Em 1987, o Cinema viu nascer uma franquia de ação que dá frutos até hoje. Com o então astro em ascensão Arnold Schwarzenegger, O Predador (Predator) nos apresentou a uma raça alienígena que vem para a Terra se aperfeiçoar na arte da caça. Depois de uma sequência não muito bem recebida, houve um longo hiato, e duas tentativas equivocadas de fazer um encontro entre o personagem e o Alien (o oitavo passageiro). Outros dois episódios duvidosos depois e chegamos a O Predador: A Caçada (Prey, 2022), novo longa com o caçador de outro planeta já disponível no Hulu (ou Star+ aqui).
Em meio à tribo Comanche, há 300 anos, um Predador chega e começa seu treinamento, caçando animais e humanos. Naru (Amber Midthunder, de Na Mira do Perigo, 2021) é uma habilidosa rastreadora que pretende se tornar uma caçadora. Seu irmão, Taabe (Dakota Beavers), é o grande guerreiro da tribo e futuro cacique, capaz de capturar um leão. O machismo também impera entre eles e a Naru cabem as tarefas domésticas, e a jovem se rebela frequentemente, indo para a floresta praticar suas habilidades.
Ao encontrar uma cobra esfolada e outras evidências, Naru começa a achar que há algo estranho. Ela suspeita que uma criatura grande e forte esteja rodando o seu povo, mas ninguém acredita nela. A partir daí, o roteiro de Dan Trachtenberg e Patrick Aison é bem sucedido ao criar situações de tensão, colocando membros da tribo em perigo e sempre respeitando o que já sabemos sobre o Predador. As cenas na floresta vão remeter o público ao primeiro filme da franquia, quando o caçador alienígena trucidou todo um esquadrão de militares até cair no mano a mano com Schwarzenegger. Não é necessária experiência prévia com a saga para entender A Caçada, mas enriquece a sessão.
Também diretor do longa, Trachtenberg estreou na função pegando carona em outra franquia e fez bonito: com Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, 2016), ele criou um episódio independente, mas com referências ao anterior, e ainda teve uma sequência, fechando a trilogia Cloverfield. Além de todos os méritos técnicos, da bela fotografia aos ótimos efeitos especiais, Trachtenberg trata os indígenas com muito respeito, observando cuidadosamente os costumes deles e contratando atores de origem similar, o que seria essencial para dar veracidade à trama.
Algumas críticas têm aparecido em fóruns de discussão e postagens sobre A Caçada com relação ao protagonismo feminino, usando palavras cretinas da moda como lacração e chamando a história de feminista, como se isso fosse demérito. Depois de vários heróis homens (Danny Glover é outro exemplo) e filmes que timidamente misturaram os gêneros (Predadores, 2010, e O Predador, 2018), é muito bacana ver uma mudança real, não só de cenário, mas de liderança. E Amber Midthunder funciona muito bem, imediatamente se tornando um nome a se acompanhar. Não seria de se estranhar se ela logo ganhar um papel no Universo Cinematográfico Marvel.
Achei uma boa investida esse retorno ao universo de Predador. Recursos simples (não precisa mais que isso), historicamente muito bem localizado, bom elenco, boa fotografia (o lugar ajuda rs), ação excelente e protagonismo merecido. Só gostaria que a tribo falasse a língua dos Comanche o tempo todo. São poucos diálogos, nem seria tão trabalhoso.
Excelente review, amigo!! \o/
Valeu, Maurício!
Adorei a crítica e concordo com você.
E gostei muito do filme, ficando até com vontade de revisitar o filme de 1987.
Vou acabar voltando nele também, Letícia!