Netflix se arrisca e leva Sandman à TV

A grosso modo, existem dois tipos de adaptações de personagens de histórias em quadrinhos para a TV ou o cinema. Na mais popular delas, se transfere para as telas o personagem, mantendo suas características básicas, e se cria uma nova história com ele. A outra, e mais espinhosa, é quando se propõe a adaptar um arco específico de histórias dos quadrinhos para o cinema ou TV. Os 300 de Esparta, Watchmen, Capitão América: O Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil são alguns exemplos que se encaixam aqui.

Quando a Netflix decidiu levar a aclamada criação do escritor inglês Neil Gaiman, The Sandman, para seu serviço de streaming, ela optou por ir pelo segundo caminho. Uma decisão arriscada, mas, ao mesmo tempo, acertada, no sentido de que é quase impossível dissociar o personagem principal das histórias que Gaiman criou para ele. Quem leu os quadrinhos sabe disso: tirar Sandman daquele ambiente e criar histórias originais é algo que poucos conseguem fazer com maestria.

Para os 10 episódios que compõem a primeira temporada de The Sandman, a Netflix se apegou aos dois primeiros arcos da HQ: Prelúdios e Noturnos e A Casa das Bonecas. Assim, introduzem o rei dos sonhos e sua família – bom, parte dela – a uma audiência bem mais abrangente do que aquela atendida pelo formato original. E é seguro dizer que, mesmo com diversas escolhas de roteiro e elenco motivadas mais para atender uma agenda do que por necessidade criativa, a Netflix se manteve fiel ao espírito do gibi e entregou um produto que superou as expectativas no sentido de respeitar o conceito original. Algo que alguns criadores atuais – cof, Zack Snyder, cof – costumam deixar em segundo plano.

Temos duas histórias básicas contadas nos dez primeiros episódios de The Sandman: a primeira delas mostra o que acontece quando o mago inglês Roderick Burgess (Charles Dance, de Game of Thrones – acima), sofrendo pela perda do filho na Primeira Guerra, traça um plano ambicioso: ele pretende capturar e prender a Morte, libertando-a apenas após ela lhe trazer de volta o filho morto. O ritual dá certo, mas apenas parcialmente: ao invés da Morte, Roderick captura o irmão dela, Sonho (Tom Sturridge, de Mary Shelley, 2017) e, mesmo ciente de seu erro, mantém um dos seres mais poderosos de toda a criação em seu porão. Após a sua morte, seu filho, Alex (vivido por três atores diferentes na série) mantém Sonho preso por décadas, até que seu parceiro – propositalmente ou não – causa uma rachadura na prisão do Perpétuo que lhe dá a oportunidade para sua fuga.

Sandman fica preso por sete décadas. Sua ausência não só causa problemas no Sonhar, seu reino, como no nosso. Pessoas que passaram décadas dormindo ou sem dormir foram os efeitos mais visíveis dessa ausência. O pior acontece no Sonhar, com o reino desabando e sonhos e pesadelos saindo de lá para viver em nossa realidade. Na ocasião de seu aprisionamento, inclusive, Sandman estava na Terra perseguindo o Coríntio (o excelente Boyd Holbrook, de Logan, 2017 – abaixo), um pesadelo que adora passar seus momentos no planeta cometendo assassinatos e arrancando os olhos de suas vítimas.

Ao ser libertado, então, Sandman tem duas tarefas: recuperar seus artefatos de poder – um capacete, um rubi e um pequeno saco de areia – e deter não só o Coríntio, como os demais pesadelos fugitivos. Ao completar essa tarefa, outra se apresenta: em sua ausência, apareceu um vórtex dos sonhos, uma entidade tão poderosa que pode causar não só o colapso do Sonhar como de toda a realidade. Caberá a Sonho, de alguma forma, detê-la.

Nos dez episódios principais e nos extras, lançados uma semana depois e que trazem dois contos adaptados, todo o material original foi tratado com bastante respeito. Não necessariamente se pode dizer que é uma adaptação fiel porque algumas mudanças foram feitas por motivos alheios ao fator criativo, enquanto outras foram necessárias. A personagem Johanna Constantine (Jena Coleman, de O Paraíso e a Serpente), por exemplo, ocupou nas telas o lugar de John Constantine devido a problemas relacionados aos direitos autorais do mago inglês. Essas mudanças, no entanto, não causaram problemas. A essência de Sandman – muito pela atuação contida de Sturridge e do comprometimento da equipe de roteiristas com o material fonte – foi mantida e, no final, é isso que importa. Principalmente quando esse material é de uma qualidade quase inquestionável.

Infelizmente, ainda não há uma confirmação de uma segunda temporada de The Sandman. A Netflix alega que a série é muito cara e os números de audiência teriam que ser absurdos para justificar o investimento. Esperemos, no entanto, que, em um futuro próximo, essa confirmação aconteça, já que tudo indica que Estação das Brumas, o ponto alto dos quadrinhos de Sandman, seria a base para a segunda temporada da série.

A Morte, vivida por Kirby Howell-Baptiste, é um dos destaques da série

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Mulher-Hulk é uma nova e relutante heroína Marvel

O estúdio Marvel segue lançando filmes e séries em ritmo vertiginoso. E isso tem afetado claramente a qualidade das obras, já que roteiros e efeitos visuais, dois pontos que chamam muita atenção nesse tipo de produção, acabam sendo afetados negativamente. Depois de duas séries discutíveis, Cavaleiro da Lua e Ms. Marvel, a boa notícia é que Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (ou She-Hulk: Attorney at Law) tem se mostrado bem acima da média.

Com três episódios já exibidos, a série tem mostrado um humor bem pensado, em cima das situações vividas pela personagem-título, e ainda brinca com as nossas expectativas, sugerindo por exemplo que deve ter gente assistindo apenas para conferir as participações especiais. Mas não se engane: a cena é da Tatiana Maslany, famosa por Orphan Black, que agora encontrou outro veículo para mostrar o seu talento. Frequentemente quebrando a quarta parede (quando o personagem conversa com a câmera/espectador), ela faz observações cínicas sobre o que está acontecendo e a acompanhamos enquanto ela se adapta a suas novas habilidades.

Maslany vive uma advogada que tem um Vingador na família: ela é prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo), o Hulk. Uma explicação um tanto esdrúxula e ela se vê transformada numa criatura verde, forte e praticamente indestrutível, como Bruce. Não demora a ganhar a alcunha de Mulher-Hulk. Juntando o Direito e os poderes recém-adquiridos, ela se torna uma advogada especializada em causas que envolvam seres superpoderosos. E o primeiro desafio é conseguir uma condicional para Emil Blonsky (Tim Roth), vilão apresentado no longa solo do Hulk de 2008 (no qual Bruce foi interpretado por Edward Norton).

Blonsky recebeu um soro, se tornou o Abominável e tentou matar Bruce. Cabe a Jennifer Walters driblar esse conflito familiar e assumir o caso. Ruffalo e Roth são duas das participações especiais que vemos, e o elenco conta com os competentes Ginger Gonzaga e Josh Segarra como coadjuvantes de Maslany. A bela Jameela Jamil (de The Good Place) faz uma ponta no primeiro episódio que deve dar frutos. Espere por mais gente famosa – inclusive um colega advogado que está chegando calmamente ao Universo Cinematográfico Marvel.

Com mais seis episódios à frente, Mulher-Hulk já pode celebrar a boa recepção. Se o público está dividido ao meio no site agremiador Rotten Tomatoes, a crítica atribui 87% de aceitação. Walters é mais uma heroína a ter sua origem contada na TV, mas logo deve se juntar aos demais no Cinema. O MCU ainda tem muita coisa guardada, com pelo menos dez filmes e quinze séries com lançamentos já previstos. Resta saber se teremos qualidade nessa avalanche de novidades.

Tatiana Maslany se alterna entre sua versão humana e a outra, verde

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Minions seguem arrebatando o público

Quarta maior bilheteria mundial do ano (até o momento) e primeiro lugar no Brasil por oito semanas, somando 17 entre os primeiros colocados, Minions 2: A Origem de Gru (Minions: The Rise of Gru, 2022) é a animação mais assistida do Brasil em 2022 e segue firme levando o público às salas. Seguindo os passos da trilogia Meu Malvado Favorito (Despicable Me), a franquia dos pequenos seres amarelos tem aumentado seus números, o que deixaria Gru num misto de orgulho e inveja.

É estranho que o filme que conta a ascensão de Gru pertença à franquia dos Minions, e não à do próprio Gru. Tudo bem que se trata do mesmo universo, mas seria mais adequado que o título fosse Meu Malvado Favorito 4. Pode-se argumentar, no entanto, que a aventura dá bastante espaço aos amarelinhos principais: Stuart, Kevin, Bob e Otto, que continuam tendo a voz do francês Pierre Coffin, codiretor dos quatro episódios anteriores.

Embora existam dezenas de minions trabalhando juntos, são sempre os quatro que ganham mais relevância. Na trama dessa pré-continuação, vemos o momento em que eles e Gru se conhecem, além da chegada de outros personagens importantes, como o Dr. Nefario (voz de Russell Brandt). Tudo o que o então cabeludo Gru deseja, aos 12 anos de idade, é se tornar um grande vilão. E ele vê uma oportunidade quando um grande grupo maligno abre uma vaga.

O Vicious Six (quase o Sexteto Sinistro da Marvel) comete seus crimes e é caçado por uma divisão especial da polícia, sempre se safando. Gru sonha se tornar membro e aí a trama começa. Todos os dubladores dos malvados são figuras interessantes: Alan Arkin, Taraji B. Henson, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Danny Trejo e Lucy Lawless. E o elenco ainda conta com Michelle Yeoh e Julie Andrews. No entanto, o grande destaque segue sendo Steve Carell, que inventa uma voz esganiçada para o garoto que tem tudo a ver com a idade.

Para um filme que se pretende uma comédia, há pouca graça nesse Minions 2. Há situações criativas, com engenhocas e planos mirabolantes, que certamente vão entreter os mais novos, e não chega a desagradar os adultos. É uma espécie de jogo ganho, já que aprendemos a gostar desses personagens e ficamos ávidos por novas aventuras. É uma boa sacada voltar na década de 70 e muitas músicas ótimas são utilizadas. No fim das contas, mesmo sem rir muito, todos devem ficar com um sorriso no rosto, o que explica os excelentes resultados nas bilheterias. E garante vida longa a todos eles.

Esses três foram essenciais à trama

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Não! Não Olhe! é o novo terror de Jordan Peele

Depois de assinar Corra! (Get Out, 2017) e Nós (Us, 2019), o até então comediante Jordan Peele se tornou um diretor e roteirista a se acompanhar. Por isso, a expectativa em torno da estreia de Não! Não Olhe! (Nope, 2022) é grande e essa semana o público brasileiro poderá formar sua opinião. Fugindo-se das desnecessárias comparações com os longas anteriores, pode-se dizer que o novo trabalho de Peele parte logo para a questão que quer apresentar, sem se preocupar com os porquês, e cria um ambiente de suspense bem interessante.

A primeira coisa que chama a atenção no Cinema de Peele é o fato de ele ter protagonistas negros em filmes com histórias universais, e não voltadas para o público negro. Fora Corra!, que fazia terror com questões ligadas ao racismo, os demais apenas contam com tramas intricadas, que fazem o espectador sair com a pulga atrás da orelha. Mas, importante notar, o fato deles serem negros traz mais nuances para as situações vistas. Aqui, temos o oscarizado Daniel Kaluuya (de Judas e o Messias Negro, 2021) liderando um elenco ainda mais diverso, mostrando que é possível fazer uma boa obra sem precisar apelar para atores brancos padrões, como fazem vários diretores incensados.

Aproveitando para homenagear o veterano Keith David (de Dois Caras Legais, 2016), o longa começa com coisas caindo do céu e causando estragos. Mais adiante, os personagens vão descobrir que não se tratava de um avião soltando pedaços, nem nada do gênero. Kaluuya faz um sujeito retraído, com suas razões para a clara falta de ânimo, enquanto Keke Palmer (de As Golpistas, 2019) faz um ótimo contraponto como a irmã animada e conversada. Até demais, o que gera momentos engraçados e discussões entre os dois.

O ritmo no início é lento e o filme não se apressa para apresentar seus personagens, com foco principalmente nos irmãos. A relação entre eles fica complicada pelo fato dele ser mais quieto e ela ser bem irritante, mas eles se aproximam ao viverem algo maior do que eles. Na vizinhança, há um ex-astro mirim (vivido por Steven Yeun, de Minari, 2020) que se torna um caubói asiático, o que quebra um bocado a figura à qual estamos acostumados. Brandon Perea (da série The OA) faz um vendedor mal-humorado de uma loja de tecnologia e Michael Wincott (de Hitchcock, 2012) é um diretor do audiovisual que fecha o grupo principal.

O título nacional perde o humor que o original traz em si. Além de mais careta, o nosso título é mais óbvio sobre o que está sendo tratado, esfregando na nossa cara o que os nomes dos capítulos só insinuam. Os cavalos treinados pelos Haywoods são quase astros de Hollywood, por aparecerem em filmes e comerciais, fazendo parte de espetáculos que atraem a atenção de todos. Quanto pior, maior é o apelo, como o trecho do macaco Gordy deixa claro. E esse parece ser o ponto que interessa a Peele: o fato de darmos muita atenção a desgraças, o que pode fazer com que elas se multipliquem. Melhor não olhar.

Jordan Peele segue trilhando um original caminho pelo terror

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Better Call Saul é mais uma série a deixar órfãos

Depois de sete anos, o prequel de uma das séries mais populares da TV chega ao final de sua última temporada fechando pontas soltas em ambas as obras. Quando foi pensada pela primeira vez, ainda durante as gravações da série original, Better Call Saul deveria ser uma espécie de sitcom, contando os casos atendidos pelo advogado de Walter White e Jesse Pinkman, Saul Goodman, que sempre foi uma espécie de alívio cômico em Breaking Bad.

Depois de seis temporadas, a última dividida em duas partes, separadas por apenas algumas semanas, Better Call Saul chega ao fim longe do que foi um dia sua ideia original – que, na verdade, nunca foi às telas. Além de ter a missão de dar fim a personagens somente conhecidos em Better Call Saul e nunca em Breaking Bad, a série se mostra paciente ao montar – e desmontar – cada figura que apresenta. Desde Jimmy McGill, ou melhor, Saul Goodman, a Howard Hamlin, advogado que chegou a ficar “escanteado” em certos momentos da história.

A amarração feita de cada detalhe da história é mérito de Vince Gilligan e Peter Gould, obviamente. Os dois criadores da obra ainda se dão ao luxo de pegar nuances da série-mãe, trazê-las para o prequel (e em certos momentos continuação de Breaking Bad) e ressignificar muito do que se viu na original. Não que Gilligan e Gould recontem a história de Breaking Bad, e sim lançam novos olhares sobre cenários, eventos e, claro, personagens, fazendo o uso de bem construídos fan services rememorando a série que terminou em 2013.

A sexta temporada de Better Call Saul foi dividida em duas partes – uma primeira com sete episódios e outra com seis, mas outra divisão pode ser feita com um trecho inicial de nove e outra de quatro. Isso porque nos primeiros vemos o desenlace dos eventos (e suas consequências) das ações da quinta temporada e isso envolve sobretudo a guerra do cartel na qual Saul se envolve. A partir do 10º episódio, temos cenas em preto em branco e o desenvolvimento de Gene Takovic, persona que Jimmy/Saul encena para fugir da polícia após o desfecho de Breaking Bad, numa espécie de epílogo das duas séries.

Sobre essa dupla (ou tripla) interpretação entre Jimmy, Saul (e Gene), é de se elogiar o trabalho de Bob Odenkirk. O ator consegue transitar entre trejeitos de pessoas completamente diferentes, marcadas por consequências diferentes de um passado em comum e sempre envolvidas por crimes (dos mais leves aos mais hediondos). Bob tem ao seu lado uma Rhea Seehorn (acima), que dá vida a Kim Wexler de forma esplêndida, um casal que poderia ficar marcado na história da TV mundial. Rhea entrega, mais uma vez, um protagonismo que nem sempre se esperava e é dona de ações que acabam impactando determinantemente o verdadeiro “dono do show”.

Better Call Saul fecha o universo de Breaking Bad (que além das séries ainda teve o filme El Camino, de 2019) bem diferente de sua série-mãe. Se uma se prende a ações mirabolantes, um gênio do mal que aparentemente tem controle de tudo e uma grandiosa operação de tráfico, a outra, mais recente, responde a tramas complexas com simplicidade, atos emocionados, arrependimentos e uma história de tribunal. Foram seis temporadas que abrem discussão para “qual série é a melhor”, mas que devem ser consumidas longe de comparações, ainda que isso pareça inevitável, para que sejam contempladas melhor.

Criadores e equipe se despedem da série

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Idris Elba sai no braço com A Fera

Para tentar se reconectar com as filhas jovens, que o culpam por ter se afastado da esposa quando ela ficou doente, um médico resolve levar as duas para visitar o vilarejo africano onde a falecida nasceu. Esse é o ponto de partida para A Fera (Beast, 2022), novo longa do subgênero drama de sobrevivência a chegar aos cinemas. A boa notícia é que ele trata bem o seu público, com situações interessantes e bem tensas.

Ajuda muito ter o ótimo Idris Elba no elenco. Ele funciona como anti-herói (O Esquadrão Suicida, 2021), herói (o Heimdall de Thor), vítima (Depois Daquela Montanha, 2017) ou vilão (Star Trek: Sem Fronteiras, 2016). Nem sempre acerta na escolha do projeto (A Torre Negra, 2017, ou Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw e Cats, ambos de 2019), já que ninguém é infalível. O importante é que Elba sempre sai ileso, fazendo o seu melhor, por pior que o resto à volta dele seja.

Em A Fera, temos um leão sanguinário mostrando quem manda na região. Os atos dele são exagerados, mas isso não deixa de ser uma alegoria sobre o troco que a natureza dá nos humanos quando é agredida. Geralmente, a vingança não atinge quem supostamente a merece, atinge o primeiro que passar na frente. No caso, o Dr. Nathan, as filhas e o velho amigo vivido pelo sul-africano Sharlto Copley (muito lembrado por Distrito 9, de 2009). Buscando aproveitar ao máximo a viagem, eles fazem passeios por belas paisagens, veem animais exóticos e acabam se deparando com uma fera assassina.

O islandês Baltasar Kormákur já comandou embates entre o homem e a natureza em Evereste (Everest, 2015) e tem aqui um resultado mais bem sucedido. A dupla Jaime Primak Sullivan (história) e Ryan Engle (roteiro) se reúne pela segunda vez nas mesmas funções (depois de Invasão, 2018) e cria uma trama simples, mas bem costurada e que funcionada de maneira bem eficaz. Nada é forçado e até o velho conflito entre pais e filhos é colocado de forma prática e objetiva. O Dr. Nathan só não esperava que, além de enfrentar as filhas, ficaria cara a cara com um baita leão.

É impossível não associar A Fera a outros longas de temáticas similares, como A Sombra e a Escuridão (The Ghost and the Darkness, 1996), sobre leões atacando os trabalhadores de uma construção, ou mesmo A Perseguição (The Grey, 2011), que acompanhava um grupo de petroleiros assombrados por uma matilha de lobos. A trama direta, a atuação de Elba e a química dele com as meninas fazem o filme se destacar na multidão, entretendo o público por seus rápidos 90 minutos. E ainda torna possível discussões sobre a preservação de fauna e flora e, quem sabe, sobre a brevidade da vida, sobre sempre acharmos que vamos ter tempo para consertar erros e como nem sempre isso é possível.

A química entre a família ficcional ajuda muito no sucesso do filme

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Nathan Fielder testa os limites da realidade no audiovisual em O Ensaio

A certa altura do episódio inaugural da série O Ensaio (The Rehearsal), o solitário Kor, um professor do Brooklyn que sempre mentiu para seus amigos intelectuais sobre ter feito um mestrado, não creditado como personagem do programa – característica comum a todos os “atores” que aparecem na série – resume a personalidade de Nathan Fielder ao encontrá-lo pela primeira vez comparando-o a Willy Wonka: “Olha, ele tinha umas atitudes questionáveis, era muito misterioso”. Nathan, então, o interpela em tom ameaçador: “Eu sou o Willy? O vilão da história?”. Kor retruca, desconcertado: “Ele é um vendedor de sonhos, você está realizando o meu”.

Se nas versões de A Fantástica Fábrica de Chocolates, o egocentrismo de Willy Wonka (vivido com brilhantismo nas telas por Gene Wilder e Johnny Depp) faz com que o empresário recrie a realidade a seu ideal excêntrico de doçura em sua idílica indústria, não se importando com o destino das crianças que o visitam, aqui, Fielder recria seu parque pessoal de diversões não menos aterrorizante: o audiovisual. Seu objetivo é “ajudar” pessoas “normais” a recriarem histórias antecipadamente para que possam ter coragem, controlando imprevisibilidades e variantes, para um dia assumirem, a partir dos ensaios feitos com Fielder, as atitudes corretas a serem tomadas na “vida  real”.

O diretor e comediante americano passou a última década testando os discursos sobre o mérito empresarial no choque entre o artificial e o real em seu programa Nathan For You (2013- 2017). Brilhantemente, em O Ensaio, o mesmo Kor, apresentado como um especialista em televisão e aqui representando também o público geral, afirma categoricamente desconhecer o programa, para decepção de Fielder.

Em O Ensaio, o diretor busca questionar o próprio audiovisual em sua era de reality shows. Os programas de realidade, a pretexto de mostrar o mundo real, acabam por criar narrativas tão, ou mais, roteirizadas que as obras de ficção tão características do cinema clássico hollywoodiano.  Esse parece ser o paradoxo que encanta Fielder na construção de sua série: encontrar espontaneidade dentro da arte pensada, encenada e refletida ao mesmo tempo em que a realidade que, a priori, deveria ser espontânea, vai sendo construída como um roteiro arquitetado.

A partir de tal paradoxo, definir uma breve e simples sinopse de O Ensaio é tarefa das mais difíceis. São camadas sobre camadas de roteiro artificial em busca da espontaneidade real que verdadeiramente emociona o espectador, ao mesmo tempo que qualquer reação espontânea dos participantes do projeto moldam e guiam o roteiro a ser, meticulosamente, reconstruído. Não há uma cena em O Ensaio em que não se deva questionar a natureza do que está se vendo, tamanho é o absurdo de suas premissas e dos desdobramentos que se encadeiam na tela.

Nesse sentido, O Ensaio se apresenta, inicialmente, como mais um reality show daqueles a que comumente assistimos ao mudar de canal na televisão e que nos atrai pela premissa de mostrar pessoas e casos reais.  E daí vem o primeiro estranhamento do espectador que assiste ao show na HBO Max e não zapeando pelos milhares de canais da televisão paga: mais do que o que estamos vendo, somos convidados a pensar o porquê de estar assistindo tal show. Logo de início, é como se o espectador estivesse assistindo a algo errado. Como se aquele programa não devesse estar ali.

Ao se iniciar o primeiro episódio, uma câmera com baixa qualidade, trôpega e com tomadas típicas da televisão norte-americana, em busca de foco nos rostos das pessoas reais em um programa de baixo orçamento, aparece na tela do streaming da HBO. A primeira sensação que o espectador tem ao entrar naquele mundo é a de estar assistindo a um programa no canal errado e isso é fundamental para a experiência de estranheza das normas e expectativas do audiovisual que Fielder quer (des)construir. Esse não-lugar da obra perante o que se espera é fundamental para guiar quem assiste no vale de estranheza do que vem a seguir.

O espectador é, então, introduzido ao que está assistindo pela voz em off de Nathan Fielder, Deus ex Machina do show, controlando a narrativa sobre a realidade do que se é autorizado a ver. A personagem Nathan Fielder é um diretor que busca pessoas reais que queiram ensaiar momentos importantes de suas vidas. Ele visa assumir o controle narrativo da vida do sujeito, organizando e controlando tal momento-chave em suas mínimas circunstâncias e apresentando o sucesso ou o infortúnio para todos os que assistem ao programa. Ao mesmo tempo, ele documenta a si mesmo fazendo o programa e o exibe a nós, sempre acrescentando uma camada de realidade dentro da realidade ficcional que constrói.

A questão é que à medida que os episódios avançam, Fielder não se contenta apenas com essa camada que, por si só, já seria interessante e complexa. Fazendo um programa dentro de outro programa sucessivamente, nada do que se vê parece de fato espontâneo, com Fielder controlando todas as narrativas criadas e apresentadas ao público. O expectador vê, assim, a fábrica de chocolates televisiva de Fielder, preso em um mundo onde ele, assim como Wonka, é o único a saber a saída e que, portanto, decide se vai ou não a oferecer, ou quando vai oferecê-la, ao espectador.

Fielder parece entender como ninguém o conceito da filosofia da arte contemporânea, principalmente em Rancière, para quem a arte se faz política não no tema que sugere em seu roteiro, mas, sim na partilha do sensível entre a obra e o espectador. Quando este último abandona a preocupação se o que ele está vendo é real ou ficção, o espectador emancipado, como nomeia Rancière, passa a partilhar a sensibilidade da obra, ao invés de decifrá-la. Em um mundo atual industrial cultural, onde toda obra precisa ser explicada para que o hype sobre ela se perpetue, Fielder convida quem assiste a O Ensaio a se libertar de entender racionalmente se aquilo que se vê foi planejado por um roteiro ou se aquilo a que se assiste foi espontaneamente obtido com, e por, pessoas reais, apenas entregando a humanidade das questões sugeridas pela fronteira da realidade e da ficção onde se está imerso.  Busca-se a experiência artística como dissenso da realidade ao mesmo tempo que nessa supressão de racionalidade, a realidade e a ficção, em comum encontro, faz sentido na experiência de O Ensaio.

Geralmente, pensa-se que uma ficção-cientifica é falsa por ser uma obra inventada por alguém, enquanto um reality show mostra exatamente a realidade. Todavia, a busca pelo real, como vemos hoje nas redes sociais, não tem justamente criado uma vida artificial a ser compartilhada como espontânea? Nesse sentido, não seria a arte, principalmente o audiovisual, com todo o seu metódico planejamento para sair do papel, tão verdadeiro, ou até mais real, que a vida na realidade em plena contemporaneidade? Tais questionamentos norteiam O Ensaio ora como sugestão de Fielder ao público, ora como questão trazida a Fielder pelos atores em cena.

Saber o que é real ou o que é narrativamente construído faz diferença realmente perante uma experiência artística? É preciso entendê-la, ou ainda, que alguém ou algum crítico a explique para que a experiência da arte se faça? Fielder parece perceber que essa é a grande artificialidade que se faz sobre o público contemporâneo: a necessidade de que alguém interprete a partilha do sensível.  Esta partilha, por si só, é a transgressão e, portanto, nela reside a realidade na arte. O que, paradoxalmente, essa crítica faz na busca de estimular que o público acesse a obra é aquilo que não se precisa realizar para a fruição de O Ensaio: a racionalização.

É interessante para o sujeito contemporâneo que alguém narrativamente o conduza ao que assistir. Fielder, ciente disso, também não se abstém de assumir esse papel. Por fim, se o espectador gostar desse texto, fica a questão: gostou porque esta crítica roteirizou seu gosto ou porque espontaneamente partilhou a sensibilidade da obra ao assisti-la? Afinal, existe realidade para fora de algum roteiro ou de alguma narrativa? Seja na arte, ou na vida fora dela, se ela de fato existir, Nathan Fielder parece pensar que não. Afinal, O Ensaio é o seu mundo. Sua fantástica fábrica.

Nathan Fielder vem trabalhando o limite entre a arte e a realidade e chegou ao ápice

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O Predador é caçador e caça em nova aventura

Em 1987, o Cinema viu nascer uma franquia de ação que dá frutos até hoje. Com o então astro em ascensão Arnold Schwarzenegger, O Predador (Predator) nos apresentou a uma raça alienígena que vem para a Terra se aperfeiçoar na arte da caça. Depois de uma sequência não muito bem recebida, houve um longo hiato, e duas tentativas equivocadas de fazer um encontro entre o personagem e o Alien (o oitavo passageiro). Outros dois episódios duvidosos depois e chegamos a O Predador: A Caçada (Prey, 2022), novo longa com o caçador de outro planeta já disponível no Hulu (ou Star+ aqui).

Em meio à tribo Comanche, há 300 anos, um Predador chega e começa seu treinamento, caçando animais e humanos. Naru (Amber Midthunder, de Na Mira do Perigo, 2021) é uma habilidosa rastreadora que pretende se tornar uma caçadora. Seu irmão, Taabe (Dakota Beavers), é o grande guerreiro da tribo e futuro cacique, capaz de capturar um leão. O machismo também impera entre eles e a Naru cabem as tarefas domésticas, e a jovem se rebela frequentemente, indo para a floresta praticar suas habilidades.

Ao encontrar uma cobra esfolada e outras evidências, Naru começa a achar que há algo estranho. Ela suspeita que uma criatura grande e forte esteja rodando o seu povo, mas ninguém acredita nela. A partir daí, o roteiro de Dan Trachtenberg e Patrick Aison é bem sucedido ao criar situações de tensão, colocando membros da tribo em perigo e sempre respeitando o que já sabemos sobre o Predador. As cenas na floresta vão remeter o público ao primeiro filme da franquia, quando o caçador alienígena trucidou todo um esquadrão de militares até cair no mano a mano com Schwarzenegger. Não é necessária experiência prévia com a saga para entender A Caçada, mas enriquece a sessão.

Também diretor do longa, Trachtenberg estreou na função pegando carona em outra franquia e fez bonito: com Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, 2016), ele criou um episódio independente, mas com referências ao anterior, e ainda teve uma sequência, fechando a trilogia Cloverfield. Além de todos os méritos técnicos, da bela fotografia aos ótimos efeitos especiais, Trachtenberg trata os indígenas com muito respeito, observando cuidadosamente os costumes deles e contratando atores de origem similar, o que seria essencial para dar veracidade à trama.

Algumas críticas têm aparecido em fóruns de discussão e postagens sobre A Caçada com relação ao protagonismo feminino, usando palavras cretinas da moda como lacração e chamando a história de feminista, como se isso fosse demérito. Depois de vários heróis homens (Danny Glover é outro exemplo) e filmes que timidamente misturaram os gêneros (Predadores, 2010, e O Predador, 2018), é muito bacana ver uma mudança real, não só de cenário, mas de liderança. E Amber Midthunder funciona muito bem, imediatamente se tornando um nome a se acompanhar. Não seria de se estranhar se ela logo ganhar um papel no Universo Cinematográfico Marvel.

O Predador continua “um filho da mãe feio pra caramba”

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O terror X chega aos cinemas nacionais

Finalmente chega aos cinemas nacionais o longa de terror X – A Marca da Morte (X, 2022), tão elogiado lá fora que já ganhou uma pré-continuação. Depois de alguns adiamentos, o novo trabalho do diretor e roteirista Ti West já está em cartaz e traz uma espécie de homenagem ao Cinema slasher dos anos 70, aqueles filmes com ares de caseiros em que, enquanto uns transavam, outros eram esfolados, decapitados, esfaqueados etc. X segue por esse caminho contando com uma história de fundo bem interessante.

Martin Henderson (da série Virgin River) vive um empreendedor que aluga uma casinha isolada no Texas rural para gravar um filme pornográfico, e sua própria namorada é a estrela. Deixando de lado esse importante detalhe na negociação com o casal de velhinhos, Wayne leva sua trupe e eles logo colocam as mãos à obra. Aí começa uma elaborada trama que envolve sexo, desejo, velhice e muito sangue.

A metalinguagem presente no filme é bem colocada, com a equipe frequentemente discutindo aspectos técnicos do que estão fazendo. Maxine (Mia Goth, de Emma, 2020) quer ser uma estrela e acredita ter a qualidade necessária, o X do título. Bobby-Lynne (Brittany Snow, dos três A Escolha Perfeita) só quer ganhar o suficiente para ter uma vida tranquila ao lado do namorado, o garanhão dos filmes adultos Jackson (Scott Mescudi, o “Kid Cudi”, de Não Olhe Para Cima, 2021). Completam o time o diretor e cinegrafista RJ (Owen Campbell, de Traficantes de Corpos, 2021) e a namorada dele, Lorraine (Jenna Ortega, de Pânico, 2022).

Com uma boa trilha sonora e uma fotografia simples e eficaz, West compõe um filme divertido e tenso. Sabemos mais ou menos o que esperar, mas ainda assim o roteiro consegue surpreender. O pouco que conhecemos dos personagens é o suficiente para nos importarmos com eles e ficarmos apreensivos, esperando pelo pior. Essas características aproximam X do novo clássico O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), o grande inspirador do subgênero slasher.

Outro ponto não menos importante observado nessa obra de West é o moralismo da sociedade norte-americana que o diretor contrapõe à turma do pornô. Na televisão, programas de evangelistas ocupam a programação e tudo é pecado. É uma hipocrisia sem tamanho, um pessoal que prega uma coisa e faz outra, como o casal de velhinhos. Os típicos cidadãos de bem, que escondem suas taras sexuais e se armam até os dentes. West se tornou ainda mais relevante, um nome a se acompanhar.

Jenna Ortega é um dos destaques das novas gerações de atores

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Chris Pratt tem seu momento de Rambo em A Lista Terminal

por Rodrigo “Piolho” Monteiro 

A Lista Terminal (The Terminal List, 2022) é daquelas séries da Amazon Prime que passariam totalmente despercebidas se, no dia em que foi lançada, uma fração da internet não ficasse criticando. Parte desse pessoal reclamou do suposto teor militarista, enquanto outra parte gosta é de implicar com o produtor e protagonista Chris Pratt (o Starlord de Guardiões da Galáxia) muito mais por algumas posições pessoais que ele defende do que por seus atributos como ator. Por causa disso, e porque tinha um tempinho livre, resolvi conferir se as críticas eram justificáveis e – spoiler alert – não eram.

 A Lista Terminal é, basicamente, uma história de vingança com um clima bem oitentista. Quando a série começa, o comandante SEAL (a força especial da marinha americana) James Reece (Pratt) e seu pelotão estão prestes a concluir uma busca de quase dois anos: capturar ou eliminar (o que for mais fácil) um químico responsável por produzir armas para uma organização terrorista baseada na Síria. No entanto, algo dá terrivelmente errado e o pelotão de Reece é massacrado.

De volta aos EUA, o líder e único sobrevivente do grupo percebe que não voltou totalmente ileso da Síria. Alguma coisa está afetando sua memória. Não só isso, mas tudo leva a crer que ele será o único responsabilizado pelo fracasso da missão. Paralelamente, inimigos invisíveis levam o comandante ao limite, o que faz com que ele realize a sua própria investigação a respeito do fracasso da missão.

Com a ajuda do agente da CIA Ben Edwards (Taylor Kitsch, de Crime Sem Saída, 2019) e da repórter investigativa Katie Buranek (Constance Wu, de As Golpistas, 2019), Reece faz descobertas que o levam a criar a lista do título. Ele anota um por um as pessoas que se beneficiaram do massacre de seu pelotão e aqueles responsáveis pela situação miserável em que se encontra. Na medida em que vai colocando os nomes na lista, ele vai eliminando seus alvos, um a um.

Chris Pratt nasceu em 1979. Logo, é seguro dizer que, assim como a maioria dos americanos de sua geração, ele cresceu assistindo a filmes de personagens como John Rambo, John Matrix (Arnold Schwarzenegger em Comando para Matar) ou mesmo John McClane (Duro de Matar). Sendo assim, não surpreende que ele tenha abraçado a oportunidade de viver um personagem parecido. Ainda que Reece fique devendo muito ao trio acima. Ele é pouco dimensional, com a motivação principal de levar o seu conceito de justiça àqueles que lhe causaram mal – e causaram mesmo – sem se preocupar muito com quem fica no seu caminho.

Reece encarna o exército de um homem só consagrado no cinema norte-americano na década de 1980, com todas as suas características quase sobre-humanas, mas pouco de seu carisma. É impressionante ver quão cheio de recursos e quão resistente ele é. Por mais brutal que seja o treinamento dos Navy Seals, é difícil acreditar que uma pessoa real apanhe tanto quanto Reece em certos momentos da série e esteja 100% recuperado pouco depois.

A série é como um filme de ação com quase oito horas de duração. A história é bem simples, as atuações são decentes, os recursos utilizados são bem aproveitados, há alguma escrita preguiçosa aqui e ali e… Só. É o que se pode chamar de série nada, ou seja, não fede nem cheira. Tem seus momentos marcantes, mas, no geral, não é nem um pouco memorável.

O “guardião da galáxia” Chris Pratt é o principal chamariz da série

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