Em geral, trabalho e aposentadoria são termos utilizados com sentido de contraste, um significando oposição ao outro. Enquanto o trabalho carrega em si noções positivas de produtividade, competência, autonomia, atividade, identidade, a aposentadoria traz em seu significado representações negativas relacionadas à inatividade, à improdutividade, à vulnerabilidade, à inutilidade, à solidão, às doenças e à própria velhice.
A perda do vínculo formal de trabalho pela aposentadoria modifica as relações instituídas entre o indivíduo e o sistema social. A aposentadoria traz perdas significativas, sejam de ordem objetiva, sejam de ordem subjetiva (perda do “status”de pertencer a uma organização, do poder de exercer influência sobre os outros, da própria rotina enquanto referencial de existência).
Há que se considerar que hoje estamos imersos numa cultura de “hipervalorização” do trabalho, sendo que a atividade profissional é exaltada como único meio possível de se “existir”, deixando à margem aqueles que não trabalham, seja por condição de desemprego, seja por aposentadoria.
As culturas organizacionais insistem em colocar as empresas como principal fonte identitária para os sujeitos, fazendo com que os valores organizacionais passem a ser cultuados como únicos objetivos de vida. Além disso, é preciso destacar também que estamos imersos numa cultura que não aceita o passar do tempo e o nega a todo momento. Somente as imagens da juventude são evocadas e reforçadas socialmente. Neste contexto, há uma “desvalorização” daquele que é velho e da própria velhice, não havendo espaço para aqueles que “não produzem”.
No entanto, é preciso que lacemos um olhar crítico sobre este cenário. O trabalho não é unicamente positivo e tampouco a aposentadoria é somente negativa. Há diversos contextos em que a organização do trabalho torna a atividade profissional precária, esvaziada, sem sentido, alienada. Assim como são inúmeros os exemplos de realização, libertação e conquista de sentido na aposentadoria.
Dessa forma, a aposentadoria deve ser pensada como um benefício social adquirido ao longo da história e não como a cessação pura e simples do trabalho e imersão numa condição de “inatividade”. Estar em atividade é uma possibilidade permanente de realização da própria existência .
Daniela Piroli Cabral
Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Voo, Voa, avua, Rasgando o céu, Voo no deslize. Voo, Avua, Rasgando…
Daniela Piroli Cabral contato@dnaielapiroli.com.br Hoje, dia 20 de Novembro, comemora-se mais um dia da Consciência…
Eduardo de Ávila Assistimos, com muita tristeza, à busca de visibilidade a qualquer preço. Através…
Silvia Ribeiro Nas minhas adultices sempre procurei desvendar o processo de "merecimento", e encontrei muitos…
Mário Sérgio Já era esperado. A chuvarada que cai foi prevista pelo serviço de meteorologia…
View Comments
Entendo a aposentadoria como algo positivo, pois é a oportunidade que tem o indivíduo de realizar objetivos e atividades que não pôde durante o período laboral. Para muitos, uma nova atividade profissional, um hobby, viagens, novos negócios, para outros, ter mais tempo para a família e os amigos.
No entanto, as empresas desvalorizam o profissional idoso, apesar de sua experiência. Quem estiver desempregado na idade da aposentadoria dificilmente encontrará emprego. Incoerente, não?
O medo da aposentadoria está no medo da queda de padrão de vida, já que o salário terá uma perda altamente significativa. Isso representa muito em nossas cabeças, pois a sensação de que nossa produção é ínfima nos faz abandonar a ideia da aposentadoria.
Também, temos que contar que as regalias e mimos serão quase extintos e, em muitos casos, há a necessidade da ajuda de outras pessoas, principalmente dos filhos, o que é muito deprimente e traz muita tristeza ao idoso.