Em meio às reclamações relacionadas às multas aplicadas em nossos veículos, sejam municipais, estaduais ou federais, agora passamos a conviver também com a falta de combustível e até a ameaça de desabastecimento de produtos básicos ao nosso dia a dia. Carro, basta deixar na garagem e pegar ônibus, mas o transporte coletivo – em função da situação – passa a rodar em horário reduzido.
Vou tentar ir por partes, dividindo as motivações – muitas vezes absurdas – das reais razões de uma possível crise sem precedentes na história do Brasil. Multas de trânsito, que sou vítima delas como a maioria dos motoristas, se transformaram faz tempo numa indústria de arrecadação aos cofres públicos. Tem situações que se tornam inexplicáveis, onde se deveria multar e parece ser feita “vista grossa” pelos fiscais que circulam na região.
Refiro-me às vagas destinadas à viatura policial, no quarteirão da Avenida Álvares Cabral, em frente onde foi a extinta Minas Caixa, entre Praça Afonso Arinos e Rua da Bahia. Sistematicamente, veículos particulares ocupam este espaço, obrigando as viaturas policiais a colocar os veículos sobre a calçada. Coniventes ou não, fato é que o olhar observador não percebeu multa para quem ocupou a vaga reservada.
Da mesma maneira, no buzinaço de ontem – alguns deles próximos a hospitais –, pela falta de combustível, não notei a ação fiscalizadora para contemporizar a situação. Filho de amigo meu, por buzina, recebeu multa quando saía do Independência comemorando vitória do seu time numa final de campeonato. O pai, mesmo indignado, me contou que pagou sem reclamar, embora questionando a inobservância de fatos similares que passam à margem do olhar da fiscalização.
E o caso recente da moça que teve seu carro apreendido, conforme relatou, pois o comandante de uma blitz “não agradou da placa dianteira” e entendeu que a placa dela estaria um pouco apagada? Ao seu infortúnio posterior, restou uma maratona e os valores absurdos para pagar e liberar o veículo. Eu mesmo, parado numa blitz da “lei seca”, fiquei chocado com a maneira grosseira da abordagem. “Documentos do veículo e CNH fora do plástico”, num tom grosseiro. Tudo certo, mas a ordem era fazer o bafômetro.
Sem problemas para quem não toma uma gota de álcool há exatos 17 anos. Entretanto, o tom agressivo continuava. “Se der acima de 0,4, o senhor será flagrado”. Eu ainda disse, “caso aponte, eu quem vou processar o aparelho”. Pois bem, soprei aquilo e ele continuou. “Não disse para parar, faça de novo. Se der acima, será multado”. Repeti, já quase sem fôlego, e deu zero. Entregou-me, quase que atirando os documentos de volta, e saiu em busca da próxima vítima.
Atentem, pois a BHTrans está prestes a se transformar em Autarquia. Com isso, será liberada a fiscalização pelos seus fiscais. Se está difícil assim, imaginem quando derem autoridade e metas a cumprir, conforme aconteceu no passado. Tive um impulso de ficar sem carro, acabei cedendo a essa intenção. Pois agora estou voltando a pensar na possibilidade. Multa, falta de gasolina, trânsito caótico e com fiscalização inadequada. Como ainda não me aposentei, sou obrigado a essa maratona diária.
Por fim, rapidamente, sem entrar em questões e discussões ideológicas e/ou filosóficas, a quem interessa o caos que estamos passando com a greve dos caminhoneiros e o desabastecimento de combustíveis e produtos de consumo diário? Exatamente aos que poderiam ter evitado tudo isso, mas por conveniência optaram por colocar a população em pânico e sem o básico para comer, e para ir ao trabalho ou à escola.
Estamos fazemos fila para abastecer nos poucos postos que ainda têm combustível. Da mesma maneira, correndo ao supermercado para comprar o básico – já com limite de unidade – de gêneros alimentícios e higiene pessoal. Nós, cidadãos que temos compromisso e horário, temos de nos submeter a tudo isso. Já os que conduziram a essa condição, por interesses até inconfessáveis e condenáveis, participam dessa correria? Claro que não, se divertem com o nosso sofrimento.
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Prezado amigo.
Compreendo e compartilho sua opinião com relação aos carros. Junta-se aí os valores absurdos de IPVA, seguro, seguro obrigatório, revisões, etc.
Porém, ao meu ver, um carro é mais do que um meio de transporte. Se der uma merda de caos social, o que fazer? Vai se locomover como? Muita gente acha que é brincadeira essa história de caos social, e que só acontece em países da África e América Central. É verdade? Vamos listar:
- Atual greve dos caminhoneiros;
- Movimento de Impeachment da DIlma;
- Movimento da Copa 2014;
Isso em menos de 4 anos.
Quer mais? Preparem-se para a guerra que vai ser as eleições 2018.
Por isso, um carro é mais do que um meio de transporte. É um meio de fuga. É um abrigo improvisado pra vc e sua família. É um conforto em tempo de caos.
Enfim, é uma extensão do seu território.
Pense bem antes de se desfazer disso.
Nunca pensarei em reavaliar a condição de ser proprietário de automóvel, pelos motivos expostos, bastava que os motoristas respeitassem o código de transito e não somente ele, mas todo o conjunto de leis que regularizam o nosso transito.Quanto a multa pelo uso da buzina, desde a auto escola eu sei que é proibido em determinado horário, mas quando se é multado todos dizem a mesma ladainha da indústria da multa.Em quatorze anos de carteira, nunca tive um ponto registrado em minha habilitação, coisa que pessoas que tem mais de quarenta anos habilitação conseguem até estourar o limite, quer dizer se acham mais capacitados para o transito e acabam levando multas e abarrotando os cofres dos órgãos arrecadadores.Quanto ao fato da manifestação destes caminhoneiros, também não me faz reavaliar não.Uma categoria que só pensa nela, destroem as estradas com seu excesso de carga e flagrantes desrespeito as leis e aos outros que as vias e rodovias.
Já não tenho carro há 16 anos e me sinto tão acuado e revoltado tanto quanto qualquer outro cidadão dotado de razão neste país. Essa categoria (caminhoneiros) tem todo o direito a greve, desde que não destrua a vida e o direito dos outros, poderiam e deveriam fazer sua greve deixando seus veículos nas garagens. Pessoas vão morrer, direta e indiretamente em razão desse desatino, e tem uma boa parcela da população conivente com essa marmota, além da frouxidão do governo, que já deveria ter "desobstruído" as estradas desde o início desse acinte à sicidade e ao povo brasileiro em geral.
Infelizmente no Brasil cada um pensa somente no seu umbigo. Não existe chamado bom senso e respeito ao próximo, e também o senso de coletividade. Se todos respeitassem as coisas com a finalidade para que são feitas, sem desvirtuar essa finalidade, a vida de todo mundo seria bem melhor. As autoridades de transito multaria somente quem faz por merecer, todos tratariam a polícia com mais reverência e vice-versa, não haveria tanto corporativismo onde “os nossos” podem tudo e “os outros” não podem nada, e a relação das pessoas seriam mais respeitosas sem a aquela hipocrisia do politicamente correto. Quando vemos a finalidade das coisas sendo alteradas e pessoas trabalhando para atingir outros objetivos que não os justos, tirando proveitos da situação, realmente nos traz muita desesperança. Assim deixamos de viver numa sociedade justa para vivermos a lei da selva.