The Gifted explora universo mutante ausente de X-Men

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Depois de duas trilogias com os X-Men e uma com o Wolverine no cinema, a Fox resolveu que era hora de explorar o universo dos mutantes da Marvel também na TV, expandindo sua franquia. Assim sendo, depois da psicodélica Legion, eis que chega à telinha The Gifted, série que reinventa personagens já conhecidos pelos fãs dos quadrinhos e cria novos em uma história, até o momento, bem interessante.

The Gifted se passa em um mundo onde os X-Men desapareceram há algum tempo e os mutantes são uma realidade cotidiana. No entanto, a exemplo do que sempre acontece em histórias envolvendo os X-Men, e que foi um dos propósitos de Stan Lee e Jack Kirby quando criaram o grupo nos anos 1960, os mutantes ainda são uma minoria, enfrentam preconceito e são malvistos tanto pelo público humano “normal” quanto pelo Estado, que os teme e quer controlá-los. Isso piora bastante quando um acidente não explicado em detalhes faz com que o governo dos EUA aperte ainda mais o cerco contra aqueles detentores do Gene X – responsável por conceder capacidades extraordinárias a seus portadores.

O pontapé inicial da série se dá quando Andy Strucker (Percy Hynes White, de Uma Noite No Museu 3: O Segredo da Tumba, 2014), um garoto que sofre bullying na escola, manifesta seus poderes mutantes pela primeira vez durante uma briga com valentões no banheiro do colégio. Está acontecendo um baile e isso faz com que diversos estudantes sejam feridos. A situação só não se torna pior para Andy porque ele é resgatado por sua irmã, Lauren (Natalie Alyn Lind, da série Gotham). Lauren também é mutante, mas já tem alguma experiência com seus poderes, ainda que tenha sido forçada a escondê-los dos pais.

Isso se dá pelo fato de Andy e Lauren serem filhos de Reed Strucker (Stephen Moyer, de Um Homem Entre Gigantes, 2015), um promotor federal especializado em crimes cometidos contra mutantes. Pouco antes dos eventos envolvendo seus filhos, Reed estava justamente envolvido em um caso espinhoso da Resistência Mutante, grupo dedicado a ajudar mutantes a se esconderem do público. Quando Blink (Jamie Chung, também de Gotham e de Sin City: A Dama Fatal, 2014) uma mutante capaz de abrir portais de teleporte, foge da prisão, a Resistência Mutante se envolve.

No confronto com a polícia, Lorna Dane/Polaris (Emma Dumont), mutante dotada de poderes magnéticos, acaba sendo capturada. E, enquanto seus aliados, especialmente Marcos Diaz/Eclipse (Sean Teale) e John Proudstar/Thunderbird (Blair Redford), tentam bolar um plano para tirar Lorna da cadeia, Reed quer usar informação privilegiada que tem contra ela para que Polaris revele onde a Resistência de esconde.

Após ser informado por sua esposa, Kate (Amy Acker, de Person of Interest), do ocorrido com seus filhos, tudo muda para Reed. Agora, ele quer encontrar a Resistência Mutante para que eles possam proteger e ajudar seus filhos. Para seu azar, no entanto, o governo tem um departamento especializado em combater a ameaça mutante, o Serviço Sentinela, cujo agente Jace Turner (Coby Bell, de Burn Notice) não vai descansar enquanto não levar os Strucker e demais membros da Resistência à justiça.

A série explora o universo mutante de maneira competente, criando um cenário que faz sinergia com a mitologia apresentada no cinema, ainda que jogue a cronologia ali apresentada para o alto. O que, sejamos francos, é algo que Bryan Singer –  diretor de quatro dos seis filmes dos X-Men da Fox e que também produz a série – já havia feito na telona.

Uma das grandes sacadas da série é como utilizaram os Sentinelas. Se, no Cinema, eles são robôs gigantes construídos para combater a ameaça mutante, aqui eles tomam a forma de um departamento policial especializado. Essa foi uma forma bastante criativa de manter a figura dos Sentinelas atrelada à mitologia do Universo Mutante sem ter que contar com o CGI primário que caracteriza séries de TV cujo orçamento não é no montante de Game of Thrones.

The Gifted estreou nos EUA no dia 02 de outubro e no dia seguinte por aqui, sendo transmitida pela Fox todas as terças, às 22h30. Inicialmente, a primeira temporada terá apenas oito episódios, mas se os números de sites como o Rotten Tomatoes estiverem corretos, é certo que mais serão encomendados. Pelo que a série apresentou até agora, a Fox faria bem em apostar nela.

A equipe deu uma pausa nas filmagens em Dallas pra essa foto

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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