoda ver em outras pessoas.

Nem vou entrar aqui no mérito dos ocupantes de cargos eletivos, que se registre são eleitos com os nossos votos e ainda espelham exatamente a nossa comunidade.

Se elegemos alguém que acaba por causar decepção, pode ter certeza que o valor de seu voto teve exatamente o mesmo peso e medida daqueles que chegaram ao Congresso, Assembleias e Câmara ou ainda na Presidência, Governo de Estado e Prefeitura. Vale dizer, os políticos são o espelho da sociedade. Voto é a nossa única ferramenta, depois de depositado na urna (eletrônica ou não) tem de esperar a próxima eleição.

Foto: Arquivo pessoal

Fosse apenas essa classe, mas como dissemos no início, nós mesmos repetimos esse tipo de ação a todo instante e outras autoridades – cada uma no seu posto – da mesma maneira.

Vejamos. Dias atrás, registrei aqui  sobre a falta de urbanidade e respeito com o direito do próximo. Contei sobre fazer academia num tradicional clube social de Belo Horizonte.

Na ocasião, com o fato registrado, foram prometidas ações internas para evitar esse tipo de situação. Pois, passado mais de um mês, tudo “continua com dantes no quartel de Abrantes”.

A única novidade foi saber que a autora do fato é filha de ex-diretor do clube e ela mesma agora ocupa também uma diretoria. O exemplo não é o melhor.

Noutra oportunidade, aqui também neste blog, comentei sobre a questão dos espaços para estacionamento de veículo na cidade. Não bastasse a sinalização que deixa a desejar, é comum ver carros de patrulhamento sobre as calçadas. Dependendo da situação, claro que se justifica, mas na Rua Grão Mogol, próximo a uma famosa padaria e supermercado, quando os oficiais estão em almoço é um péssimo exemplo.

Daí, o cidadão se sente no direito de – igualmente – se utilizar deste espaço para dar uma “corridinha” e deixar uma encomenda na portaria de um prédio. É, pois, se ele se atrever em reclamar, o mais provável é de ser até recolhido sob algum possível enquadramento, lícito ou não.

Para passar tudo isso a limpo e tentar iniciar uma nova realidade é preciso recorrer à reflexão pessoal e anular esses nossos pequenos deslizes diários.

Desde fila dupla, furar um sinal, estacionar sem talão ou preenchê-lo com horário incorreto para ganhar um tempo, até mesmo furar fila de qualquer natureza e outros pequenos “delitos” que não achamos condenáveis. Mas são iguais – embora de menor grandeza – que aqueles fatos que tanto nos deixam escandalizados.

Enfim, se queremos um Brasil melhor, temos de começar conosco e no nosso entorno. Não é acreditando em tudo que lemos e – principalmente – assistimos. É necessário saber receber a informação e fazer um filtro em tudo isso. Nem sempre o Brasil que queremos é o país que interessa a quem manipula a opinião pública. Sejamos críticos, sem a pretensão de repetir aquilo que nos enfiam goela abaixo.

Não se justifica, por exemplo, dar um tapa na cara de qualquer figura pública, simplesmente por se opor ao que essa pessoa representa.

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