Adolescência é o novo sucesso da Netflix

Em 2017, a Netflix focou o público jovem e causou polêmica com 13 Reasons Why, série que se tornou um fenômeno obrigatório a todo e qualquer ser humano que não vivesse em uma caverna sem luz – e, sobretudo, a quem escreve sobre Cinema e TV. Em 2025, o serviço de streaming conseguiu de novo, agora voltado para os adultos, especialmente aqueles com filhos: Adolescência (Adolescence) é o barulho do momento, do Reino Unido para o mundo.

O principal elemento da conversa que vem com Adolescência é o tema: bullying e o que o cerca. “O que os garotos fazem trancados no quarto o dia todo?” é a pergunta que Stephen Graham e Jack Thorne, criadores da atração, parecem fazer. Muitas entrevistas foram dadas por ambos nos últimos dias, nas quais eles deixam claro que não trazem respostas, até porque eles não as têm. No entanto, propõem questões a serem discutidas pela sociedade para que se possa chegar a algum lugar.

No início do primeiro episódio, a polícia faz um estardalhaço ao invadir uma casa comum num subúrbio inglês e levar preso um garoto de 13 anos. Pais impotentes assistem ao filho ser colocado no camburão imaginando o que poderia ter acontecido, até que tomam conhecimento da terrível verdade: Jamie é acusado de matar a facadas uma garota da escola. Os detetives aparecem para a investigação, vão à escola e conhecemos professores, alunos e demais funcionários. Todos os personagens sociais são envolvidos na trama, cada um com sua fatia de responsabilidade.

Dentro da escola, o que vemos é descrito por alguns como a visão mais realista possível do dia a dia dos adolescentes, com professores suando para conseguirem um pouco de ordem enquanto os alunos agem com total desrespeito e falta de educação. Pode ser um pouco exagerado, mas rapidamente tomamos conhecimento do tipo de conversa que se desenrola entre esses jovens, com códigos próprios a eles que quem está de fora não entende – e passa vergonha, na ótica deles.

Se, antigamente, fazer bullying (antes de ter esse nome) era chamar de gordo, girafa e afins, hoje eles cospem, humilham e até extorquem uns aos outros. Digitalmente, inclusive, já que todos parecem ter usuários em redes sociais, nem que seja apenas para saber o que está acontecendo. Saber o que o filho faz na internet se tornou tão importante quanto saber onde e com quem ele está quando sai.

E temos ainda a questão crescente do sexismo, estimulada por figuras públicas como o nojento Andrew Tate, muito famoso nos EUA e seguido por adolescentes, inclusive. Há ideias sendo difundidas, cada uma mais cretina que a outra, que só compram quem ganha algo com elas e quem ainda não tem experiência suficiente para rechaçá-las. Um exemplo é a tal regra dos 80-20: inventaram que apenas 20% dos homens seriam interessantes a ponto de atrair a atenção feminina, e os outros 80% ficariam a ver navios.

Daí surgem os incels, os celibatários involuntários, os coitadinhos que não ganham atenção de mulheres. Desculpas inventadas por adultos detestáveis e frustrados que vivem sozinhos no porão da casa da mãe e passam os dias (ou noites) criando ficções como “Michelle Obama é homem” ou “astros de Hollywood consomem sangue de crianças para não envelhecerem”. Garotos caem nesses contos e o número de casos de violência contra meninas entre 12 e 16 tem crescido (Studies in Conflict & Terrorism, 2020).

Fora o tema, outros dois tópicos têm sido discutidos: as tomadas em plano sequência, que mostram a ação em tempo real, sem cortes, o que demanda uma logística complicada dos realizadores; e a forma isolada como cada um dos quatro episódios exploram aspectos do crime sem precisarem necessariamente serem vistos em ordem. Além de professores e estudantes, a série apresenta os pais, uma psicóloga (Erin Doherty – acima) e o resto da sociedade que rodeia aquela família, com cada episódio se aprofundando em uns deles.

Quanto aos pais de Jamie (acima), é interessante ver que Graham, um dos criadores e roteiristas da atração, pega para si o papel de pai. Uma pergunta que parece surgir rapidamente quando um crime dessa natureza acontece é: “quem são os pais desse menino?”. Se, por um lado, foram omissos na rotina do filho, por outro eles podem ser vistos como pessoas absolutamente normais, trabalhadoras, que poderiam ser seus vizinhos. Ou você. Não orientaram ou acompanharam de perto o garoto e alegam que estavam muito ocupados, cuidando do sustento deles. Mais corriqueiro, impossível!

As mudanças de humor de Jaime que observamos ao longo dessas quatro horas mostram o quanto o novato Owen Cooper foi uma escolha acertada, e deve ter um futuro brilhante. As atuações são o grande diferencial de Adolescência. O tom de mistério alimentado ao longo da série, no entanto, incomoda. Se, por um lado, é natural que aconteça na cabeça dos envolvidos, para o público parece uma tentativa pueril de criar suspense e engajar. Fora esse incômodo, a obra atinge os pontos a que se propõe e deve ganhar várias estatuetas na próxima temporada de premiações.

Foto de bastidores divulgada pela Netflix

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Robbie Williams conta sua história peluda e crua

Em meio a tantas cinebiografias saindo todos os meses, os responsáveis precisam pensar em algo que a faça se destacar. No caso de Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown, 2024), a saída foi focar num período curto da vida de Bob Dylan para poder se aprofundar mais que o usual. Já em Rocketman (2019), a viagem foi sem amarras, criando passagens criativas e fora da realidade para ilustrar o estado de espírito de Elton John. Para Better Man: A História de Robbie Williams (2024), o próprio cantor retratado teve uma ideia aparentemente muito descolada: ser mostrado como um macaco!

A metáfora pode ter vários significados, e Williams contou alguns deles em entrevistas no lançamento da obra: ele se vê como alguém sempre em formação, pronto a evoluir; era tratado pela mídia como um bicho curioso; se via em um circo, como uma atração; e por aí vai. O filme não escolhe uma definição, deixando essa responsabilidade para o público. A verdade é que o macaco chama muita atenção para si, passando a funcionar como distração. O que não era necessário, já que o longa conta uma história de fato interessante. A história de Robbie Williams.

Ele já foi visto como bad boy, rebelde, e muitos sabem que ele saiu da boy band que o lançou, Take That. O que está por trás dessa imagem e dessa saída é o que o filme se propõe a contar, começando na infância do cantor e escancarando todas as inseguranças dele. Se a avó era uma boa alma que o encorajava, o mesmo não pode ser dito do pai. E do empresário da banda. E até do colega de banda, que ganha destaque, já que Gary Barlow tinha mais voz ativa e se sobressai aos outros. E a imagem passada desses três é surpreendentemente crua e negativa, fica a impressão de que processos vêm aí.

Pela forma sincera como retrata Williams e principalmente os três mencionados acima, que podem até ser chamados de vilões do filme, pode-se dizer que o roteiro é corajoso. O diretor e roteirista Michael Gracey tem experiência com personagens falhos, inclusive fazendo musicais com eles – exatamente como ele fez em O Rei do Show (The Greatest Showman, 2017), mas de forma menos exuberante. Better Man é recheado de músicas, de autoria de Williams ou que ele tenha gravado, sem dar importância a Barlow e aos demais colegas de Take That. As músicas foram regravadas para o filme, reforçando o sentimento da cena em questão.

A insistência na relação com o pai, ainda que honesta, pode cansar, mas de forma geral a sessão de Better Man é bem satisfatória. Jonno Davies (de Hunters) interpreta Williams, além do próprio Williams, que narra a história, mas o ator é substituído pelo tal macaco, com movimentos bem realistas. Não à toa o filme foi indicado ao Oscar de Efeitos Visuais. Ficou de fora de Melhor Canção porque a única original, Forbidden Road, não era tão original assim. Mesmo não sendo fã do cantor e sem conhecer as músicas, dá para aproveitar a jornada com ele.

O cantor promoveu o lançamento do longa com menos pelos

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Michael Keaton faz dose dupla de pais ausentes

No dia 27 de março, chega aos cinemas O Pai do Ano (Goodrich, 2024), comédia dramática com Michael Keaton no papel de um sujeito forçado a exercer uma função que é quase novidade para ele: ser pai. A filha adulta, grávida pela primeira vez, guarda ressentimento de não ter tido o pai por perto ao crescer, e os filhos mais jovens pela primeira vez não têm a mãe para contar, já que ela se internou. Cabe a Keaton, ou Andy Goodrich, cuidar dos gêmeos e resolver as coisas com Grace.

O engraçado é que, pouco antes do lançamento desse Goodrich (extremamente atrasado), Keaton esteve nos cinemas em Pacto de Redenção (Knox Goes Away, 2023), como John Knox, assassino experiente que começa a ter sintomas de demência e precisa correr para sua última missão: fazer as pazes com o filho distante. Além dos dois filmes terem o nome do personagem no título, eles têm em comum essa questão com a figura paterna.

Pacto de Redenção é apenas o segundo filme com Keaton na direção, após o longínquo e pouco assistido Má Companhia (The Merry Gentleman, 2008). Para garantir que as coisas dessem certo, ele chamou ninguém menos que Al Pacino para um papel menor, mas importante, e colocou o facilmente reconhecível James Marsden (o Ciclope dos X-Men) como seu filho. Knox começa a dar sinais de demência, e isso o faz estragar um serviço, ao mesmo tempo em que o filho o procura, depois de anos, pedindo ajuda. Essa é a oportunidade perfeita de tentar ajustar as coisas entre eles. Só que terá que ser rápido, já que a doença avança a passos largos.

O Pai do Ano, título infeliz da comédia que chega no fim do mês, é a forma mais errada possível de descrever Andy Goodrich. Ausente na criação da filha mais velha (Mila Kunis), que o tolera e tenta não deixar a mágoa dominar, é a ela que ele apela quando a atual esposa se inscreve num programa de desintoxicação e some. Ele precisa de ajuda para cuidar dos gêmeos, que estão indo para o mesmo caminho que Grace, já que o pai só se preocupa com sua galeria de arte. Quem rouba um pouco os holofotes é o pai do coleguinha das crianças, vivido por Michael Urie – mais conhecido como o hilário Brian de Shrinking, fazendo aqui praticamente o mesmo papel.

Apesar de muito diferentes em suas tramas e propósitos, os dois filmes têm resultados muito próximos. Nada muito excitante, inventivo ou inovador. Clichês não faltam, alguns exageros também. No entanto, Keaton e seus colegas em cena emprestam simpatia suficiente aos personagens para cativar o público, que torce por eles até quando fazem algo errado.

Caso você esteja se perguntando se Keaton teria escolhido dois projetos sobre pais distantes por ser uma situação vivida por ele, a resposta é um sonoro não! O músico e compositor Sean Douglas tem um ótimo relacionamento com o pai, de quem pegou o sobrenome verdadeiro como nome artístico. E deu a ele um casal de netos. Em 2015, ao ganhar um Globo de Ouro como Melhor Ator por Birdman (2014), Keaton agradeceu o filho, o encheu de elogios e o chamou de seu melhor amigo.

Michael e Sean Douglas, pai e filho

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Conheça a carreira do talentoso Ripley no Cinema

Mantendo o suspense do lado de cá das câmeras, executivos da Netflix não dão uma posição definitiva sobre uma possível continuação de Ripley, ótima série lançada em 2024. Por mais que os envolvidos já tenham sinalizado o desejo de voltar a este universo, a gigante do streaming diz estar analisando o retorno financeiro para avaliar um sinal verde para a produção de uma segunda temporada.

Tendo estreado em abril do ano passado, a série é dividida em oito episódios e foi anunciada como uma obra fechada, finalizada ali mesmo. Desde então, no entanto, o criador, diretor e roteirista Steve Zaillian disse em entrevistas que estaria aberto a continuar a história, e o mesmo fez Andrew Scott, intérprete do protagonista. Scott só gostaria de ter um bom intervalo, já que considerou pesada a experiência de viver Tom Ripley, um personagem muito intenso, segundo o ator.

Na televisão, Scott é o primeiro a enfrentar a tarefa de dar carne e osso à criação de Patricia Highsmith (abaixo). Ripley já havia aparecido no Cinema, Teatro e rádio, mas surgiu em um livro. The Talented Mr. Ripley, publicado em 1955, chegou ao Brasil como O Talentoso Ripley e apresentou Tom Ripley, um vigarista que detesta assassinatos e só os comete se for realmente necessário. Sociopata de muita erudição e modos, Ripley aceita um pedido de um rico construtor de navios, o Sr. Greenleaf, que o toma por amigo de seu filho. A missão de Ripley é ir para a Itália atrás do jovem Dick Greenleaf, que está aproveitando a vida na costa e gastando o dinheiro do pai.

Assim começa a carreira de crimes de Tom Ripley, protagonista de um total de cinco livros, sendo o último de 1991. São eles: O Talentoso Ripley (1995), Ripley Subterrâneo (1970), O Jogo de Ripley (1974), O Garoto que Seguiu Ripley (1980) e Ripley Debaixo D’Água (1991). Highsmith escreveu um total de 22 livros, e volta e meia voltava a sua série mais famosa. Em 1960, ele foi descoberto pelo Cinema, ganhando sua primeira adaptação. Plein Soleil (Purple Noon em inglês) aqui virou O Sol por Testemunha, estrelado por um dos maiores atores franceses de todos os tempos: Alain Delon.

Confira abaixo as encarnações de Ripley no Cinema:

– O Sol por Testemunha (Plein Soleil, 1960):

René Clément, diretor bem estabelecido, comandou uma adaptação luxuosa, com alguns dos atores franceses mais requisitados da época, contando a história do primeiro livro. Highsmith comentou ter adorado Delon no papel, mas não gostou das alterações feitas principalmente no final, que ela considerou politicamente corretas e covardes. Ainda assim, é um policial de primeira qualidade.

– O Amigo Americano (Der amerikanische Freund, 1977):

Mais do que contar uma boa história e ter atuações marcantes, o longa do diretor alemão Wim Wenders cria uma atmosfera lenta, mas típica do cinema noir, envolvendo o espectador, e usa diálogos em inglês e alemão entre os diferentes personagens. Vivido por Dennis Hopper, Ripley tem uma vida tranquila em Hamburgo, participando de um rico esquema de quadros falsificados – o filme usa alguns elementos do livro anterior, Ripley Subterrâneo. Em um leilão, é apresentado a um emoldurador que o despreza por já ter ouvido coisas negativas a seu respeito. Por pura vingança, Ripley envolve o sujeito numa trama de assassinato e revira a vida dele. Highsmith disse não ter gostado do filme, mas meses depois ela o assistiu novamente e mudou radicalmente de opinião, mandando uma carta com elogios ao trabalho de Wenders.

– O Talentoso Ripley (The Talented Mr. Ripley, 1999)

Talvez a adaptação mais famosa, por ter nomes hollywoodianos que se tornaram marcantes, O Talentoso Ripley do saudoso Anthony Minghella não deixa nada a dever a seu antecessor. Contando a mesma história de O Sol Por Testemunha, o filme é mais fiel à fonte e é igualmente vistoso, passando por cenários fantásticos e investindo na tensão gerada pelas ações de Ripley. Matt Damon faz um ótimo trabalho como protagonista, aos 29 anos, mas com cara de mais novo, exatamente como o papel pede, e olhando para o Dickie de Jude Law com o brilho de um tigre que olha para sua presa. Há qualidades e pontos diferentes o suficiente para justificar que se assista às duas obras, mesmo que as tramas sejam similares.

– O Retorno do Talentoso Ripley (Ripley’s Game, 2002)

Ter John Malkovich na pele de Ripley já é razão suficiente para conferir o longa. Ele é de longe o maior chamariz desse Retorno do Talentoso Ripley, cujo título nacional claramente tenta se aproveitar do sucesso do longa de 1999. O livro de Highsmith já havia dado origem a O Amigo Americano, e aqui temos um filme bem diferente. Malkovich vai eficientemente do charmoso negociador de arte ao assassino frio e calculista, sendo provavelmente a melhor encarnação de Ripley no Cinema. A direção de Liliana Cavani é correta e discreta e dá ao longa um clima de anos 60, mesmo sendo atual.

– Ripley No Limite (Ripley Underground, 2005)

Baseado no segundo livro da série, o filme traz Barry Pepper como Ripley, uma encarnação menos inspirada, talvez porque o roteiro não ajude. Um jovem pintor em ascensão morre num acidente de carro e Ripley combina com as pessoas mais próximas de esconderem o corpo e continuarem vendendo novos quadros, falsificados por outro pintor. A trama tem muitas reviravoltas e consegue se manter minimamente interessante, mas o ritmo mais acelerado dá um ar de aventura bobinha, uma mesmice bem aquém do poderoso personagem de Highsmith. Ainda que genérico, não chega a ser ruim, é só esquecível.

Todos os intérpretes de Ripley

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Oscar 2025 – Indicados e Previsões

Domingo, dois de março, em pleno Carnaval: hoje é dia de Oscar! Como manda a tradição, O Pipoqueiro traz todos os indicados, nas 23 categorias, e seus palpites. A 97ª cerimônia de entrega dos Academy Awards será apresentada pela primeira vez pelo comediante Conan O’Brien, veterano da televisão.

O maior mistério dessa edição é o recordista de indicações: Emília Perez teve 13, o que é inacreditável tamanha é a ruindade do longa. E o foco da atenção de mais de 211 milhões de brasileiros está nas categorias de Filme, Filme Internacional e Atriz Principal. Estamos falando de Ainda Estou Aqui, longa com três indicações à estatueta careca e chances reais de vitória – ao menos como Filme Internacional, depois das tretas envolvendo Emília Perez. Fernanda Torres entra forte na disputa, mas Demi Moore andou ganhando outros prêmios, o que indica seu favoritismo.

O Brutalista e Wicked têm 10 indicações cada e vários outros filmes seguem com menos indicações. Se levarmos em conta outras premiações já realizadas, como o Bafta, teremos uma pulverização de prêmios, e todo mundo volta para casa feliz. Esta será uma das edições mais incertas, mais difíceis de prever, com poucas categorias dadas como certas. Os atores coadjuvantes, por exemplo, devem ser Kieran Culkin e Zoe Saldaña. Já os principais…

Abaixo, você confere a lista de indicados por categoria, com links para as críticas disponíveis no Pipoqueiro. O número 1 em frente indica o meu palpite para o vencedor e o número 2 indica aquele que eu gostaria que ganhasse. Se os dois coincidirem, terá apenas um X.

Melhor Filme

Anora

O Brutalista

Um Completo Desconhecido

Conclave – 1

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Ainda Estou Aqui – 2

Nickel Boys

A Substância

Wicked

 

Melhor Direção

Sean Baker (Anora) – 1

Brady Corbet (O Brutalista)

James Mangold (Um Completo Desconhecido) – 2

Jacques Audiard (Emilia Pérez)

Coralie Fargeat (A Substância)

 

Melhor Ator

Adrien Brody (O Brutalista) – 1

Timothée Chalamet (Um Completo Desconhecido)

Colman Domingo (Sing Sing)

Ralph Fiennes (Conclave) – 2

Sebastian Stan (O Aprendiz)

 

Melhor Atriz

Cynthia Erivo (Wicked)

Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez)

Mikey Madison (Anora)

Demi Moore (A Substância) – 1

Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui) – 2

 

Melhor Ator Coadjuvante

Yura Borisov (Anora)

Kieran Culkin (A Verdadeira Dor) – 1

Edward Norton (Um Completo Desconhecido) – 2

Guy Pearce (O Brutalista)

Jeremy Strong (O Aprendiz)

 

Melhor Atriz Coadjuvante

Monica Barbaro (Um Completo Desconhecido)

Ariana Grande (Wicked)

Felicity Jones (O Brutalista)

Isabella Rossellini (Conclave) – 2

Zoe Saldaña (Emilia Pérez) – 1

 

Melhor Figurino

Um Completo Desconhecido

Conclave

Gladiador II

Nosferatu

Wicked – X

 

Melhor Cabelo e Maquiagem

Um Homem Diferente

Emilia Pérez

Nosferatu – 2

A Substância – 1

 

Melhor Trilha Sonora

O Brutalista – 1

Conclave

Emilia Pérez

Wicked – 2

Robô Selvagem

 

Melhor Curta-Metragem em Live-Action

A Lien

Anuja

I’m Not a Robot

The Last Ranger

The Man Who Could Not Remain Silent – X

 

Melhor Animação em Curta-Metragem

Beautiful Men

In the Shadow of the Cypress

Magic Candies

Wander to Wonder

Yuck! – X

 

Melhor Roteiro Original

Anora – 1

O Brutalista

A Verdadeira Dor – 2

A Substância

Setembro 5

 

Melhor Roteiro Adaptado

Um Completo Desconhecido – 2

Conclave – 1

Emilia Pérez

Nickel Boys

Sing Sing

 

Melhor Canção Original

El Mal, de Emilia Pérez

The Journey, de Batalhão 6888 – X

Like a Bird, de Sing Sing

Mi Camino, de Emilia Pérez

Never Too Late, de Elton John: Never Too Late

 

Melhor Documentário

Black Box Diaries

No Other Land – 1

Porcelain War

Soundtrack to A Coup D’Etat – 2

Sugarcane

 

Melhor Documentário de Curta-Metragem

Death By Numbers

I am Ready, Warden

Incident – X

Instruments of a Beating Heart

The Only Girl in the Orchestra

 

Melhor Filme Internacional

Ainda Estou Aqui – X

A Garota da Agulha

Emilia Pérez

A Semente do Fruto Sagrado

Flow

 

Melhor Animação

Flow – 2

DivertidaMente 2

Memórias de um Caracol

Wallace e Gromit: Avengança

O Robô Selvagem – 1

 

Melhor Design de Produção

O Brutalista

Conclave

Duna: Parte 2

Nosferatu

Wicked – X

 

Melhor Montagem

Anora

O Brutalista

Conclave – X

Emilia Pérez

Wicked

 

Melhor Som

Um Completo Desconhecido

Duna: Parte 2 – X

Emilia Pérez

Wicked

 

Melhores Efeitos Visuais

Alien: Romulus

Better Man: A História de Robbie Williams

Duna: Parte 2 – X

O Reino do Planeta dos Macacos

Wicked

 

Melhor Fotografia

O Brutalista – 1

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Maria Callas

Nosferatu – 2

Conan O’Brien, com seu marcante e exagerado topete, apresenta a festa esse ano

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Oscar 2025 – Um Completo Desconhecido

Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown, 2024) – indicado em oito categorias, incluindo Filme, Direção (James Mangold) e Ator Principal (Timothée Chalamet).

Um jovem Bob Dylan chega a Nova York em 1961 com seu violão e o caderninho onde anota suas composições e as pessoas que conhece ajudam a abrir portas, levando-o a uma ascensão meteórica.

Ao final da sessão de Um Completo Desconhecido, este verso de Like a Rolling Stone continua fazendo sentido. Do início ao fim, sabemos o mínimo sobre a vida pessoal de Bob Dylan, o que acontece até hoje. Se seu filho Jakob não tivesse fundado a banda The Wallflowers, ninguém saberia que ele tem filhos. A aura de mistério permanece e o filme retrata isso muito bem, deixando de lado qualquer fato que pudesse trazer mais informações. De onde ele veio? Não sabemos. Para onde ele vai? Quem conhece a história do músico sabe, mas o filme sabiamente faz um recorte curto, deixando o futuro para uma outra oportunidade. E não bagunça a cronologia real para fins dramáticos, como usualmente acontece.

O fato de fechar seu roteiro em uns poucos anos da carreira de Dylan permite uma profundidade maior, dando ênfase às relações que ele construiu na época ao mesmo tempo em que introduz várias de suas primeiras músicas. O diretor e roteirista James Mangold parece ter aprendido a lição, não repetindo os erros de Johnny e June (Walk the Line, 2005), no qual contou a história de outro ícone da música: Johnny Cash, que volta a aparecer aqui, com outro intérprete (Boyd Holbrook).

Ao contrário do que seria previsível, o filme não se torna episódico, pulando de anedota em anedota como que cortando ítens de uma lista. Mangold e Jay Cocks adaptam o livro Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald, título que já dá uma ideia do período coberto. Os personagens que entraram na vida de Dylan na época aparecem razoavelmente. Sabemos sobre eles o necessário para entender a relação com o cantor. O que Woody Guthrie tinha? Não sabemos. O importante é saber que foi um grande compositor e uma das maiores influências para Dylan.

Atuando, produzindo, cantando e tocando temos Timothée Chalamet, ator jovem que vem reunindo trabalhos expressivos e não esconde de ninguém que busca todos os prêmios que puder ganhar. Um dos fortes candidatos na festa de domingo, ele passa uma imagem bem adequada de Dylan, uma mistura de segurança com um certo “não me importo”. E não faz feio na voz, violão e gaita, que aprendeu em tempo recorde. Diz a lenda que ele aprendeu 40 músicas de Dylan, e os colegas que interpretam músicos (Edward Norton, Monica Barbaro e Holbrook) fizeram o mesmo com suas respectivas canções.

Em Johnny e June, Mangold elegeu para a vaga de vilão o pai de Johnny Cash, numa caracterização exagerada que certamente diminuiu a força do filme. Aqui, parece que quem faz esse papel é o próprio Dylan. Tratando todos com descaso, de amigos a amantes, e fazendo sempre o que quer, ele se mostra um verdadeiro babaca, e a produção não se furta a apresentar exatamente isso. Talentoso e cretino na mesma medida, e Chalamet abraça essa dualidade. O verdadeiro Dylan se encontrou com o diretor e anotou alguns comentários para seu intérprete, o que prova que ele estava ciente da forma como seria retratado. Talvez o passar dos anos fez Dylan ver os seus erros, passando a aceitá-los. Ou talvez ele simplesmente não se importe. Além de músicas fantásticas, ele originou um ótimo filme.

Elle Fanning vive a namorada eternizada na capa de The Freewheelin’ Bob Dylan

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Oscar 2025 – O Brutalista

O Brutalista (The Brutalist, 2024) – indicado em dez categorias, incluindo Filme, Direção (Brady Corbet) e Ator Principal (Adrien Brody).

No final da Segunda Guerra, um conceituado arquiteto húngaro judeu sobrevive a um campo de concentração, consegue emigrar para os Estados Unidos e, enquanto tenta trazer a esposa e a sobrinha órfã, busca sobreviver de pequenos trabalhos.

Dos dez filmes indicados ao prêmio principal no Oscar 2025, O Brutalista é aquele que tem mais cara de Cinema clássico. É uma cinebiografia (mesmo que fictícia), o protagonista sobreviveu ao campo de Buchenwald, a trama passa por quase todo o século XX, a fotografia tradicional mostra o desenvolvimento dos Estados Unidos… São vários os elementos que nos remetem aos clássicos. Isso e o fato de ser longo, muito longo! Tem até intervalo nas sessões!

Adrien Brody, com a cara de coitado costumeira, mostra todo o sofrimento de László Tóth, que passa por várias situações difíceis e acaba até viciado em heroína. A não ser por uma polêmica besta quanto à manipulação do sotaque húngaro por inteligência artificial em pouquíssimos diálogos, que pode influenciar negativamente a escolha, o Oscar já é dele. Seria o segundo, depois do igualmente sofrido Wlasdyslaw Szpilman, de O Pianista (2002). Dois colegas coadjuvantes foram também lembrados pela Academia: Felicity Jones, que vive a esposa de Tóth, e Guy Pearce, na pele do milionário que emprega Tóth.

Uma indicação ao Oscar que se mostra inexplicável é a de melhor montagem. O filme é excessivamente longo, não deixando nada de fora. O montador Dávid Jancsó (de Pedaços de uma Mulher, 2020), húngaro como o personagem, parece ter gostado muito de tudo que foi filmado, e às vezes não sabe como juntar as partes, apelando para o bom e velho fade out, quando você apenas escurece a imagem e passa para a próxima cena. Algumas partes são muito explicadas, enquanto outras não merecem a mesma atenção. O tom episódico afasta o público, que não se envolve pelos dramas vividos, deixando a experiência de assistir meio fria.

Os pontos negativos levantados acima deixam claro que não se trata do melhor filme do ano, ou mesmo de algo memorável que vá marcar a sétima arte. É sim um bom filme, que merece atenção. Mas as exageradas dez indicações ao Oscar mostram que o ano foi fraco para o Cinema: faltou candidato em algumas categorias ou sobrou preguiça por parte dos membros da Academia, que votaram nas mesmas obras para tudo, para facilitar. E eles nem devem conhecer a arquitetura brutalista, e o filme não explica o título.

Exemplo de arquitetura brutalista, feita com concreto bruto

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Admirável Mundo Novo estreia outro Capitão América

O grande blockbuster que estreia na semana, fugindo dos indicados ao Oscar, é a próxima produção da Marvel: Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, 2025). Com a difícil missão de suceder o admirado Steve Rogers de Chris Evans, o Sam Wilson de Anthony Mackie está sempre fazendo ou ouvindo discursos e ficamos em dúvida: quem está ali é o personagem ou o ator? Afinal, a mesma dificuldade que Wilson sente em substituir Rogers, Mackie sente em entrar no lugar dos Vingadores originais.

Muito tem sido falado a respeito do filme, pegando carona no fracasso dos últimos lançamentos do estúdio, como o terrível Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder, 2022) e o morno Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania, 2023). Pessoal se empolga nas críticas e acabam sendo injustos com a obra, que não é essa bomba toda! É um fan service total – aquele produto que alegra os fãs por trazer aquelas piscadelas para eles, com personagens meio obscuros dos quadrinhos ganhando vida (Joaquin Torres, Coral, Ruth Bat-Seraph, Dennis Dunphy…), além de recuperar filmes (e séries) anteriores, como Falcão e o Soldado Invernal, O Incrível Hulk e Os Eternos. E explicar o sumiço de um personagem desde os primórdios do MCU, além de honrar o veterano Isaiah Bradley (Carl Lumbly).

Pontas foram deixadas nas obras mencionadas e Admirável Mundo Novo as fecha com competência, o que deve satisfazer a base de fãs. Ao mesmo tempo, pode ser um problema não ter visto essas obras e ficar perdido nas referências – o que aponta ao meme de que os filmes da Marvel são um esquema de pirâmide. Sem inventar, era fácil ver senhoras na sessão do filme que deviam estar passeando no shopping e decidiram ver alguma coisa, e você vê essas pessoas deixando a sessão antes da cena pós-crédito, o que comprova a teoria de que elas não são necessariamente o público alvo. Fica a esperança de que elas tenham ao menos gostado da experiência. E não que a única cena pós-crédito (no final mesmo!) vá acrescentar alguma coisa…

As questões políticas tratadas em AMN são responsáveis pelos pontos mais interessantes do filme e os mais problemáticos. Para começo de conversa, temos um general se tornando o presidente dos Estados Unidos. O que é a indicação óbvia de que as coisas vão dar errado, já que general deveria ficar no quartel (num mundo ideal). A equipe de marketing do sujeito o aconselhou a raspar o bigode, o que gera as piadinhas de que ele mudou de visual. Que justificam a presença de um novo ator, já que o fantástico William Hurt faleceu. E trouxeram o nada mais que extraordinário Harrison Ford para o papel. O que acaba se tornando um problema, já que ele atrai o foco para ele e todo o resto do filme se torna fraco quando ele não está em cena. Era melhor ter trazido de volta o Sam Elliot do Hulk de Ang Lee.

Ao contrário de Capitão América: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, 2014), AMN não consegue sustentar a imagem de trama de espionagem, já que tudo é feito às claras e até cartazes já haviam revelado os supostos segredos do filme. Sem falar no trailer. O que nos leva ao tão comentado Hulk Vermelho, recurso pouco aproveitado no filme, mas introduzido de maneira bem razoável. Thaddeus Ross ganha mais profundidade e acaba se tornando mais interessante do que o babaca que ele sempre foi, que sempre ganhou tudo no braço. Ajuda muito ser interpretado por Ford, que traz seu carisma junto e meio que cede seu peso ao MCU.

Mackie não perde para outros protagonistas da Marvel, ele é uma figura forte o suficiente para sustentar o nome Capitão América. O fato de ele ser um Capitão América negro em um país ainda muito racista não é tratado, em mais uma oportunidade perdida pelo filme. Ele reflete a possibilidade de ser o representante de um país com um presidente com o qual ele não concorda, e querendo ou não ele é visto como o executor de tal presidente, ou menino de recados. Ele julga ser importante apoiar o presidente, quem quer que seja. Ele nunca concordou com Ross em nada, e os dois invariavelmente estiveram em lados opostos. Só que ele acha importante apoiar o presidente. O que nos leva ao questionamento automático: ele apoiaria um energúmeno como Trump? É esse Capitão América que queremos?

O fato de AMN ter menos piadinhas já é louvável. O modus operandi da Marvel estava ficando cansativo, com tantos personagens sendo os arautos de Tony Stark no stand up comedy. O diretor Julius Onah (cujo longa mais conhecido é O Paradoxo Cloverfield, 2018) segue uma linha mais séria, mesmo tendo um Joaquin Torres piadista no nível Deadpool. Torres é vivido por Danny Ramirez, que já havia sido parte da Marvel em poucos episódios de The Gifted. Fica claro que será um novo personagem a ser acompanhado.

Admirável Mundo Novo é marcado por várias oportunidades perdidas, com muitas possibilidades de críticas políticas não aproveitadas. Mesmo sem tomar partido, o maior crime do longa acaba sendo não ser emocionante. Pelo contrário, AMN lança algumas hipóteses e entra em piloto automático. Alguém pode alegar que a questão política não era importante. Claro, não era, a Marvel podia simplesmente fazer um filme covarde. Mas o problema é maior: a questão política é a pecinha que move a trama, e ela é confusa. Logo, o filme serve como um “meio do caminho”, um filme sem razão de ser. É uma aventura divertida que não desamina o espectador. A sensação de que é um “meio do caminho”, no entanto, não o deixa até o próximo filme estrear. E um certo novo metal super resistente ganhar seu merecido espaço.

Continua um mistério o fato da calça do Hulk aguentar firme

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Oscar 2025 – Sing Sing

Sing Sing (2023) – indicado em três categorias: Ator Principal (Colman Domingo), Canção Original e Roteiro Adaptado.

Participando de um programa de teatro na prisão de segurança máxima Sing Sing, John “Divine G” Whitfield (Colman Domingo) encontra seu propósito na arte, despontando como uma das lideranças do grupo, enquanto tenta provar sua inocência e recuperar a liberdade.

Indicado ao Oscar pela segunda vez consecutiva, novamente vivendo uma figura real (como em Rustin, 2023), Colman Domingo faz o detento Divine G, o principal nome do RTA, sigla em inglês do programa Reabilitação pela Arte. Além de atuar, ele escreve peças e ajuda o diretor (Paul Raci) a orientar os colegas. Tudo isso sem perder de vista seu objetivo principal: provar sua inocência e sair da cadeia. Domingo mostra mais uma vez ser um dos melhores atores em atividade, sempre com muita naturalidade em diálogos por vezes complexos e em cenas que exigem emoção.

Tirando Domingo, Raci (de O Som do Silêncio, 2019) e Sean San Jose, atores profissionais, o restante do elenco principal é formado por ex-detentos de verdade, pessoas que cumpriram sua dívida com a sociedade e passaram pelo programa Reabilitação pela Arte. Há, no filme, imagens reais deles representando, o que torna a história ainda mais pungente. Um dos atores principais, Clarence “Divine Eye” Maclin, usa seu próprio nome, já que o personagem que ele vive é muito próximo dele mesmo.

O grande trunfo de Sing Sing, a realidade daqueles personagens e suas histórias, acaba sendo também o problema do filme. Não há um clímax e os pequenos conflitos que surgem são bem discretos, fazendo parecer que tudo acaba de repente. Você está acompanhando, esperando algo que vá sacudir aquela realidade, e a sessão chega ao fim. Dá a entender que essa trama funcionaria melhor no teatro, onde a direção mais convencional de Greg Kwedar seria bem adequada. Ainda assim, é uma bela obra sobre esperança e sobre o poder transformador da arte.

Maclin descobriu o RTA depois de seis anos em Sing Sing

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Oscar 2025 – Setembro 5

Setembro 5 (September 5, 2024) – indicado em uma categoria: Roteiro Original.

Em 5 de setembro de 1972, uma equipe de televisão americana especializada em esportes se prepara para cobrir os Jogos Olímpicos de Verão em Munique, Alemanha. De repente, chega a notícia de que um grupo invadiu o alojamento dos atletas e fez a comissão israelense de refém. A pauta muda completamente e a equipe precisa se adaptar.

Muita coisa se junta para fazer crescer a tensão em Setembro 5. Um evento mundial já chama a atenção o suficiente, aumentando a responsabilidade da equipe do canal ABC. Um sequestro ao vivo, bem próximo de onde eles trabalhavam, piora a situação, levantando diversas questões morais e éticas. Seria correto mostrar o que estava acontecendo para o mundo e correr o risco de transmitir um assassinato? Esse era um dos pontos.

À frente da equipe estava um produtor pouco experiente, Geoffrey Mason (John Magaro, de Vidas Passadas, 2023), que não imaginava o quanto sua missão iria se complicar. Dividindo o peso das decisões estavam o executivo do canal, Roone Arledge (Peter Sarsgaard, de Batman, 2022), e o veterano Marvin Bader (Ben Chaplin, de A Escavação, 2021), e os três nem sempre concordavam com a próxima ação a ser tomada. Um interessante grupo de coadjuvantes completa o quadro e quem mais brilha é Leonie Benesch (de A Sala dos Professores, 2023), uma alemã em meio aos americanos que servia de intérprete.

Os fatos narrados em Setembro 5 são amplamente conhecidos e já foram inclusive mostrados em outros filmes – Munique (Munich, 2005), por exemplo, traz o que teria acontecido após, a resposta dos israelenses. Se você não sabe, é uma oportunidade a mais de manter o suspense do premiado roteiro de Tim Fehlbaum, Moritz Binder e Alex David. E a montagem enxuta e ágil ajuda muito, mantendo o ritmo acelerado que os personagens deviam estar vivenciando. O trabalho de Fehlbaum na direção só parece fácil: ele consegue cobrir os fatos e situar o espectador sem se colocar no foco.

As decisões eram tomadas por esses três

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