Categories: Sem categoria

O torcedor brasileiro começa a comprar a Copa do Mundo

Imagem: UAI/EM

Aos poucos, ainda que muito distante do que já presenciei, a Copa do Mundo vai motivando o torcedor brasileiro. Não tenho qualquer qualificação em comportamento humano, o que não me impede de especular e até devanear sobre as razões que levam as pessoas a reagir – solitariamente ou em grupos – às diferentes situações e provocações de cada momento.

Dias atrás, aqui neste espaço, comentávamos sobre o desinteresse dos brasileiros com a Seleção. Foram três jogos, um empate e duas vitórias, sendo que só a última partida foi convincente para mudar o astral e o desejo pelo hexa.

No primeiro jogo, totalmente sem aquele clima e ambiente que sempre caracterizaram a torcida brasileira, um empate melancólico que frustrou aos que demonstravam entusiasmo. Depois, uma vitória, conquistada ao final da partida, frente à frágil Costa Rica (embora, em 2014, esse país tenha brilhado e até eliminado Itália e Inglaterra).

Já na última e decisiva partida, que sugere que se faça um estudo filosófico e psicológico, o torcedor mostrou a cara. O movimento pelas ruas foi mais intenso, até a comemoração – embora longe das campanhas anteriores – começou a ganhar espaço, e o sentimento nacionalista parece recuperar o seu lugar.

Não sei se os recentes embates políticos e econômicos, que dividiram o Brasil ao meio, tenham alguma influência. Fato é que o comportamento do torcedor ainda é muito distante das Copas passadas. Vencidas ou não! Lembro-me de a partir da Copa de 1970. De lá para cá, acompanhei todas, sendo que a última, por ter sido no Brasil, seguramente embalou nossa paixão futebolística.

Imagem: UAI/EM

Esta é a 21ª Copa do Mundo. Como disse, acompanhei 13 delas, entre as quais o Brasil se sagrou campeão três vezes, do total de cinco conquistas. E continuaremos sendo o país com o maior número de títulos, pois Alemanha e Itália – com quatro cada – não levantam o caneco na Rússia. A primeira, campeã em 2014, foi um verdadeiro vexame e segurou a lanterna do seu grupo. Já a Itália, sequer esteve no torneio.

Seguem: Argentina e Uruguai, com dois títulos cada (ambos da América do Sul) e os europeus Inglaterra, França e Espanha. Entre os países subsequentes, apenas quatro são sul-americanos, um único asiático, outro da América Central e dez europeus. Eram 14 do velho continente, ainda seguem dez. Éramos cinco daqui da América do Sul, seguimos em quatro.

Indiscutivelmente, os europeus, seja pelo seu poderio econômico e até mesmo sua história, predominam no esporte. Entretanto, ao longo das 20 copas anteriores, os sul-americanos somam nove conquistas contra 11 dos europeus. Aliado a isso, posso admitir que a possibilidade de o Brasil não ser alcançado por outro país e ainda – sem discutir se remota ou real – se distanciar dos concorrentes, pode ter influenciado nessa mudança de comportamento. Se é que ela existe ou existiu.

Ao que sinto, o brasileiro perdeu muito o encanto com o futebol, e quando assim demonstra, opta pelo seu time do coração. Nas seleções de outrora, além dos jogadores todos atuarem no Brasil, existia uma maior identificação com o torcedor.

E mais, quem viu a seleção de 1970, sabe que seguramente tínhamos – individualmente – mais da metade daquele time formado por jogadores mais qualificados que qualquer das estrelas atuais. Quem viu Pelé, Tostão, Rivelino, Gerson, Jairzinho e outras feras atuar, não teria olhos para jogador-estrela que está mais para dramaturgia.

Enfim, com ou sem teatro, o Brasil pode avançar confortavelmente ainda nesta Copa do Mundo de 2018!

Blogueiro

View Comments

  • Meu amigo Ávila, Seguindo na linha reta, não será nessa armadilha que buscarei o refúgio dos inseguros. ? A seleção não me representa e muito menos representa milhões de brasileiros insatisfeitos com o que foi posto!! Há muito, muito o que Temer, meu amigo Ávila!!

Recent Posts

Dezembriar

Silvia Ribeiro Então é dezembro. Hora de pegar a caderneta e fazer as contas. Será…

4 horas ago

Feliz Natal

Mário Sérgio Todos os preparativos, naquele sábado, pareciam exigir mais concentração de esforço. Afinal, havia…

22 horas ago

Natal? Gosto não!

Rosangela Maluf Gostei sim, quando era ainda criança e a magia das festas natalinas me…

1 dia ago

Natal com Gil Brother

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Com a proximidade do Natal e festas de fim de ano, já…

2 dias ago

Cores II

Peter Rossi Me pego, por curiosidade pura, pensando como as cores influenciam a nossa vida.…

2 dias ago

Corrida contra o tempo em Luxemburgo

Wander Aguiar Finalizando minha aventura pelo Caminho de Santiago, decidi parar em Luxemburgo antes de…

3 dias ago