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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

Pertencimento e identidade: cláusulas pétreas de um clube de futebol

Max Pereira
@pretono46871088
@MaxGuaramax2012

Faltam apenas três jogos para que o Atlético encerre, dentro de campo, esta tortuosa, complicada e muito ruim temporada. Ainda que em momento algum tenha corrido riscos reais de queda para a segunda divisão, o conjunto da obra atleticana dentro das quatro linhas, considerando a qualidade do elenco alvinegro, deixou bastante a desejar.

E não tem sido diferente fora do campo. Tanto no jogo dos bastidores, onde o Glorioso é historicamente falho e desimportante, quanto na vida intramuros do clube, onde tem se mostrado controverso e acumulado erros e escolhas claramente equivocadas, o Atlético tem cada vez mais desencantado sua apaixonada e visceral torcida e, em consequência, o comando atleticano tem sido alvo de criticas e de desconfianças cada vez maiores e mais frequentes.

Se a presença do Atlético na Libertadores de 2023 é ainda absolutamente incerta, o futuro do clube com a constituição de sua SAF é igualmente nebuloso e bastante preocupante. Já disse e repeti aqui e ali um sem numero de vezes que nenhum modelo estatutário em si é garantia de sucesso, eficiência e conquista de títulos.

Não custa lembrar, por exemplo, que o futebol europeu é rico em casos de sucesso e de fracasso tanto em clubes empresa, quanto em associações. O pulo do gato é, além de outros fatores, a qualidade da gestão. E o incipiente modelo brasileiro, introduzido pela legislação que criou a figura da Sociedade Anônima do Futebol, independentemente das duvidas, das controvérsias e das criticas que tem gerado, particularmente aquelas de cunho jurídico, também não é em si nenhuma garantia de tempos tranquilos e promissores. Várias são as variáveis que não podem ser desprezadas e muitos os cuidados que devem ser tomados.

Também não é o volume de dinheiro aportado pelo investidor na SAF garantia de êxito. O que fazer com este dinheiro, como e onde aplicá-lo, como gerir as receitas e as despesas, como equacionar o passivo do clube originário e como manter o equilíbrio entre os objetivos, interesses e direitos deste e os objetivos e as prioridades do investidor, são elementos essenciais de uma equação vital à preservação da identidade da associação constituidora da SAF e do sentimento de pertencimento de sua massa torcedora.

Claro que qualquer clube que decidir pela constituição de sua SAF deve buscar valorizar sua marca e não “vender-se” por qualquer preço. Assim, arrumar a casa, equacionar o passivo, profissionalizar a sua gestão e formatar um estatuto onde determinadas garantias e direitos devem estar estatuídos em cláusulas consideradas pétreas e, portanto, inegociáveis, é obrigação irrenunciável de qualquer entidade e de qualquer dirigente minimamente responsável e diligente.

Até o fim da temporada passada os próceres atleticanos acertadamente sempre deixaram claro que o objetivo maior e inarredável do clube era equilibrar as suas contas, se livrar de suas dividas onerosas, profissionalizar a sua gestão, reformar o estatuto para dar ao clube salvaguardas em relação a eventuais gestões temerárias que pudessem ainda advir, inaugurar a sua nova Casa 100% quitada, i.e., livre de quaisquer ônus e gerando receita para o clube.
E, somente depois de tudo isso, é que o clube, com a sua marca valorizada, passaria a considerar a hipótese de constituir uma SAF, vista como porta de entrada de investimentos que assegurariam a hegemonia e o protagonismo colimado por todos os atleticanos.

Mas, nesse ano de 2022 o discurso mudou e o clube entrou em convulsão. A Arena, carro chefe do projeto que vinha revolucionando o clube nesses últimos anos, será inaugurada com a sua receita comprometida nos próximos cinco ou seis anos seguintes, em razão de uma divida para muitos mal explicada e que assustou e deixou em alerta praticamente toda a massa alvinegra.

Paralelamente, a dívida do clube continuou explodindo e o dinheiro da venda do Shopping, segundo reza a lenda, já não mais daria para reduzi-la a patamares confortáveis e administráveis como desejado e planejado pelo comando atleticano. O clube nem confirma e nem desmente estas notícias.

Em meio a uma promessa vazia e igualmente nebulosa de reformulação do elenco com chegadas e saídas para reoxigenar o grupo, mas que na prática, só contribui para minar ainda mais o ambiente intramuros da Cidade do Galo, em relação à criação da SAF só se fala no potencial de investimento do futuro “dono“ da Sociedade Anônima do Futebol alvinegra e na expectativa pueril de que todos os problemas do Atlético se resolverão em um piscar de olhos assim que o dinheiro do deus investidor pingar nos cofres atleticanos.

Infelizmente muitos torcedores ainda estão se lixando em relação a este que será o mais profundo, radical e complexo passo que o Atlético dará em toda a sua história. Não percebem que o gigantismo do clube deriva de sua história, de sua tradição, da robustez de sua identidade e do sentimento de pertencimento de sua torcida que, ao mesmo tempo em que se sente dona do clube, se sente pertencente a uma confraria mais que especial, a um universo ungido pelos deuses do futebol. Se sente atleticano e isso, só o atleticano sente e sabe o que significa. E isto jamais poderá ser vendido.

13 thoughts to “Pertencimento e identidade: cláusulas pétreas de um clube de futebol”

  1. Boa noite amigos do Galo. Infelizmente tudo no Galo é muito nebuloso, e o torcedor é apenas um gerador de renda . Outros times, como Flamengo, Palmeiras, Athetico, Corinthians, mudaram a forma de gestão sem se tornarem SAF e apresentaram bons resultados . Constantemente criticamos aqui a formação de jogadores do Galo, ninguém entende o que acontece, o CAM tem uma estrutura invejável, investe muito e o resultado é vergonhoso. Aliás tem muita coisa no Galo que ninguém entende, como por exemplo estas renovações de contrato de jogadores veteranos por períodos longos, como é o caso do Vargas e outros tantos. Com tantos “erros” meus amigos, é um milagre o NOSSO GALO ainda existir.

  2. Infelizmente o Galo sempre foi muito mal administrado em toda sua história,prova disso é a imensa dívida acumulada ao longo dos anos , agora estamos reféns dessa bendita SAF que pelo andar da carruagem será concretizada ainda este ano, única solução que nos resta ou aceita a SAF ou fecha às portas

    1. É claro que vai aceitar, Fábio. A lei, por ora, permite dar um calote geral. Porque alguém ou alguma instituição, em sã consciência, não vai querer “deixar de se obrigar a pagar as dívidas”?

  3. Como não têm volta e o nosso CAM será uma SAF muito em breve, que DEUS nos abençoe com algo que realmente seja bom pro Clube também e não só para o bolso de quem sai de cena como os mecenas e o novo dono!!!

    OBS.: pra torcida, não basta ter bilhões pra colocar na mesa, têm que entender de futebol e aí é que entra a grande questão sobre a SAF… vai ser um investidor aventureiro ou alguém que já está nesse meio e entenda de futebol???

  4. Prezado! Vossa chamada no texto são muito parecidas com as do Heron Domingues na abertura do Repórter Esso, que fique claro,com o devido respeito. Vamos ao que interessa! É preocupante o disse-me-disse que vem ocorrendo na boca miúda Alvinegra sobre os possíveis nomes cogitados para assumir o comando técnico do GALO no lugar do Manso. Pelo visto os nomes são interessantes,um deles é o Vojvoda,o outro é um tal de Pepa, hj no Al Tai da Arábia Saudita,_ 203 J . 108 v. 57 e . 108 d_ Não duvido nada q vão inaugurar o CAMpo do GALO com o tal de Pepa, afinal,além do meme já vir pronto,”indinheirados” sabem o que fazem e não erram nunca. Esses “salvadores do GALO”(sic) são muito engraçados e nem piada a gente pode fazer,elas já vem prontas. Aliás! Qdo veremos a AAL_ Academia Atleticana de Letras_ dar porrada nas tomadas de decisões destes “Junín engravatados” sem dó nem piedade,quando?
    Saudações Atleticanas

  5. Bom dia!
    Primeiramente cláusula pétria não existe no Brasil. Aqui manda quem pode e obedece quem tem juízo.
    O brasileiro é corrupto por natureza. Então, que os “donos” do clube roubem mas façam. Acredito até que o clube, a arena…são para lavagem de dinheiro.
    O diretor ainda não foi demitido?
    O burro manso ainda é o treinador? Quando e se esse pesadelo acabar, me acordem por favor.

  6. Se tem uma coisa que já dá pra ter certeza é que não haverá transparência no processo da SAF, marca registrada da gestão de Menin e RG no Galo, com Sérgio Coelho sendo rainha da Inglaterra e entregador de sopão. Destacaria o excelente trabalho feito pelo @Financeiro_Galo no Twitter, que mostra muita coisa interessante. Os falsos mecenas falam muito de transparência, mas deixaram os balanços do clube mais confusos que os do Sette Camara, a informação fica embaralhada e difícil de entender.No último por exemplo colocaram a venda do Junior Alonso como pertencendo ao ano de 2021, algo preocupante ao lembrar que foi isso que o rival TRIsegundino fez em 2019 antes de cair. Mais do que isso, os Menin usam canais para levar desinformação ao torcedor (Jorge Nicola, Itatiaia, Fred Augusto). O @Financeiro_Galo tem dados do Banco Central que mostram que a dívida não bancária com a familia Menin é de 158 milhões de reais. MUITO, MUITO MENOS que os 400 a 450 milhões que ficam alardeando de forma indireta. Estaremos vendendo a SAF nesses próximos meses e NENHUM de nós, meros mortais de classe média que não somos conselheiros do clube, saberemos se estamos vendendo para a melhor proposta para o Galo ou a melhor proposta para duas famílias de bilionários interesseiros.

  7. Bom dia massa e Guru

    “Em meio a uma promessa vazia e igualmente nebulosa de reformulação do elenco com chegadas e saídas para reoxigenar o grupo, mas que na prática, só contribui para minar ainda mais o ambiente intramuros da Cidade do Galo”

    Bom pela postagem acima parece que só o escriba está satisfeito com o time atual, indo na contramão do anseio da maioria da torcida.Outra bola fora.

    E porque vc acha que o ambiente está minado? Está minado justamente porque estes jogadores que vc defende a permanência estão deixando a desejar.
    Então meu caro, se vc defende que a torcida é a razão de ser do clube, então que ela seja ouvida e que a renovação venha.
    Em relação à SAF, apesar de minhas restrições, vou somente pegar o exemplo do nosso antigo arquirrival do outro lado da lagoa para deixar uma pergunta: onde estaria a tal tradição deste clube se ele não tivesse aderido à SAF?
    Estaria morto e disputando uma terceira ou quarta divisão. Só isso.

    Nota: Recado ao amigalo Teobaldo. Sim meu amigo, concordo contigo: devo estar louco ao defender a permanência de Cuca ontem. Rindo até agora do seu comentário. Valeu!

    1. JBH, bom dia.

      Primeiro, em momento algum escrevi que sou contra reformulações de elenco. Desde que haja planejamento, estratégia e que não se frite e nem desvalorize ninguém do elenco, nada contra.

      Segundo, também não fiz defesa explícita deste ou daquele jogador, como também nunca elegi bruxas e promovi caça a elas. Qualquer grupo de trabalho e, com elencos de jogadores não é diferente, precisa de não só de estrutura física e material, como de bom ambiente, apoio emocional e psicológico, cuidados com o lado mental, fisiológico, médico, etc..

      Terceiro, não estar satisfeito com o desempenho do time nesta temporada e não estou mesmo, não significa estar a favor de um desmanche ou de uma limpa, solução claramente passional e temerária, cuja história do Atlético é cheia de exemplos que fizeram o clube pagar preços técnicos, Morais e financeiros altíssimos.

      Quarto, são fartos e mais do que claros os sinais de que os interiores do clube estão convulsionados e de que o ambiente interno está minado. Aqui mesmo neste espaço escrevi, quando a torcida maciçamente exigia a saída do Turco, que uma simples substituição do treinador não seria suficiente para colocar o clube nos trilhos, se os problemas não fossem identificados e atacados na raiz. Mohamed saiu, Cuca voltou e as coisas foram só piorando.

      Da mesma forma, fazer uma limpa no elenco para jogar para a torcida, sem atacar o que precisa ser atacado, só vai piorar o queijadas está bastante ruim.

      Quinto e último, o rival azul não é nenhum exemplo de SAF bem sucedida. A volta à primeira divisão não é garantia de nada. O clube está buscando mergulhar em um processo de recuperação judicial e a SAF fingindo que os problemas da associação não são com ela.

      Saudações atleticanas.

      1. Prezado Max Pereira, a leitura do “Quinto item” trouxe-me um grande alento. Em relação ao “Quarto item” permita-me uma reflexão (pego um gancho em sua assertiva):

        “Aqui mesmo neste espaço escrevi, quando a torcida maciçamente exigia a saída do Turco, que uma simples substituição do treinador não seria suficiente para colocar o clube nos trilhos, SE OS PROBLEMAS NÃO FOSSEM IDENTIFICADOS E ATACADOS NA RAIZ. Mohamed saiu, Cuca voltou e as coisas foram só piorando. Da mesma forma, fazer uma limpa no elenco para jogar para a torcida, SEM ATACAR O QUE PRECISA SER ATACADO, só vai piorar o que já está bastante ruim.

        Na sua opinião, “quais problemas ainda não foram identificados” e, em complemento, “o que precisa ser atacado”?

        Abraços!

        1. Teobaldo, boa noite.

          A resposta à sua pergunta está nas entrelinhas de vários de meus artigos. Não posso ser mais direto porque não existe nenhuma informação oficial do clube apontando concretamente nenhum problema.

          O que é possível fazer é somar dois mais dois, ler o que jogadores, treinador e dirigentes falam nas entrelinhas, observar suas reações , atitudes e escolhas.

          Saudações alvinegras.

    2. Pô, ainda bem que você entendeu que era apenas uma brincadeira, mas foi você mesmo quem admitiu que estava louco. Eu apenas concordei. Rssssssss!!!! Abraços, amiGalo!!!

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