Vitórias nos gramados e luto na Atleticanidade
6 de agosto de 2016 Eduardo de Ávila
Dias atrás, numa postagem sobre amigos que conquistamos por meio de nossa paixão pelo Galo, mencionei que esse relacionamento tem viés de familiar. Morando em Belo Horizonte desde 1974, coleciono uma legião de amiGalos em mais de quatro décadas. A semana nos tirou dois ilustres Atleticanos. Não era amigo pessoal de Marcelo Reis e tampouco de Vander Lee, embora os conhecesse pela nossa convergência Atleticana.
O cineasta mineiro Marcelo Reis, que partiu prematuramente, aos 33 anos, deixa como legado obras como “No vermelho”, “Aterro”, “Esculacho” e – para nosso deleite – “O imortal do gelo”, dando a dimensão do que aquele momento da história Atleticana representa para a nossa Torcida e para os brasileiros, uma vez que no documentário fica registrada a façanha alvinegra, em que, pela primeira vez, um time brasileiro excursionou na Europa.
Mal recuperávamos do passamento do Marcelo e comemorando a grande vitória sobre o São Paulo, acordamos ontem com a notícia da morte do Vander Lee, aos 50 anos. Outro Atleticano da gema, letrista, cantor e poeta, que em várias de suas composições exaltou o Clube Atlético Mineiro. Destaco, entre essas músicas, “Galo e Cruzeiro”. Tive o privilégio de ouvir esse samba, pela primeira vez, há quase 20 anos, num de seus inúmeros shows no Palácio das Artes.
Merece ser ouvida a gravação abaixo, feita no Bar do Salomão (pelo próprio proprietário) numa de suas passagens por aquela casa genuinamente dominada por Galistas.
A perda de Marcelo Reis e Vander Lee me leva a viajar no tempo. Quantos Atleticanos, com os quais tive o privilégio de conviver, já mudaram de plano. Começo por Vilibaldo Alves, aquele que, como o Mário Henrique anuncia o gol com “caixa”, gritava “adivinhe” e a massa comemorava e Kafunga, com o seu “não tem coré-coré”. |Ambos ensinaram a este blogueiro, ainda adolescente, o que é ser Atleticano.
Além de Vilibaldo e Kafunga, outro que se tornou meu amigo inseparável por muitos anos, foi Roberto Drumond. Assistimos a um número sem fim de jogos juntos. Era meu caroneiro frequente para o Mineirão. Marcava a hora da saída e ainda definia rádio e CD a ser ouvido no carro. Quando perdi minha mãe, em maio de 2002, lá estava Roberto na missa de sétimo dia dela. Dias depois, 21 de junho, era ele quem partia para a eternidade.
Concomitantemente com a lembrança perda de cada um deles, fica aqui a gratidão por ter conhecido e convivido – ainda que brevemente – com Marcelo Reis e Vander Lee em torno dessa nossa paixão, que será sempre eterna. Um dos memes que circulam pelas redes sociais, diz que “Eu não sou Atleticano de coração, porque o coração um dia vai parar de bater. Sou Atleticano de alma, porque esse sentimento vai além da vida”.
Assim foram vocês e assim somos todos nós Atleticanos de verdade.