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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

Reinaldo e o clássico

Banner Futebol 234x60Quando deixei a minha Araxá e me mudei para Belo Horizonte para concluir meus estudos, muito melhor que ir à escola era acompanhar o Clube Atlético Mineiro, cujos jogos até então só ouvia pelo rádio e via os principais lances pela TV Itacolomi no dia seguinte. Jogo ao vivo era coisa rara naquele distante início dos anos 70. De repente, aquele adolescente descobriu que o Mineirão existia e era muito mais bonito do que imaginava.

Melhor do que encantar-se com aquele estádio que recebia 123 mil pagantes, era ficar deslumbrado com o seu time do coração. O Galo, primeiro campeão brasileiro, tinha jogadores que encantavam como Danival, Vantuir e Romeu, entre outros. Até que, repentinamente, numa renovação jamais vista, entram em ação gênios como Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro (depois trocado por Éder Aleixo), Marinho e nada menos que o maior ídolo de todos os tempos, Reinaldo.

Ontem, numa noite como já previa memorável, estive no lançamento de sua biografia, que leva a assinatura do seu filho, Philipe Van Lima. Passei boa parte da noite relendo (já que tive o privilégio de conhecer o texto ainda na sua fase embrionária) essa obra indispensável para todo Atleticano. Torcedor do passado e do presente, reencontrei muita gente querida, desde o mais anônimo Atleticano até ídolos da nossa história.

Permitam-me contar um dos casos da noite, que divertiu a nós todos. Fernando Roberto, centroavante e reserva imediato do Reinaldo, foi quem contou. Ser reserva do Rei certamente não é para qualquer jogador. Afinal, o gênio quando substituído, já deixava o Torcedor impaciente. Certa vez, o Galo perdia para o chato América do Rio (que sempre foi pedra no nosso sapato), quando o treinador resolveu lançar o reserva em campo.

Optou, entretanto, por manter o Rei e – com isso – dois homens de gol em busca de melhor resultado. Foi assim, conta o Fernando Roberto, que numa bola lançada da lateral, ele recebeu e brigou pela posse com os zagueiros. Tomou pancada, até sangrando o rosto, mas insistiu no lance e bateu os dois zagueiros. Quando venceu o último adversário, só tocou rumo às redes adversárias. A bola ia ultrapassando a linha do gol e surge Reinaldo, que de carrinho, acaba de completar para o gol vazio. E a torcida imediatamente: “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei!”

Outro assunto que dominou na agradável e Atleticana noite, evidentemente, foi a campanha do time no ano e o clássico de domingo. Sobre esse jogo, ninguém melhor do que o Rei para ilustrar sua história. Maior artilheiro do Galo de todos os tempos e também nesta partida. Entre os presentes, a maioria entende que, apesar da instabilidade do time em campo, o Galo é candidatíssimo ao título.

Gabriel jogo Galo e Sport 15-09-16
Fotos: Capa: Carlos Ribas – Interna: Bruno Cantini/Atlético

Alguns relembravam que nas oito primeiras partidas do turno, o Galo fez apenas sete pontos, enquanto agora já totalizou dez, com dois jogos a menos. Vencendo o clássico e ainda o Internacional, teremos praticamente o dobro dos pontos em igual número de jogos do returno.

Sobre o time, quase uma unanimidade a respeito de alguns jogadores. Nem vou entrar nos destaques negativos da equipe, são os mesmos de sempre. Prefiro enaltecer os nomes que têm a confiança do Torcedor. Sobraram elogios a Gabriel, teve quem afirmasse que ele supera Jemerson e ainda os dois titulares, Leo Silva e Erazo. Otero e Clayton também foram aprovados, ressaltando-se, no entanto, que ambos estão passando da hora de justificar suas contratações.

Enfim, apesar das criticas à atuação de quinta-feira, o Atleticano demonstra confiança e ainda acrescenta um dado histórico ao longo desses 46 anos de disputa do Campeonato Brasileiro. Toda vez que o Galo vem com produtividade baixa ou até oscilando, como agora, geralmente vence o clássico e cresce na competição. Que os anjos, os céus, enfim todos os orixás digam amém. Este é o nosso desejo e sonho, que assim seja!

Em tempo: haverá lançamento do livro do Rei no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O blog deixará registrado aqui na postagem de amanhã, domingo.

5 thoughts to “Reinaldo e o clássico”

  1. Tv Itacolomi ,Fernando Sasso – in memorian – anunciando ‘ tá no filó ‘ , Wanderléia no chão catando borboleta , as redes véu de noiva implorando para serem beijadas pela bola . placar luminoso mostrando a trave com o goleiro batido, piscando )))) gooooolllll gooooollll (((( , cachorrada fazendo festa na geral e arquibancadas,REI com o punho erguido comemorando mais um gol pelo GALO …! Eiiiitaaaa… ferro sô !!! Éramos felizes e sabíamos… VAMUUUUU GALOOOOOOOOOOO … !!
    – ó mariposa ô mariposa tô com saudade da ‘fuleca’ da raposa ….

  2. Sobre o Reinaldo, meu caro. Também conto uma história: O ano era 1979 ou 1980 e eu era criança e assistia um clássico na casa de um amigo, ele e todos os outros torcedores, cruzeirenses.
    Bola na área, o Rei domina cercado por três zagueiros (que já tremiam, e não sabiam…). Finta de corpo no primeiro, sem precisar sair do lugar, um corte no segundo, com 5 centímetros de espaço e o toque sutil no cantinho, sem chance de defesa.
    Não comemorei muito, para não apanhar, e um torcedor adversário gritou: “Porque este FDP sempre marca contra a gente?!”.
    Tudo que sabia era que a massa gritava: Rei, Rei, Rei… e eu pensava: é o maior jogador do mundo!

  3. Meu amigo Eduardo, de Montes Claros, nunca fui ao Mineirão, assim, o Rei só vi pela televisão e para Ser súdito foi só erguer o punho esquerdo cerrado no 55º- Batalhão de Infantaria para enfrentar toda a rigidez militar, a ponto de ser único, dos quase 200 militares no BI a não ter o nome de guerra na farda, por todo o período militar. 🙂 Era eu ou eles! 🙂
    Já em Salvador, conheci o Rei em um encontro no Uai-Bahia, um restaurante mineiro de muito sucesso do nosso amigo Carlos Pessoa. 🙂
    Quem é Rei jamais baixa seu punho esquerdo! 🙂
    Aguardando para novembro, a presença do Rei aqui na boa terra e, desta vez, a Galo Salvador dos nossos amigos Geraldo Serafim, Mariana Capachi e outros nobres atleticanos estarão no TaioBha, restaurante de comida Mineira, onde a cada jogo do Galo todos se encontram na torcida, uai!
    Estaremos todos Nós Somos do Clube Atlético Mineiro com o punho cerrado e erguido! 🙂
    Vida longa ao Rei!

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