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Perigos e riscos de posts em redes sociais

Imagem: UAI/EM

Confesso que sou refratário e sempre levo um bom período para me adaptar às novidades do mundo moderno e virtual, sobretudo nas redes sociais. Meu Facebook ficou, nos primeiros dias, a cargo da minha filha e me deixava assustado com tanta informação sobre pessoas amigas, o que me permitiu reencontrar gente que na minha memória envelhecida já havia sido apagada (deletada, como aprendi nele mesmo).

Hoje, confesso, entro no Face várias vezes ao dia. Twitter e Instagram são ainda dois monstros, embora tenha ambos. Tem dia que consigo lidar com um deles ou até com os dois, mas na manhã seguinte já passo por intransponíveis dificuldades. Parece ser um misto de ignorância e resistência. Ainda assim, permaneço ligado (conectado, digo) nestas ferramentas (oh! disse ferramentas e nem me lembrei do martelo, alicate ou chave de fenda). É um progresso!

Entre eles, em meu dia a dia, o WhatsApp passou a ser um interessante meio de comunicação. Para quem custou a aceitar a troca do telefone fixo pelo celular, constitui-se num indiscutível progresso. Ainda assim, prefiro uma boa prosa – frente a frente (cara a cara ou olhos nos olhos) – numa cafeteria. O semblante da pessoa diz muito mais que as palavras ditas, imagine, então, as digitadas.

Superei, com segurança, aquela fase de replicar a quase todos os meus contatos (antes eram nomes da minha agenda) toda e qualquer mensagem recebida. Aprendi, sem que ninguém me recomendasse, a buscar a confirmação daquilo que recebo. Isso, depois de repassar inúmeras idiotices e ficar com a cara grande da mentira que passei para frente.

Pois bem, ao que sinto, poucos têm essa preocupação. Ao longo dos tempos, três situações me chamaram a atenção. Seguramente, os fatos que vou mencionar já tenham sido de conhecimento dos leitores. Elenquei três deles para ilustrar os riscos e perigos de replicar o que não é real.

Imagem: UAI/EM

Num vídeo, provavelmente gravado no Rio de Janeiro, um segurança de supermercado aborda um cidadão furtando bacalhau. Pois bem, isso viralizou dando conta se tratar do ex-árbitro de futebol José Roberto Wright. Polêmico pelo seu passado, seguramente seus desafetos se valeram disso para denegrir a imagem do cidadão. Assim que recebi, considerando que pouco tempo antes havia me encontrado com ele, identifiquei que não era o ex-juiz que o Atleticano nutre profundo ódio.

Ato contínuo, seguramente recebi mais de uma centena de vezes esse vídeo, individual ou em grupos, e me coloquei a desmentir e alertar sobre o malicioso erro. Pois, entre as pessoas que dei retorno, houve quem dissesse “que pena, queria tanto que tivesse sido ele mesmo”.

Caso similar noutro vídeo com imagem congelada de pessoa pública. Em áudio, uma perfeita imitação da voz conhecidíssima dizia verdadeiros absurdos. Uma amiga me enviou e, igual ao caso anterior, alertei e ela respondeu também “que coisa, devia ser verdade”.

E num outro vídeo de um rapaz, ao violão, que era dito se tratar do neto do Chico Buarque. Cantava uma versão de letra do pseudo avô divergente com a posição político e ideológica do artista. Postado no Face e repassado pelo WhatsApp, um amigo alertado por mim sobre a mentira sequer respondeu minha mensagem e continuou a divulgação daquela falsidade.

Afinal, para que e para quem servem essas mentiras? Para propagar e incentivar o ódio entre as pessoas? Me lembro da minha infância, quando ainda estudava que Santos Dumont, um ilustre brasileiro, inventou o avião. Na ocasião, a professora dizia que ele teria morrido de tristeza, pois a intenção era aproximar as pessoas e estavam usando para atirar bombas em território inimigo nas guerras entre países.

E o mais apavorante, medonho mesmo, é constatar que o fato ocorre dos dois lados da moeda, vale dizer, os contrários utilizam da mesma ação para combater o adversário. Seja aquele à direita ou à esquerda. Até nos ataques se assemelham. Dá uma vontade de largar tudo e ir morar num lugarejo, sem luz, “sem rádio e sem notícia da terra civilizada”, como diria Luiz Gonzaga – o Rei do Baião – em sua composição “Riacho do Navio”.

Blogueiro

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  • Oi Eduardo, bom dia!
    Sinto um "ermitão" diante de tanta tecnologia.
    Gosto apenas de navegar pela Internet, visitando sites de credibilidade em busca de notícias políticas, esportivas, jornais, comentaristas, curiosidades e por aí vai.
    Hoje temos o mundo em nossas mãos. Mas infelizmente muitos ainda utilizam a tecnologia para o uso do mal.
    Abraços,

  • É isso aí, meu amigo. Me lembro que nas eleições de 2014 os marqueteiros criaram a figura da desconstrução (que na verdade é destruição) da imagem dos adversários. Eu até alertei em um artigo que escrevi, que na verdade iriam destruir a imagem de todos eles. Não deu outra. As redes sociais chancelaram todos eles como ladrões. Vão levar um bom tempo tentando recuperar. E, o que é pior, a nossa justiça é inoperante no que diz respeito a prazo processual, o que dificulta a busca de reparação.

  • Olá Eduardo. Certíssimo. Todo cuidado é pouco para não "cair na rede". Já dei alguns foras embora eu só utilize o ZAP. Com as outras não tenho nenhum contato. Notícias, só dos sites oficiais.

    • Caro Hudson, lá como cá, tendo seu olhar atento. E ela, a inveja, continua sendo uma merda.

    • Aqui está um bom exemplo do conteúdo implícito em vossa coluna Eduardo. Os perigos e riscos dos posts na internet e da própria grande rede em si,um deles é o de dar voz aos tolos. Taí um João de Barro se achando um sabiá.

      • Caro Zé Roberto, como bem dito por você e ainda pelo Paulo Soares, quem usa pseudônimo e se esconde ao atirar pedras sequer merece registro.
        Nem João de Barro, jamais um sabiá, Hudson apenas. Este tipo de manifestação não me atingia lá no outro blog onde assumo posição em defesa do meu time. Imagina cá, onde a intenção é uma prosa sobre nosso cotidiano.
        Quem não tem nome e cara, sequer merecia a postagem. Lá sou bem flexível, talvez- pela inexperiência - cá não seja recomendável.
        Vida que segue!
        Em tempo: pela reação do incauto, deve ser dos divulgadores de mentiras nas redes.

  • Nossa! Belo e verdadeiro texto Eduardo. Disse tudo o que muitos nós sentimos. Essa era virtual geralmente nos faz viver em um mundo cada vez mais assustador. Eu mesma as vezes penso em abandonar as redes sociais, mas em controvérsia tem tantas outras coisas legais, aproximação de pessoas que se identificam conosco, reaproximação de pessoas que moram distante, etc. Acho que temos que encontrar o equilíbrio, pois o mundo real se mistura com o virtual e que acaba virando um mundo desconhecido as vezes.

    • Obrigado, amiga. A busca desse equilíbrio é um desafio. Veja um comentario in off que recebi. O leitor optou pelo anonimato, mas foi cirúrgico. Ainda espero que se use para o bem, sem covardes fakes. Leia:

      "Eduardo, boa tarde! A pretexto do texto Perigos Riscos... Costumo dizer que a Tecnologia nos trouxe a Globalização, o mal uso dela, a Bobalização. É muita merda junto nessa Internet, cara. Abs e sucessos por aí."

  • Interessante, blogueiro. Sou muito assim também, resistente a mudanças (pelo menos essas). Na faculdade aprendi que esse comportamento é ranço do sistema burocrático de administração, contrário ao sistema gerencial. Quanto ao nosso Santos Dumont, fosse hoje, do jeito que as coisas estão, parte da real motivação de sua passagem para a outra vida jamais seria omitida nos livros de história, muito antes pelo contrário.

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