Better Call Saul divide sua última temporada com a tensão lá em cima

A prequel de Breaking Bad está próxima de seu fim, ao mesmo tempo em que se aproxima da série original. Quando, em 2012, a quinta temporada de Breaking encerrava sua primeira parte, os fãs da série precisaram esperar um ano para ver a jornada de Walter White e Jesse Pinkman se encerrar. Agora, os fãs de Better Call Saul precisarão de pouco mais de um mês para saber o que esperar do final da saga de Jimmy McGill e Kim Wexler.

Mais uma vez, Vince Gilligan e Peter Gould, criadores tanto de Breaking Bad quanto de Better Call Saul, provam que a capacidade de criar uma história sólida, muito bem construída e contada não se limitou à obra original. A primeira metade do sexto ano de Better Call Saul constrói calmamente uma narrativa que sabe onde quer chegar: o que aconteceu para que um pacato advogado se transformasse em um trambiqueiro e também uma das mentes por trás de um mega tráfico de metanfetamina. Algo inevitável é dizer – sem receio de spoiler – que os rumos de certos personagens nunca vistos em Breaking Bad serão encerrados aqui. Kim Wexler, Nacho Varga, Lalo Salamanca e Howard Hamlin começam a ter seus destinos traçados.

Nesse sentido, Gilligan e Gould não querem deixar pontas soltas. Para encaminhar não só o desfecho desses personagens como também preparar a história que se conhece em Breaking Bad, os criadores exalam talento cinematográfico, sobretudo em roteiro, usando artifícios, como a arma de Tchekhov, para mostrar que tudo em cena importa. E cada elemento será fundamental para o desenrolar do mote. Ainda que em alguns momentos a calma parece ser enfadonha ou em um ritmo contrastante para um final de série, Better Call Saul prova que até esse ritmo mais lento importa, e não só: mostra perfeitamente o porquê de isso ser necessário.

Outro ponto a favor da série está nas atuações. Bob Odenkirk, com seu Jimmy McGill/Saul Goodman, e Rhea Seehorn, como Kim, merecem óbvios elogios, salta aos olhos a capacidade de ambos de mostrar nuances de seus personagens que ainda não conhecemos, mesmo depois de quase oito anos de série. Nesse caminho, Bob impressiona não só pelo conforto na pele de Saul, mas por conseguir mostrar ainda mais de um personagem que se conhece há exatos 13 anos.

Além da dupla protagonista, Michael Mando com Nacho Varga e Patrick Fabian com Howard Hamlin entregam muito em personagens que pareciam ser facilmente descartáveis em alguns momentos da série – sobretudo Howard, o advogado que, na quinta temporada, parecia perder espaço na trama. Tony Dalton, o Lalo Salamanca, interpreta um vilão carismático e, ao mesmo tempo, cruel e sem qualquer piedade, colocando-o no mesmo patamar dos antagonistas vistos em Breaking Bad.

Better Call Saul, assim como a sua série original, fecha a primeira parte da última temporada com uma tensão alta e cheia de expectativa para esses seis episódios restantes. Os sete primeiros, até agora, mostram que a história não parece querer deixar pontas soltas, o que aumenta a ansiedade para saber o final dessa trama que ainda tem muito a contar. A série volta ao ar no dia 11 de julho, pelo AMC nos EUA. No Brasil, reaparece no dia 12, com um episódio liberado por semana, um dia após a exibição estadunidense.

Patrick Fabian, Jonathan Banks e Tony Dalton se preparam para o final da série

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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