Foram dias de muito sufoco para todos nós. Na noite em que a “emissora oficial do Brasil” anunciou a corrida aos postos de gasolina, começou a inquietação. Eu voltava de um evento da Prefeitura de Belo Horizonte, abertura do Campeonato de Futebol Amador (atuo como auditor lá e na Copa Itatiaia já há alguns anos) e notei enormes filas nos postos. Como, por acaso e sorte, havia completado o tanque naquela tarde, apenas avisei a algumas pessoas próximas do que estava acontecendo. Nem todas seguiram meu sinal, com isso, alguns passaram o período – como eu – rodando apenas o necessário e outros deixaram carros na garagem.
Seguindo a isso, começou a ameaça de desabastecimento em outros setores. Aí, começa outra correria. Os verdadeiros responsáveis, aproveitando do pânico quase que generalizado da situação, começaram a transferir responsabilidades. Minas Gerais, no caso da gasolina, tinha uma alíquota de 29%, que foi elevada a 31%. O governo federal, tentando se eximir de sua enorme e principal parcela na situação, jogou nas costas do executivo mineiro a culpa, durante evento em Belo Horizonte. Isso em retaliação ao governador de Minas, que havia cutucado o presidente.
De quem é a culpa, todos nós sabemos. De todos eles! Quem paga a conta, na verdade, somos nós que precisamos do combustível, do transporte público, do supermercado… Enquanto um jogava a culpa no outro, assistimos aos desacertos dos governantes.
Agora, ao que parece, a situação está se normalizando. Fica como resultado disso o desenfreado aumento em todos os itens da nossa economia pessoal e doméstica. Com o desconforto causado, brasileiramente, vamos nos divertindo. As frenéticas filas nos postos de gasolina acabaram mudando o perfil e o dia a dia das cidades. Belo Horizonte, que já tem um trânsito caótico, passou a viver dias ainda mais confusos com as filas quilométricas em busca de combustível.
No transporte coletivo, outro caos. Raramente ando de ônibus. Coincidentemente, tive que deixar meu carro, reparo leve e já agendado, três dias fora de circulação. Uma triste coincidência, pois estava – excepcionalmente – delicioso andar pelas ruas vazias da cidade. Pior ainda, pegar ônibus para meus trajetos. Num deles, da minha residência ao trabalho, tinha mais gente que décadas atrás quando tomava coletivo para ir ao Mineirão saindo do centro da cidade. Onde deveria caber 60 pessoas, tinha 100.
Num outro trajeto, consegui entrar no veículo à duras penas, mas quando cheguei à roleta, uma surpresa. A moça assentada não era trocadora e naquele tipo de coletivo deveria pagar ao motorista. Já tinha passado por ele, que nada me disse. Então, tive de retornar embaraçado no meio de tanta gente e evitar calotear a empresa. Nos dois casos, a explicação que circulou entre os passageiros dava conta de que – embora anunciada a volta dos horários normais – as empresas estavam se valendo da situação para diminuir as viagens.
Se lá no nascedouro desse movimento, a paralisação dos caminhoneiros, ficou evidente o maior interesse de grandes empresários que dos motoristas, ao que parece, o único a pagar a conta foi o povão mesmo. Sem combustível e sem comida, consequentemente, sem condução e até com racionamento no estômago, e ainda temos que aguentar a sequela dos aumentos.
Resumidamente, quem paga a conta não é o governo de Estado, não é a União, tampouco os municípios, pois as receitas públicas não serão afetadas ao final de todo este imbróglio. Vamos todos, com nosso sacrifício pessoal, pagar pelo que não temos culpa. A má gestão está nos Poderes e não aqui na prateleira de baixo.
Até quando?
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O pior disso tudo amigo, é vermos pessoas amigas e parentes brigando defendendo esse ou aquele partido, quando na verdade não tem diferença um do outro, porque nenhum tem coragem de propor medidas para redução de mordomias que existem em todos os poderes, e também redução de cargos eletivos.
Discordo totalmente da afirmação: "De quem é a culpa, todos nós sabemos. De todos eles!".
A culpa é nossa, dos eleitores. Nós é que colocamos "eles" no poder público. Nós temos que parar de transferir a culpa, assumir a nossa parcela de culpa e trabalhar para melhorar o país.
Assisti uma entrevista com o pré-candidato à presidência João Amoêdo que é bem liberal em relação à economia e a favor de um governo bem menor (Marcilei, o NOVO está propondo acabar com as mordomias.). Para minha surpresa, os jornalistas insistiam em apoio às mulheres, negros, controles de preços, etc. A intereferência do governo é exatamente contrária às idéias pregadas por ele.
Será muito difícil encontrar soluções para os problemas do Brasil. Pois, apesar das pessoas quererem menos corrupção política e menos impostos, nós brasileiros gostamos de governos intervencionistas e esperamos que eles resolvam o problema. Os políticos é que criaram os problemas, como podemos esperar que eles o resolvam?!
Em um parágrafo você diz que o trânsito de BH é caótico e que as filas dos postos aumentaram o caos / dias mais confusos
No parágrafo debaixo você diz que estava delicioso andar pelas ruas vazias da cidade.
Decide o que é caos?
Durante a paralização, tranqüilo. No reabastecimento, mais confuso que a rotina. Pode parecer confuso, especialmente quando assim queremos.