Ray Donovan é boa novidade na TV

por Marcelo Seabra

Ray Donovan banner

A estreia nos EUA foi em 30 de junho e já está em exibição na HBO Brasil. Ray Donovan, nova série do Showtime, bateu recorde de audiência em sua estreia, com 1,35 milhão de espectadores, superando Dexter e Homeland. Quem ganha com isso, claro, é o público, com tantas boas séries em exibição na TV. Difícil é selecionar qual assistir, ou ficar o resto da vida sentado no sofá seguindo tudo. Ray Donovan vem mostrando ser uma das que valem a pena e pode bem ser adotada por aqueles que ficarão órfãos com o fim de Dexter, que está no meio de sua última temporada.

Lembra do Mr. Wolf, personagem de Harvey Keitel em Pulp Fiction (1994)? “Eu sou Winston Wolfe, eu resolvo problemas”. Ele cuidava de situações delicadas, como sumir com um cadáver e limpar a cena do crime, que possivelmente mandariam os envolvidos para a cadeia. Pois Ray Donovan, o protagonista da série homônima, faz exatamente isso, com duas diferenças: ele tem toda uma estrutura legal por trás, atuando como complemento; e ele realmente coloca as mãos na massa, não ficando apenas nas instruções. Ah, e os clientes não são uns criminosos quaisquer, mas gente da alta sociedade de Hollywood. Entre artistas e empresários, acontece muita coisa que o americano médio nem sonha, e isso se deve a Ray e sua turma, que acobertam tudo quando devidamente pagos para isso.

Ray trabalha para uma firma de advocacia muito prestigiada e lidera a divisão não divulgada, mas que todos parecem conhecer. Ele é uma lenda entre as celebridades que costumam se meter em enrascadas, e tem dois colaboradores de confiança para ajudá-lo. Outra característica interessante de Ray é a família: além da mulher e filhos, ele tem um irmão traumatizado que não trabalha (Dash Mihok, de O Lado Bom da Vida, 2012), enquanto o outro é um ex-boxeador com Parkinson que cuida de um ginásio (Eddie Marsan, de Jack – O Caçador de Gigantes, 2013). Mas problemas mesmo ele tem com o pai, o detestável ex-presidiário Mickey, vivido com visível prazer pelo veterano Jon Voight (abaixo), hoje mais lembrado como o pai da Angelina Jolie. Outro medalhão do elenco é Elliot Gould, o pai de Ross e Monica em Friends, que faz o excêntrico e milionário mentor de Ray. E a presença de James Woods (da série Shark) é prometida ainda para a primeira temporada.

Ray and Mickey

No papel principal, Liev Schreiber mostra que tem condições plenas de segurar uma série nas costas. No Cinema, ele costuma ser coadjuvante, como em X-Men Origens: Wolverine (2009), no qual viveu o vilão Victor Creed, e na série Pânico (Scream), em que fazia o assassino condenado injustamente Cotton Weary, além de vários outros. Entre projetos de grandes orçamentos e produções independentes, ele é sempre competente, e merecidamente ganhou mais responsabilidade agora, à frente de um bom elenco.

Muitos elementos da trama serão descobertos aos poucos, os primeiros episódios deixam muitas pontas soltas. Recebemos dicas sobre certos personagens, mas elas chegam cifradas e fragmentadas. O fato de serem muitos personagens também não facilita a compreensão, mas dá veracidade à série. Afinal, Ray encontra muita gente em seu dia a dia, como acontece na vida da gente, e não fica restrito a apenas dois ou três núcleos. Para haver identificação com o público, o protagonista tem profundidade, fugindo do estereótipo do cara durão que quebra tudo e resolve as coisas no braço. Ray tem muito carinho e preocupação por sua família e ainda ajuda alguns pobres coitados que cruzam seu caminho.

Claro que, com números de audiência tão bons e tanta cobertura da mídia, Ray Donovan teria garantida a sua continuidade em 2014. Ann Biderman, a criadora da atração (e roteirista de Inimigos Públicos e As Duas Faces de um Crime), teve a confirmação da segunda temporada menos de um mês depois da exibição do primeiro episódio, o que mostra a confiança que o Showtime está demonstrando. E, como se a série ainda precisasse de mais atenção, o produtor executivo Bryan Zuriff se declarou culpado de comandar uma central ilegal de apostas e de lavagem de dinheiro. Ele teria até ligações com a máfia russa. Enfrentando a possibilidade de pegar até cinco anos de cadeia, ele anunciou estar deixando o programa para resolver seus “problemas pessoais”.

A "família" se reúne para o lançamento em Los Angeles

A “família” se reúne para o lançamento em Los Angeles

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Monstros e robôs garantem a diversão

por Marcelo Seabra

Pacific Rim banner

Tudo o que Michael Bay e Roland Emmerich tentam fazer há anos, Guillermo del Toro conseguiu: um bom filme com robôs, alienígenas e destruição em massa. Homenageando os clássicos filmes de monstros japoneses (os kaiju eiga), com direito a citação ao final para os mestres Ishirô Honda e Ray Harryhausen, del Toro dirige Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013), longa de ação que consegue ser fantasioso, divertido e ambicioso. Depois de uma rápida contextualização, vamos direto para o campo de batalha, que é nada menos que o mundo todo.

A primeira qualidade da obra que fica clara: não se mostram os americanos como heróis do mundo ou principais vítimas. Temos vários lugares sendo contemplados e, apesar dos personagens se entenderem em inglês, não parecem ser todos do mesmo país. As nações se unem para combater um mal que vem do mar, de uma fenda misteriosa no fundo do Oceano Pacífico. Ela parece ser uma porta para outra dimensão de onde vêm criaturas enormes, chamadas kaiju, que só parecem interessadas em destruir cidades inteiras. Para combatê-las, os humanos criam robôs com aproximadamente a mesma altura, os Jaegers, que precisam ser pilotados por duas pessoas. É feita uma espécie de ligação cerebral entre as duas e o robô ganha vida.

Pacific Rim Jaeger

Para o cargo de protagonista, foi convocado Charlie Hunnam, visto em Green Street Hooligans (2005) e mais recentemente em A Fuga (Deadfall, 2012). O ator se mostra uma boa escolha e faz o melhor que pode com o aquele que deve ser o personagem menos desenvolvido de todos, o piloto de Jaegers Raleigh Beckett. O inglês Idris Elba, da série Luther, é o líder que eles precisam na pele do Marechal Pentecost, enquanto a japonesa Rinko Kikuchi, de Babel (2006), está no outro extremo como a bem preparada mas inexperiente Mako Mori. No núcleo mais engraçado, temos Charlie Day (de Quero Matar Meu Chefe, 2011) e Burn Gorman (da série Revenge) como colegas cientistas que se tratam como rivais e querem estar certos, e ainda o Hellboy Ron Perlman como Hannibal Chau, a única figura exagerada do longa. Só conhecemos o necessário de cada um, aquilo que será importante para o roteiro, e até o irritante Day está adequado ao papel.

Algo que pode ser visto como um defeito de Círculo de Fogo (além desse título nacional genérico e repetido) também acontece com produções como The Wolverine (2013) e O Homem de Aço (Man of Steel, 2013): a necessidade de não pegar uma censura alta acaba com a possibilidade de vermos sangue ou cadáveres em cena. Toda aquela destruição fica muito limpa, o que não condiz com o que vemos. No entanto, em momento algum o filme se torna aborrecido como a aventura do Super-Homem, e a destruição tem um porquê. Os monstros a buscam, e eles podem querer ir para o meio de uma cidade. A chuva freqüente até chega a incomodar, mas proporciona belas imagens. E há até uma certa relevância social, já que vemos pessoas aceitando subempregos, mal pagos e perigosos, como numa volta à época da Revolução Industrial, uma discreta crítica aos rumos em que seguimos.

O roteiro, assinado por del Toro e Travis Beacham (de Fúria de Titãs, 2010), baseado numa história do segundo, é bem enxuto, deixando bastante tempo para que os planos sejam executados. No momento em que a trama começa, os Jaegers já não estão dando conta do recado e outra saída é necessária contra os kaijus. A base onde ficam os robôs e toda a equipe envolvida na resistência tem um design fantástico, tudo muito prático e crível, e os próprios robôs são muito bem trabalhados, cada um com uma personalidade, por assim dizer. Os efeitos que dão vida a eles dão também veracidade, já que eles não são ágeis e leves como, por exemplo, os Transformers de Michael Bay. Quando um Jaeger é derrubado, dá para perceber o peso e a dificuldade para se reerguer. Esses detalhes fazem o público se envolver, trazer à tona a criança interior e aproveitar a jornada. No fim, nem parece durar 131 minutos.

Os protagonistas Hunnam e Kikuchi lideram a resistência

Os protagonistas Hunnam e Kikuchi lideram a resistência

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De Niro ainda guarda grandeza

por Marcelo Seabra

Being Flynn

É muito gratificante ver que Robert De Niro ainda tem, lá dentro, aquele talento todo que nos acostumamos a ver. Nos últimos anos, com várias bobagens no currículo (como Poder Paranormal, 2012), muitos devem ter desistido de acompanhar o ator, se prendendo apenas a seus trabalhos mais antigos. Em A Família Flynn (Being Flynn, 2012) ele defende com paixão seu personagem, para a alegria do espectador, e é acompanhado por um colega de mesmo nível, Paul Dano, do recente e igualmente bom Ruby Sparks (2012). Julianne Moore (de Amor a Toda Prova, 2011), com menos tempo em cena, completa a complicada família do título, que está disponível nas locadoras.

Nick Flynn (Dano) tem seus vinte e muitos anos, pretende ser escritor, mas segue pegando as oportunidades que aparecem. Na verdade, essa vontade de ganhar a vida com literatura é influência do pai, Jonathan (De Niro), que nunca foi presente e sempre se disse, por cartas, um escritor de mão cheia. Na verdade, Jon é um ninguém que, após cumprir pena, nunca se acertou em um emprego por se achar demais para qualquer coisa, e não parou em um lugar. Em sua cabeça, ele é um enorme talento que logo será descoberto, mesmo que os anos avancem e nada aconteça. “Tudo que escrevo é uma obra prima”, ele diz.

Being Flynn generations

Depois de jogar o astro na fogueira em Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (Little Fockers, 2010), o diretor Paul Weitz compensa De Niro com um papel interessante, dramático e denso. Com American Pie (1999) como estreia, ninguém esperaria algo muito profundo de Weitz, mas o cineasta e roteirista se alterna entre projetos interessantes (como Um Grande Garoto, 2002) e bobagens dispensáveis. O livro de memórias do próprio Nick Flynn, Another Bullshit Night in Suck City, serviu como base para o roteiro, e dessa vez Paul não contou com a colaboração do irmão, Chris.

Como um dos trabalhos de Jon é dirigir um táxi, é inevitável associá-lo a Travis Bickle, de Taxi Driver (1976), também interpretado por De Niro. Talvez, seja uma versão menos desajustada e com delírios de grandeza, e podemos imaginar o que teria sido de Travis ao envelhecer. Dano também tem uma grande oportunidade de mostrar seu talento. Nick tem sua vida bagunçada pela repentina aparição do pai e a proximidade traz conflitos que podem derrubá-lo. Aparecendo nos flashbacks, Julianne Moore vive a sofrida mãe de Nick, uma mulher trabalhadora que desistiu de esperar pelo marido e foi à luta para criar o filho. Completando o elenco, merece destaque Olivia Thirlby (a Juíza Cassandra de Dredd, 2012), como a (quase) namorada de Nick, e Wes Studi (o Sagat de Street Fighter, 1994, lembra?), que vive o encarregado pelo abrigo para moradores de rua.

“Não importa o quanto você é bom, ninguém pode matar uma pessoa com palavras”, diz Jon Flynn. Um filme tampouco tem esse poder. Mas A Família Flynn pode levar a boas reflexões sobre envelhecimento, paternidade e a velha questão a respeito do nosso lugar no mundo. Pode parecer muita coisa para uma produção hollywoodiana de 100 minutos, mas é por aí. De brinde, ainda temos uma boa trilha sonora de Badly Drawn Boy.

"Are you talking to me?"

“Are you talking to me?”

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Stephen King volta à TV sob uma redoma

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Under the Dome

Imagine que você more em uma típica cidadezinha norte-americana onde nada de mais acontece. O xerife é aquele cara gente boa, no qual praticamente todos confiam e sua força policial é composta por meia dúzia de pessoas; o dono da concessionária local é também um vereador popular entre seus eleitores; há o típico restaurante/café onde grande parte da população local se reúne após a missa de domingo ou um dia de trabalho e é recepcionado por uma simpática atendente; há um jornal local, comandado por uma jornalista curiosa, e uma rádio pirata especializada em rock and roll. Uma cidade pequena, onde praticamente todos se conhecem, costumam se ajudar e nada de extraordinário acontece. Há até aquele confronto de gerações, onde os mais velhos se acostumaram a viver na calmaria da cidade e os mais novos não querem mais nada além de sair de lá em busca de uma vida mais excitante em alguma grande metrópole. Tudo muito típico, tudo muito clichê. Coloque tudo isso junto e você estará em Chester’s Mill, Maine.

Agora, imagine que você, morador de Chester’s Mill, está caminhando para o trabalho e vê um monomotor sobrevoando sua cidade. Imagine seguir aquele monomotor com o olhar despreocupado de quem já viu daquelas aeronaves mais vezes do que consegue se lembrar. E vê-la bater e explodir no meio do ar, como se tivesse trombado em uma parede invisível! Assim, do nada, sua cidade deixa de ser algo tipicamente clichê e passa a ser um lugar bem mais interessante para se viver. Ou, pelo menos, mais aterrorizante na medida em que você se dá conta de que aquela parede invisível é, na verdade, uma redoma dentro da qual toda a sua cidade está confinada.

Under the Dome bookBaseada no livro homônimo escrito por Stephen King, Under the Dome (ou Sob a Redoma, como a obra chegou ao Brasil no ano passado) usa a premissa acima citada para construir suas histórias. A trama foi desenvolvida para a televisão pelo escritor Brian K. Vaughan (mais conhecido pelos fãs dos quadrinhos como a mente responsável pelas ótimas séries “Y: O Último Homem” e “Ex-Machina”, mas cujos créditos televisivos incluem sete episódios escritos para Lost) e segue as vidas das pessoas em Chester’s Mill e as consequências de se viver sob uma redoma.

Fãs de Stephen King reconhecerão alguns de seus elementos recorrentes na série. Quando a redoma aparece, numa manhã de domingo, ela isola Chester’s Mill não só do resto dos EUA, mas também de boa parte de sua população, que se encontrava em um desfile em uma cidade vizinha. Isso inclui todo o corpo de bombeiros e todo o poder executivo da cidade, inclusive o prefeito, seu vice e praticamente todos os vereadores, à exceção de James “Big Jim” Rennie (Dean Norris, de Breaking Bad), que logo vai assumir a tarefa de conduzir a cidade, além de ser um dos poucos, ao lado do Reverendo Lester Coggins (Ned Bellamy, de Django Livre, 2012) e do xerife Howard ‘Duke’ Perkins (Jeff Fahey, de Machete, 2010), a ter uma maior noção do motivo de sua cidade ter sido enclausurada.

Under the Dome

Como em quase toda obra de King, há ainda o homem misterioso que logo se revelará um ás na história, o garoto desequilibrado que não aceita o fim do namoro e decide que a ex permanecerá com ele de qualquer jeito, os turistas desavisados que estavam de passagem pela cidade e permanecem presos ali, o garoto curioso que logo começa a ser afetado de maneira relativamente sobrenatural pelo isolamento (e não é o único), o policial que endoida e por aí vai. Como essas histórias se desenrolarão e se cruzarão é o principal combustível da trama, além do fato de explorar como as pessoas reagem quando confinadas em tal ambiente.

Under the Dome estreou nos Estados Unidos no dia 24 de junho e tem conseguido bons índices de audiência e críticas. Sua primeira temporada tem 13 episódios e a segunda já tem produção confirmada. A exemplo de The Walking Dead, espera-se que explore bastante o comportamento humano sob condições extremas de sobrevivência. Com aquele pezinho no fantástico que é marca registrada do escritor, roteirista e produtor Stephen King.

Vários relacionamentos foram prejudicados pela redoma

Vários relacionamentos foram prejudicados pela redoma

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Ricardo Darín se envolve em homicídio

por Marcelo Seabra

Tese Sobre um Homicídio

Apontado como o ator mais popular da Argentina já há alguns anos, Ricardo Darín vem mantendo uma média de dois filmes por ano, a maioria com muitas qualidades. Este ano, seu faro o levou à adaptação do livro Tese Sobre um Homicídio (Tesis Sobre un Homicídio), do jornalista Diego Paszkowski, e o longa acaba de chegar aos cinemas. Em meio a tantos filmes policiais convencionais, ele foge de fórmulas e do que vemos com frequência, já que tem um ritmo mais lento e propõe uma interessante discussão sobre leis e justiça. Pena que não se aprofunde no tema, preferindo focar no jogo de gato e rato.

Darín vive um professor de direito jovem para estar aposentado, mas é nesta condição que se encontra. Não descobrimos muito sobre sua personalidade, apenas recebemos migalhas ocasionais. Ele vai muito a um ginásio de boxe treinar, não perde uma oportunidade de se dar bem com belas alunas e parece ser bem vaidoso, não só quanto à aparência, mas também quanto ao reconhecimento de seus pares e do público em geral. Quando conhece um aluno que lembra ele próprio, muito auto-confiante e marcante, algo chama sua atenção. Gonzalo (Alberto Ammann, de Lope, 2010) é filho de um velho amigo e há muito não se viam. Rapidamente, a forte impressão deixada pelo rapaz é substituída por uma suspeita habilmente construída: seria ele um assassino?

Tese Sobre um Homicídio cena

A exemplo de um suspense de Hitchcock, detalhes fazem o professor ter essa desconfiança. Uma garota é morta perto do campus e, por algum motivo, ele se envolve na investigação. Para funcionar, o roteiro de Patricio Vega força certas situações que deixam até o espectador mais desavisado descrente. Detalhes são muito importantes, como o professor não se cansa de reafirmar, mas uma mente que tende a conspirações dará importância a qualquer coisa. Como em Festim Diabólico (Rope, 1948), testemunhamos um duelo de inteligências, ou ao menos um amontoado de suposições. Ammann mantém sempre feições amáveis que podem muito bem esconder um psicopata, mas não é páreo para a performance forte de Darín, que faz muito com pouco e ocupa todo o quadro.

A direção de Hernán Goldfrid parece ter boa intenção, se é que existe isso. Ele cria tensão com facilidade, usa bem ambientes fechados e escuros e leva o tempo que julga necessário para o desenvolvimento da trama. Alguns vícios, como ressaltar o estado de embriaguez com a imagem embaçada, podem ser relevados. Mas a base da construção não ajuda, as amarras do texto são frágeis e a ambiguidade final só piora o efeito. Fica a sensação de uma bela tentativa que errou o alvo. Podemos, no entanto, continuar acompanhando-o e ver no que dá.

Diretor e elenco de cara limpa

Diretor e elenco de cara limpa

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O surreal Cinema francês traz A Espuma dos Dias

por Marcelo Seabra

Espuma dos Dias posterEscritor que acumulava outras tantas ocupações, o intelectual francês Boris Vian viveu apenas 39 anos, mas criou uma produção extensa. Entre críticas, artigos, poemas e até músicas, ele deixou um livro que trazia a maior parte das características observadas em sua obra: amor não convencional, crítica social, universos surreais, jazz, objetos, títulos e palavras inventadas. A adaptação de A Espuma dos Dias (L’écume des Jours, 2013) acaba de chegar aos cinemas nacionais, nos circuitos ditos de arte, e certamente vai causar estranheza a quem não conhece o trabalho de Vian.

Além de vários videoclipes, documentários e curtas, Michel Gondry ficou famoso por dirigir Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004), longa sensível marcado por uma invenção inusitada: um procedimento que permite a uma pessoa apagar outra de suas lembranças. Em A Espuma dos Dias, ele entra de cabeça num universo sem regras, de um realismo fantástico de encher os olhos. Com roteiro de Luc Bossi (de Fuga Pela Vida, 2011), Gondry dá asas à imaginação em cada quadro, cada canto dos apartamentos dos personagens, com figurinos, direção de arte e design de produção primorosos.

Espuma dos Dias

Um fator que deve ajudar a levar público aos cinemas é a presença da eterna Amélie Poulain Audrey Tautou. Ela vive Chloé, a jovem por quem Colin (Romain Duris, de A Datilógrafa, 2012) cai de amores. Ele passa os dias a inventar e testar suas invenções, e percebe ser o único solteiro de seu círculo de amigos, que inclui o versátil empregado Nicolas (Omar Sy, de Intocáveis, 2011 – acima, à direita), o casal politizado Chick (Gad Elmaleh, de O Ditador, 2012) e Alise (Aïssa Maïga, de Caché, 2005) e Isis (Charlotte Lebon), a namorada de Nicolas que o apresenta a Chloé. A música de Duke Ellington permeia as festas, com danças que demandam um movimento de pernas impossível de ser imitado, e o filósofo Jean Paul Sartre é frequentemente citado, sob a alcunha de Jean-Sol Partre.

Os dias vão passando e a tragédia se anuncia quando Chloé se descobre com uma doença raríssima: uma flor cresce em seu pulmão. Ela começa a precisar de cuidados médicos constantes e é nesse ponto que o longa começa a se arrastar. Até a metade, tudo corre muito bem, mas o tom muda radicalmente, abandonando o bom humor de então. Com 130 minutos de projeção, a experiência se torna um tanto cansativa até para o mais aguerrido cinéfilo. No escurinho do cinema, à noite, é um convite para o sono. A proposta surreal segue firme até o fim, difícil é não dormir.

E o diagnóstico é: flor!

E o diagnóstico é: flor!

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Novo de Terrence Malick chega aos cinemas

por Marcelo Seabra

To the Wonder

Conhecido por ser avesso a aparições e pelo espaço entre as obras que assina, Terrence Malick parece estar se desfazendo desse segundo item. Foram seis anos entre O Novo Mundo (The New World, 2005) e A Árvore da Vida (Tree of Life, 2011), mas apenas mais um para Amor Pleno (To the Wonder, 2012), novo trabalho do diretor que finalmente chega aos cinemas brasileiros. E já há outros três projetos listados para Malick. Os temas abordados tendem a permanecer os mesmos, com o ser humano e suas peculiaridades em estudo.

Terrence MalickOutra ideia, essa preconceituosa e burra, que geralmente aparece quando se fala de Malick (ao lado) é que ele é um gênio, tudo o que ele faz é fantástico e quem não gosta não entendeu. Como se não fosse possível entender e não apreciar. Amor Pleno, por exemplo,  parece não ter foco, tem narrações pretensiosas que praticamente substituem os diálogos e coloca seu protagonista em uma situação difícil de acompanhar. Não que sejam só problemas, mas o resultado na balança não favorece. A própria falta de diálogos deixa implícita a fé no público, que conseguiria entender tudo sem precisar de explicações, o que é bom. Mas muita coisa fica no ar, em aberto.

Ben Affleck vive o sujeito que parece ser o cerne do longa. Apesar de ser o principal, ele é o que menos se manifesta e a câmera parece fugir dele, reforçando a ideia de um conflito interno, de uma figura tímida e sem respostas claras quanto ao futuro. Com esta atuação minimalista, Affleck se dá bem, mas continua funcionando melhor como diretor (Argo está aí para provar isso). A personagem que alimenta a projeção e cativa o público é a estrangeira vivida por Olga Kurylenko (de Oblivion, 2013). Os dois se conhecem em Paris, começam um romance e acabam indo aos Estados Unidos, morando em uma casinha do interior em uma cidade calma e honesta, aos olhos da moça. Tratando-se de Malick, fica difícil falar em trama, as coisas apenas vão seguindo um rumo e acontecendo. Cabe ao espectador acompanhar a trajetória e interpretar os símbolos dispersados pelo diretor.

Ben Affleck Rachel McAdams

Outros dois destaques do elenco trazem mais interrogações que esclarecimentos. Rachel McAdams (de Meia-Noite em Paris, 2011 – acima) cruza a vida do tal cara pela segunda vez. Fica claro que eles já se conheciam e ela aparece novamente, complicando as emoções dele. E o padre de Javier Bardem (de 007 – Operação Skyfall, 2012) se questiona a respeito de sua fé, ficando totalmente a cargo do espectador definir a importância do personagem para os demais. As teorias possíveis são várias, como a metáfora da busca por Deus em comparação com a busca pelo amor, ambas para se ter um preenchimento para uma existência sem sentido. Ou simplesmente pode-se concluir que Malick não sabia o que fazer com o padre na sala de edição, e reduziu sua participação sem cortá-la totalmente por dó de dispensar um ótimo ator. Outros não tiveram a mesma sorte: Rachel Weisz, Jessica Chastain, Michael Sheen, Amanda Peet e Barry Pepper, todos limados.

Emmanuel Lubezki já é um freqüente colaborador do diretor (em Árvore da Vida e O Novo Mundo, além dos próximos) e as cenas que ele capta são de uma beleza que dificilmente sai da cabeça. Ele consegue transformar cenários comuns e mundanos em fotos marcantes, mostrando que as emoções dos personagens são fundamentais para definir seu ponto de vista quanto ao ambiente, a poesia do local varia de acordo com o humor deles. A trilha de Hanan Townshend varia do clichê ao grandioso, ele é bem sucedido na maior parte. Com tão poucas falas, uma trilha ruim ficaria muito evidente, e o compositor se sai bem. São estes dois pontos altos de Amor Pleno, longa que deve seguir dividindo opiniões, da mesma forma que fez quando lançado no Festival de Veneza em 2012, ocasião em que ouviu-se muitas vaias.

Belas imagens não faltam

Belos quadros não faltam

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Wolverine ganha o filme solo que merece

por Marcelo Seabra

The Wolverine Wallpaper

O Wolverine. Ele é tão famoso que bastava usar o nome, e pronto. A distribuidora preferiu chamá-lo de Wolverine – Imortal (The Wolverine, 2013), trazendo um certo sensacionalismo dispensável e execrado pelos fãs. Depois do abominável Origens (X-Men Origins: Wolverine, 2009), o mais nervoso X-Man bem que merecia uma produção que o tratasse bem. Felizmente, é o que faz este novo longa, que respeita o personagem e, ao mesmo tempo, não se preocupa tanto com a mitologia, focando no básico. Temos um sujeito isolado, se escondendo do mundo e em constante sofrimento. Esse é o Logan que conhecemos.

Na pele do mutante pela sexta vez, a primeira em 3D (convertido e desnecessário), Hugh Jackman novamente faz um ótimo trabalho. Com uma dieta sugerida por Dwayne “The Rock” Johnson e muito exercício físico, ele teve seis meses para se preparar e está realmente gigantesco. Isso não passa despercebido, ele aparece sem camisa frequentemente, para delírio das garotas que farão a boa ação de acompanhar seus namorados. Mesmo tendo passado por vários visuais nos quadrinhos, Logan fica a maior parte do tempo de camiseta e calça, bem civil, a não ser quando requisitado em lutas. Aparecendo mais magro e debilitado em Os Miseráveis (Les Misérables, 2012), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, o ator parece nunca ter abandonado Wolverine, de tão à vontade que se sente em cena. E continua com cara de Clint Eastwood, o que casa muito bem com a situação de cavaleiro solitário.

The Wolverine

Dando sequência ao terceiro filme da franquia X-Men, O Último Confronto (The Last Stand, 2006), a nova aventura coloca Logan vivendo como andarilho nos cantos do mundo, quando é encontrado por uma japonesa que pretende levá-lo ao Japão a pedido de seu chefe, promovendo o reencontro de velhos amigos. Meio a contragosto, Logan aceita e acaba entrando numa grande disputa familiar por dinheiro e poder. No meio, aparece uma proposta tentadora: abrir mão do fator de cura e envelhecer como um humano normal, e eventualmente morrer. É bem comum ver vampiros filosofando a este respeito em ficções um pouco mais profundas, e a questão também toca Logan.

Famoso pelo roteiro premiado de Os Suspeitos (The Usual Suspects, 1996) e já tendo trabalhado na franquia mutante sem ganhar crédito, Christopher McQuarrie foi contratado para escrever The Wolverine. Quando o projeto trocou de diretor, com a saída de Darren Aronofsky, Mark Bomback (de Incontrolável, 2010) e Scott Frank (de Marley & Eu, 2008) foram trazidos para reescrever, mas a fonte seguiu sendo a saga japonesa de 1982 criada por Chris Claremont e Frank Miller. Detratores costumam lembrar de James Mangold pelo fraco Encontro Explosivo (Knight & Day, 2010), mas o diretor também responde por Os Indomáveis (3:10 to Yuma, 2007), Johnny & June (Walk the Line, 2005) e Identidade (Identity, 2003), três bons exemplos de um artista versátil que consegue se sair bem em gêneros tão diferentes. E não podemos esquecer Kate & Leopold (2001), primeira parceria de Mangold com Jackman.

As escolhas mais acertadas em The Wolverine foram esquecer que Origens existe, não partindo dele, e tentar dar um clima mais sombrio e pé no chão. Mesmo que, no terceiro ato, a inspiração vinda dos quadrinhos se torne mais clara. Digamos que as coisas começam com uma grande influência da moda Christopher Nolan e terminem mais próximas à festa de exageros de Os Vingadores (The Avengers, 2012). A ambientação em um Japão mais cru e violento, com máfia e tudo, lembra produções como Chuva Negra (Black Rain, 1989) e O Justiceiro (The Punisher, 1989), também uma adaptação de um anti-herói dos quadrinhos cujo azar foi ter Dolph Lundgren no papel.

Praticamente um ronin, um samurai sem mestre

Praticamente um ronin, um samurai sem mestre

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O Concurso é outra decepção nacional

por Marcelo Seabra

O Concurso

Sempre que uma comédia brasileira chega aos cinemas, torço para que tenha ao menos um aspecto interessante. Tem quem ache que crítico gosta de falar mal, como se alguém gostasse de perder tempo vendo filme ruim. Infelizmente, não foi com a estreia de O Concurso (2013) que a expectativa por um humor nacional bem feito foi saciada. Pelo contrário: clichês, estereótipos e a total falta de graça marcam a produção. Até o cartaz do longa entrega muita coisa, o público já entra na sessão sabendo exatamente o que vai acontecer.

Para que um filme nacional atraia espectadores, é necessário ao menos um nome em ascensão, e este parece ser o de Fábio Porchat, comediante visto em uma penca de séries cômicas de canais globais e em filmes como Vai que Dá Certo (2013) e Totalmente Inocentes (2012). E é logo ele quem parece ter o pior papel: o de gaúcho enrustido filho de um machão linha dura (Jackson Antunes). Como bom carioca que é, Porchat deve fazer os gaúchos de verdade sentirem vergonha alheia – e ele só de vez em quando resolve lembrar do sotaque acentuado do Rio Grande do Sul. O “arco” dramático do personagem é de deixar qualquer um constrangido.

O Concurso cena

Os outros três candidatos ao concurso do título, além do gaúcho, são: o paulista do interior que é extremamente tímido (Rodrigo Pandolfo, de Minha Mãe É uma Peça: O Filme, 2013); o carioca malandro (Danton Mello, de Vai que Dá Certo); e o cearense ligado a orixás, mandingas e trabalhos espirituais (Anderson De Rizzi, atualmente na novelas das nove). O que pode ser dito de bom é que todos estão igualmente ruins, nenhum se destaca em mediocridade. Mello, irmão financeiramente mais viável de Selton, é um mineiro tentando ter a ginga do trambiqueiro praiano. Além de naturalmente lembrar o irmão com aquele jeito manso e cansativo de falar, ele ainda repete uma fala de Meu Nome Não É Johnny (2008), só para deixar claro o parentesco. Pandolfo, coitado, faz o que o roteiro manda, por mais sem nexo que seja, e é o que mais se expõe. De Rizzi poderia bem ser o novo Bernie de Um Morto Muito Louco (1989), ele parece um cadáver ambulante com prótese nos dentes.

Os quatro vivem várias situações que se atropelam e nenhuma delas tem algo remotamente engraçado, e o roteiro parece não se preocupar com isso – nem com ter nexo. O diretor Pedro Vasconcelos faz sua estreia no Cinema e emprega a experiência que ganhou em programas de televisão e novelas, o que fica claro pela falta de criatividade das cenas e dos recursos empregados. Ah, e ele, ou alguém da equipe, achou uma boa ideia ter Sabrina Sato como atriz, o que certamente não deveria ser repetido. Nem para ser só bonita ela serve. E, caso alguém esteja preocupado, não há baixarias com sexo, o filme realmente não consegue despertar nenhuma emoção. Duro é ter praticamente certeza de que, como várias outras ditas comédias recentes, isso deve arrecadar bastante e garantir uma sequência. Quais estereótipos teremos dessa vez? O mineirinho come quieto? O baiano preguiçoso? Só esperaria que tivesse alguma graça.

Elenco e diretor apresentam a bomba

Elenco e diretor apresentam a bomba

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Passado de Michael Fassbender tem coisa boa

por Marcelo Seabra

Eden LakeOs tais slasher movies, filmes sobre matanças desenfreadas que não precisam exatamente seguir uma história, já atingiram o auge e estão sumindo, como toda moda sem propósito. Um deles, no entanto, passou batido no Brasil e merecia um pouco mais de atenção. Sem Saída (Eden Lake, 2008), lançado na Inglaterra em setembro de 2008, chegou aqui tímido, nas locadoras, e tem alguns diferenciais importantes.

O longa começa a ser descoberto principalmente por ser um dos primeiros trabalhos de maior relevância do hoje astro Michael Fassbender, o Magneto de X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011). E 2008 foi também o ano de Hunger, primeiro cartão de visitas do ator. Além dele, trata-se da estreia do diretor e roteirista James Watkins no comando de um longa. Seu A Mulher de Preto (The Woman in Black, 2012), também disponível nas locadoras, recebeu algumas boas críticas. A ascensão costuma dar novo fôlego a trabalhos anteriores, e é o que acontece com Sem Saída.

Logo de cara, somos apresentados a um simpático casal, Steve (Fassbender) e Jenny (Kelly Reilly, a esposa do “caro” Dr. Watson da franquia de Sherlock). No fim de um dia de trabalho, eles se preparam para passar o fim de semana à beira de um lago que está em vias de deixar de existir. A região será inundada e parece ser a última oportunidade de Steve para apresentar o lago a Jenny. Perto, percebemos que a população do vilarejo não é muito receptiva, cada um cuidando de sua vida e ponto. Já no lago, conhecemos um grupo de jovens baderneiros que se sentem muito à vontade no lugar.

Eden Lake couple

Incomodado, Steve vai tirar satisfação com os moleques e é desrespeitado. Fica claro que boa coisa não vai sair dali e o casal começa a ter diversos problemas. Quando Steve concorda que é melhor ir embora e deixar para lá, é tarde demais. Até aí, notamos semelhanças temáticas com filmes como os cults Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972) e Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs, 1971) e com o péssimo Doce Vingança (I Spit on Your Grave, 2010). Todos abordam as diferenças entre a população de uma cidadezinha, tida como mais rude e perigosa, e protagonistas urbanos, que têm que aprender a se virar em ambiente hostil.

Dois elementos fundamentais marcam Sem Saída. A violência vista parece bem real e é funcional, serve bem à história – ao contrário do que geralmente acontece em slashers, quando um punhado de linhas é escrito apenas para justificar a carnificina sem sentido. O outro ponto importante é o fato de, a partir de certo momento, conhecermos um pouco melhor aqueles “caipiras” juvenis e suas origens.

Fala-se muito em Bullying e os motivos e causas têm sido discutidos em diversos espaços e veículos. Watkins mostra estar por dentro das polêmicas atuais e aproveita para dar um pouco mais de conteúdo a sua obra. Trazer bons atores só ajuda, e ele ainda deixa claro o seu talento para convocar aspirantes a grandes nomes, caso de Fassbender e Reilly. Em A Mulher de Preto, ele conta com uma figura já estabelecida, Daniel Radcliffe, e seu desafio é desassociá-lo de seu personagem mais famoso, Harry Potter. Watkins parece encarar bem as tarefas que assume.

Fassbender vai tirar satisfação com os jovens

Fassbender vai tirar satisfação com os jovens

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