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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

Concorrência desleal no Mineirão

A nebulosa entrega do Mineirão à Minas Arena, vez por outra vem ao noticiário político/econômico, eventualmente ao esportivo e recentemente apareceu no policial. O antigo estádio, que antes de seu fechamento e reforma era administrado pelo Estado de Minas Gerais, sempre foi objeto de questionamento pela opinião pública. Com razão, entendo, pois não cabe ao poder público gerir esse tipo de investimento.

Entretanto, embora a transferência da gestão do estádio tenha ocorrido por meio de licitação, a verdade é que os termos do contrato com a Minas Arena sempre deixam margem a especulações, sendo que na avaliação de especialistas os cofres do Estado penalizados. Pois bem, me lembro perfeitamente do imbróglio criado em função da parceria do Galo com a BWA – empresa que administra o Independência – que colocou o clube em direção oposta a outro time de Belo Horizonte.

Mineirão reformaEnquanto o Galo, por intermédio do então presidente Alexandre Kalil, se recusou a assinar acordo para a utilização do Mineirão, o dirigente adversário – açodadamente, penso – formalizou a parceria de seu clube. Tempos depois – isso está em todo noticiário – deixou de repassar a parcela devida contratualmente da renda à administradora, ocasionando uma disputa judicial entre as duas partes. Recentemente a justiça negou uma liminar ao clube.

Não tenho elementos para entrar no mérito dessa disputa, uma vez que não conheço absolutamente nada do que acordaram e assinaram Minas Arena e o clube em questão. Creio, entretanto, que diante da necessidade de fazer firula para a sua platéia (torcedores), a decisão atendeu muito mais a valores emocionais do que comerciais e respeito com o seu público. Os Atleticanos brincavam que “o Independência é nosso”, quis o presidente do outro lado tentar impor que então “o Mineirão é daqui”.

A cada dia e nova informação me convenço mais de que Kalil estava correto. Agora, vejo a Minas Arena oferecendo cadeira cativa ao torcedor mineiro por apenas R$ 50 mensais. E na divulgação dessa afronta aos clubes, especialmente ao que aderiu àquela arena, posta em sua divulgação o seguinte texto: “E ainda você pode ficar bem perto do gramado, com visão privilegiada! Ah, caso queira dividir com seu amigo que torce para o rival, você pode comprar também! Corre e compre já a sua!

Clicando aqui, você confere o produto oferecido pela Minas Arena.

imageOra, isso é uma aberração. O setor vermelho, oferecido, por edital pertence à Minas Arena. O preço de R$ 50 é muito mais barato do que os programas de sócio-torcedor do Galo e dos outros dois clubes de Belo Horizonte. Ou seja, o torcedor paga esse valor e vai a todos os jogos do Mineirão, seja de qual for o clube e no melhor lugar do estádio.

Vejamos. Quem é o verdadeiro dono do espetáculo? Claro que são os clubes, que têm de pagar, entre outros compromissos, os altos salários dos jogadores. Na época do Mineirão gerido pelo governo me lembro de que o aluguel do estádio, retido no borderô, era da ordem de R$ 1 mil. Hoje, segundo apurei, só para abrir a arena os clubes já pagam algo em torno de R$ 60 mil, atingindo ao final valores que ultrapassam R$ 200 mil, retidos no ato do evento. E tanto o Galo quanto os outros clubes nacionais ainda pagam taxas da FMF, CBF, impostos e outros tributos afins. Vermelho inferior e roxo superior não computam receitas para os clubes. Isso pode ser verificado nos borderôs das partidas.

A soma desses dois setores atinge 6 mil lugares. A Minas Arena dispõe ainda de camarotes, explora os bares e o estacionamento – este a valores considerados extorsivos (R$ 30 reais por cada veículo) – obtendo receitas em todas essas frentes em detrimento de quem faz o espetáculo. A receita da administradora, assim, será sempre maior que dos clubes.

Dito isso, sem entrar em detalhes que desconheço, entendo e defendo a imediata revisão da exploração do estádio, a exemplo do que já começa a ocorrer em outras praças. Os clubes, seja o Galo ou até nosso adversário, não tem de viabilizar projeto de quem até agora não mostrou nenhuma sensibilidade ou interesse no engrandecimento do futebol mineiro.

7 thoughts to “Concorrência desleal no Mineirão”

  1. Ue…
    A Minas Arena não é instituição de Caridade.
    Deixaram o Governo fazer esse acordo com ela…
    Eles são DONOS do Mineirão. Serão por décadas.

    Quem não estiver satisfeito, como nós do Galo não estamos, que jogue noutro lugar.
    Ou construa estádio.

    A Casa é deles.
    Eles cobram o preço que quiserem.
    E aluga quem quiser.

    Foi o contrato que o governo fez.
    O povo deixou
    O Cruzeiro deixou
    O Atlético deixou.

    Agora, não adianta chorar.

  2. Prezados, Quem foi o PAI desse problema, tem que vir a público e consertar! Lembro que na época, o governo estadual que era dono do MINEIRÃO, falou a quatro cantos que o tal PPP, era a solução, e que a iniciativa privada daria conta, e melhoraria para atender melhor a POPULAÇÃO. Deu no que deu, estamos nas mãos dessas pessoas que só pensam em enriquecimento e nunca pensam na POPULAÇÃO! Onde esta o LEGADO DA COPA? Obraigado!

  3. Eduardo, muito lúcido o seu comentário. Concordo com o Guilherme Simões quanto ao aspecto financeiro para os clubes. E acho melhor ainda que você não mencione o nome original do clube …

  4. Bom dia Eduardo, a pior parte da história você nem mencionou. Essa vilania chamada PPP que o “impoluto” Aécio Neves e seus asseclas enfiaram goela abaixo do povo mineiro garante que se a concessionária não obtiver lucro com os eventos haverá um repasse governamental. Isso é um absurdo, na verdade, em termos práticos, o Estado se apresenta como um garantidor do investimento do particular. Daí eu lhe pergunto: onde está o interesse público nisso? Há nítido desvio de finalidade nisso. Pior, com a sucessão no Palácio da Liberdade a CPI do Mineirão, que teve vários deputados que foram eleitos por sua relação com o futebol, foi sistematicamente colocada no limbo. Com a palavra o MPMG. Saudações alvinegras!

  5. Uma solução prática para esse problema é o boicote tanto do Galo quanto do Cruzeiro à mandar seus jogos no Mineirão. Aí sim vamos ver o circo pegar fogo e mais um estádio herdado da Copa do Mundo se tornar um grande elefante branco….será que a autoritária administradora Minas Arena irá bancar os custos de manutenção do Mineirão fechado???? A renda dos espetáculos tem que ser destinada SEMPRE aos clubes, pois são eles são quem trazem o público e consequentemente movimentam a economia do futebol. Fora do gramado, Atlético, Cruzeiro e América tem que trabalhar juntos e impor a força do futebol mineiro!!!

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