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Nativismo e a Seleção Brasileira

Foto: UAI/EM

Diante de tantas copas que já acompanhei, essa atual me traz duas constatações. A primeira é que os confrontos da seleção nunca foram tão fáceis como nesta campanha na Rússia e a outra é que jamais vi tanto desinteresse dos brasileiros com a nossa seleção. Tento entender, especialmente a segunda, pois é perceptível que o futebol arte deu lugar a esquemas táticos e preparação física. A primeira Copa que acompanhei, em 1970, era muito diferente. O próprio time brasileiro era praticamente todo formado por craques, tanto que quatro jogadores com as mesmas funções nos seus times, tiveram lugar na equipe principal.

Pelé, o eterno; Tostão, o jogador e não o comentarista tendencioso; Gérson, igualmente gênio só em campo; e ainda Rivelino, um maestro no time e na canarinho. Todos se ajustaram em busca do tri. Ainda tinham outros que atuaram fora de suas posições como Jairzinho, centro avante no clube e camisa 7 no Brasil; também Piazza, volante que jogou como quarto-zagueiro. Se naquela ocasião sobravam nomes, hoje não podemos dizer o mesmo. A meu ver, eles e até Paulo César Caju – que era reserva – superam a estrela do time atual.

Quem acompanhou a seleção naquela época tem a alegria de lembrar como a caminhada de 1970 foi brilhante. Seis jogos e seis vitórias, todas convincentes, embora duas bem apertadas: sobre a Inglaterra (1 a 0) e Romênia (3 a 2). Agora, até o momento, vimos quatro jogos. Com exceção do primeiro, que empatamos, os demais foram vitórias – todas por dois a zero – sendo a Costa Rica a seleção que deu mais trabalho. Sérvia e México nem coçaram. Além disso, concorrentes fortes como Itália e Holanda sequer foram à Rússia; já a Alemanha não passou da primeira fase; Argentina e Espanha capitularam nas oitavas de finais.

A partir de hoje, com o início das quartas de finais, jogamos rumo às semifinais. Bem cedinho, França e Uruguai decidem o adversário do Brasil no futuro. Longe de querer desdenhar da Bélgica, que vem mostrando muita qualidade, mas arrisco dizer que vamos avançar, chegar na final e conquistar o sexto título mundial.

Vejamos: nos oito jogos das oitavas, em todos – com exceção da vitória do Brasil – foram partidas complicadas. França superou a Argentina (4 a 3), talvez no jogo mais emocionante da Copa até agora, com virada, revirada e sufoco nos instantes finais. Uruguai passou por Portugal com vitória apertada por dois a um. No chaveamento do Brasil, que passeou em cima do México, a Bélgica depois de tomar dois gols, foi em busca do resultado e virou em três a dois, nos acréscimos.

Foto: UAI/EM

Da outra banda, de onde sairá o outro finalista, a Rússia superou a favorita Espanha nas penalidades, com duas defesas – notadamente a última – com enredo histórico para o mundo. Igualmente, a Croácia passou pela Dinamarca. O goleiro dinamarquês assegurou o empate, defendendo uma penalidade. Na disputa da marca do pênalti, voltou a brilhar com duas defesas, insuficientes para superar as três penalidades defendidas pelo arqueiro croata.

E tome emoção! No jogo aparentemente morno entre Suécia e Suíça, o 1 a 0 apertado a favor dos suecos, por pouco levaria à prorrogação e talvez mais penalidades. Eles conseguiram segurar o placar mínimo e a vaga. Já a Inglaterra, que da mesma forma encaminhava sua classificação, passou por momentos de turbulência. A Colômbia empatou aos 48 minutos do segundo tempo e só capitulou nas penalidades. Haja emoção!

Como percebemos, apenas o Brasil vem tendo folga nos placares, aliado a – entre os principais – ser o único candidato com favoritismo que permanece na competição. Nem assim, com as portas do hexa se escancarando à nossa frente, o torcedor brasileiro demonstra o entusiasmo de outras ocasiões. Tampouco percebe-se nas ruas – exceção nos dias e horários dos jogos do Brasil – aquela multidão com a camisa da CBF. Seria o descrédito da entidade junto ao torcedor ou qual fenômeno estaria por trás de tudo isso? Até então, em todas as Copas, o Brasil parava para acompanhar a seleção canarinho.

Enfim, passando hoje, que venha França ou Uruguai – que decidem mais cedo a vaga – nas semifinais. Sem querer parafrasear time carioca, mas sinto o “cheirinho” de hexa no ar. Que assim seja, sem que isso nos tire o rumo e o desejo de uma grande e profunda renovação daqui noventa dias. Seria essa a causa da camisa amarelinha, ultrajada pelas ruas recentemente, ter provocado essa total apatia com a Copa do Mundo de 2018?

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