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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

O Galo finca bandeira no interior do Ceará

Mesmo com toda tristeza pelo momento – até mesmo raiva, por que não dizer? –, o Galo proporciona a este blogueiro emoções que merecem ser divididas com o leitor. Ontem, ainda durante a partida e por intermédio do doutor Custódio Pereira Neto (Todynho), grande líder da CarioGalo e um dos idealizadores do projeto “Consulados do Galo”, tomei conhecimento de um dos inúmeros casos de amor ao nosso Galo. Outro bom amigo Evaristo de Menezes (Vavá), da GaloSampa, em férias no Ceará foi quem descobriu a Atleticana Lúcia Rosa Barbosa Lima. Não resistindo e querendo contar ao leitor, liguei para ela em meio à ressaca do jogo.

A cearense, com aquele delicioso sotaque nordestino, ao final da conversa não se conteve e aos prantos, acabou me levando também ao choro de amor pelo nosso Galo, Lúcia tem 51 anos e é técnica em enfermagem há 25 anos. Este ano, termina o curso superior de enfermagem. Moradora de Itaiçaba, uma pequena cidade de 7 mil habitantes, é gestora de saúde e já ocupou o cargo de secretário municipal nesta área. A economia local é baseada na agricultura e artesanato de palha.

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Muito bem articulada, a cearense contou que sua paixão pelo Galo nasceu por acompanhar a luta do ex-jogador Reinaldo – ídolo dos anos 70 – para se manter em atividade e disputar a Copa do Mundo em 1978. Ainda adolescente, mal sabia sobre o Galo, mas era apaixonada pelo Rei e sua perseverança contra zagueiros violentos. Chorou na decisão de 1977, quando perdemos o título nas penalidades e com a ausência do Reinaldo no jogo final. Católica fervorosa rezou muito para que Cláudio Coutinho o levasse à Copa da Argentina.

Seguiu com o Galo e o Rei, imaginando que, quando ele parasse de jogar, sua relação com o Galo chegasse ao fim. Entre risos e a voz embargada, confessou ser adepta do lema “uma vez até morrer”. Segundo ela, antigamente, antes da internet, só acompanhava o Galo pelo radinho, mas hoje segue tudo. Aproveitou e reclamou da apatia do time no jogo de ontem, quando vencíamos por quatro a dois e entregamos o jogo.

Mãe de cinco filhos, tem ainda 12 netos. Dois dos filhos são Atleticanos e entre os netos sete deles vestem a camisa em dias de jogos e acompanham o Galo. “Visto os meninos nos dias de jogos importantes”, comentou comigo pelo telefone, nesta altura já – ambos – desabando em lágrimas. Falou também sobre a festa que fez quando o time conquistou a Copa Libertadores.

A única partida do Galo que ela assistiu foi numa derrota para o Fortaleza, exatamente no ano do rebaixamento. Contou que entrou no Castelão e ficou encolhida, mas ainda quer assistir a um jogo do time Atleticano em Belo Horizonte nesta vida. Nunca veio a Minas Gerais, mas espera realizar este sonho.

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Fotos: José Cláudio Paiva Reis

Antes de se despedir, Lúcia fez questão de contar o encontro casual com Toninho, irmão do Rei, que, ao saber dessa sua paixão, ligou para o ídolo e colocou ambos ao telefone. “Nunca achei que isso fosse acontecer. Era o sonho da minha vida, depois de 39 anos de paixão, falar com ele. Cheguei à faculdade e disse para as minhas colegas que já estava pronta para morrer”, e caiu na gargalhada. Ah! Todo dia 11 de janeiro ela manda celebrar uma missa para o Rei. É o dia do aniversário de Reinaldo.

Realmente, o Galo é diferente de times tradicionais brasileiros, daqui ou do eixo do mau RJ-SP. Não temos TV obrigando locutor a badalar clubes de sua preferência comercial e tampouco CBF para conspirar a nosso favor. Ao contrário. Mas, pessoas como Lúcia Rosa essa gente não consegue dominar. GAAALOOO!

 

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12 thoughts to “O Galo finca bandeira no interior do Ceará”

  1. concordo com o amigo Sidney. Vamos fazer uma vaquinha para trazer essa atleticana de verdade para assistir um jogo do Galo em BH.

  2. Muuuuiiiiiito massa caro ! ‘Causos’ assim só vem comprovar que o GALO é de todos . Quantos/as mais não teem uma história bacana como a de Dª Lúcia envolvendo o GALO ? Só quem é sabe o que significa … Parabéns tbm ao Dr. Custódio por encontrar esta pérola e dividí-la conosco . SAN
    PS : Como está o ‘monstro’ hoje ?

  3. Lúcia Rosa, é um orgulho para nós Atleticanos ter você e parte da sua família e os demais atleticanos do Ceará fazendo parte desta apaixonada torcida. Nos atleticanos aqui de Minas ficamos muito felizes em saber que fora do nosso estado tem muitos atleticanos apaixonados como vocês.

  4. Eduardo, ser GALO não é brincadeira não. Na final da Copa do Brasil de 2014 quando ganhamos o título eu estava em Fortaleza (Sou Mineiro moro em Volta Redonda/RJ). Logo após o jogo teve um foguetório, carreata com bandeiras, etc. Foi uma loucura, espetacular pela orla de Fortaleza.
    GALO é GALO.
    Parabéns para a Cearense Lúcia Rosa e toda família Atleticana.

  5. Caro Eduardo, excelente matéria! Apenas para agregar, em Fortaleza existe um grupo de atleticanos fanáticos que reúne em todos os jogos chamado CearáGalo. Na verdade, não deixa de ser uma extensão da Massa no Ceará! Assim, queremos adotar os personagem dessa reportagem no grupo. Vocês do blog tem o contato da Lúcia? Abraço,

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