Mank é mais uma homenagem à Hollywood clássica

Em 1941, foi lançado um filme que até hoje aparece em listas diversas como o melhor de todos os tempos, ou um dos. Cidadão Kane (Citizen Kane) fez a fama do jovem prodígio de Hollywood, Orson Welles, então com 24 anos de idade. Mas também enterrou sua carreira, com poucas exceções memoráveis. O diretor, roteirista, ator e produtor fez o filme como um ataque direto a um magnata da imprensa da época, William Randolph Hearst, que teria movido seus pauzinhos para assassinar Welles artisticamente.

Na cerimônia do Oscar no ano seguinte, das nove indicações que emplacara, Cidadão Kane (abaixo) levou apenas a estatueta de melhor roteiro original. A grande mente por trás da obra foi obrigada a dividir o prêmio com o veterano Herman J. Mankiewicz, o que levanta uma dúvida: qual foi a parte da contribuição de cada um nesse roteiro? É daí que nasce Mank (2020), produção original Netflix que esmiúça essa questão trazendo o outro roteirista como protagonista e, de quebra, dando uma boa olhada na Hollywood clássica.

Desde a década de 90, o jornalista e escritor Jack Fincher era obcecado pela história de Mankiewicz, conhecido pelos amigos pelo diminutivo Mank. Depois de pesquisar bastante, e fontes não faltam, escreveu esse roteiro, que ficou muitos anos guardado. Muito interessado pelo período, ele chegou a escrever um pré-roteiro de O Aviador, posteriormente descartado por Martin Scorsese. Agora, 17 anos após a morte de Jack, seu filho famoso, David Fincher, resolveu fazer várias homenagens ao mesmo tempo, mas principalmente ao pai. Com óbvias e não creditadas contribuições próprias, levou o roteiro à Netflix e ganhou sinal verde para a produção.

Mank, entre idas e vindas no tempo, começa quando o acidentado Mankiewicz (Gary Oldman, de A Lavanderia, 2019) é contratado por Orson Welles (Tom Burke, de The Crown) para escrever Cidadão Kane. O problema é que o roteirista, alcoólatra e dono de uma língua ferina, estava queimado na indústria do Cinema e só era chamado para trabalhos não identificados, como a revisão que fez no roteiro de O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939). Welles pretendia ficar com todo o crédito por Kane, projeto tido como 100% dele.

Apresentações feitas, o longa nos mostra que, na verdade, quem estava perto de William Randolph Hearst (vivido por Charles Dance, de Godzilla II, 2019) era Mank, que teria escrito a maior parte do roteiro de Kane. E o roteirista era muito próximo de Marion Davies (Amanda Seyfried, de Anon, 2018, roubando cenas – acima), uma atriz do segundo escalão que era a notória amante de Hearst. Com o cenário real todo em mente, Mank partiu para a versão ficcional e criou Charles Foster Kane, o milionário que, após a sua morte, tem a vida investigada por um repórter.

Usando Mank para escancarar as fofocas, intrigas e mentiras da época, Fincher nos mostra um pouco dos bastidores dos anos de 30 e 40 de Hollywood, desfilando nomes famosos como Louis B. Mayer, David O. Selznick, Irving Thalberg e Joseph Mankiewicz, irmão mais novo de Mank que se tornaria um grande e premiado profissional da área. Muito atual ao enfocar a produção de fake news em eleições, o filme faz um rápido tratado sobre ética e consciência, mostrando as consequências de se envolver em um projeto apenas pela oportunidade que trará ao envolvido.

Talvez esse seja o pecado de Fincher: com um biografado tão rico, de uma época tão efervescente, ele perde o foco. Ao invés de construir um fio investigativo obsessivo como em Zodíaco (Zodiac, 2007) ou de desenvolver algo aparentemente simples, ainda que sombrio, como em Garota Exemplar (Gone Girl, 2014), o diretor abraça o mundo e se perde em várias linhas narrativas. Contando com um ótimo elenco e colaboradores tão bons quanto os habituais Trent Reznor e Atticus Ross, que fizeram uma trilha só com instrumentos da época, ou com a linda fotografia em preto e branco de Erik Messerschmidt (de Mindhunters), até um Fincher menor fica obrigatório.

Mayer e Hearst são algumas das personalidades reais que vemos

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Jessica Chastain é a assassina Ava

O mote de ter uma organização obscura caçando seu próprio assassino para queima de arquivo não é novo. Mas Jason Bourne prova que, se bem utilizado, o clichê pode dar uma boa chacoalhada no gênero de ação. Ava (2020) é mais um longa a usar esse expediente, mas não se preocupa muito com a razão para essa caçada. Na falta de um roteiro que preste, voltamos nosso olhar para os demais elementos em cena. E, se tem algo que segure as pontas, esse algo se chama Jessica Chastain.

Em Salt (2010), tínhamos uma trama intricada, que por vezes deixava o público no escuro. Mas amarrou bem as pontas e é até hoje um mistério a razão de não ter ganhado uma sequência, já que tinha toda cara de ter essa pretensão. Apesar de mais simples, Ava vai pelo mesmo caminho: parece que estamos assistindo a um piloto de uma série ou ao início de uma franquia. Seria a oportunidade de acrescentar o conteúdo que faltou aqui.

A grande diferença entre Ava e outros filmes similares é o foco na vida pessoal da protagonista. Conflitos familiares não são tão comuns no gênero. Em 1996, Geena Davis estrelou O Despertar de um Pesadelo (The Long Kiss Goodnight), que trazia questões que iam nessa direção. Agora, a atriz vive a mãe da protagonista, uma senhora amargurada que se surpreende ao receber uma visita da filha no hospital. Elas não tinham contato há muito tempo. E conhecemos também Judy (Jess Weixler, de It – Capítulo 2, 2019), a irmã que herdou o namorado de Ava (vivido por Common, de Noite Sem Fim, 2015).

Com essa relação mal resolvida com a mãe e a irmã, a assassina tem que dividir sua atenção entre os empregadores que parecem insatisfeitos com ela e a família. A única razão dela ter arrumado confusão na firma é o fato dela perguntar para as vítimas, na iminência de matá-las, se elas sabem a razão de estarem sendo eliminadas. Ava não quer matar ninguém inocente, ao que parece, e o patrão não gosta dessa proximidade.

Representando a tal organização, temos duas figuras bem conhecidas do público: John Malkovich (de Ted Bundy, 2019) e sua voz inconfundível, fazendo o mentor de Ava, e Colin Farrell (de Magnatas do Crime, 2019), o tal chefe que também tem a dinâmica familiar mais ou menos apresentada. A rapidez e o descaso como tudo é tratado dão a impressão de que o roteirista Matthew Newton tinha um conceito em mente, o que foi suficiente para atrair esse grande elenco. Mas não soube desenvolvê-lo e acabou abandonando a direção, que ficou com o sofrível Tate Taylor (de Histórias Cruzadas, 2011, e A Garota no Trem, 2016).

Chastain, vindo dos blockbusters It 2 e X-Men: Fênix Negra (2019), tem carregado muitos filmes nas costas, e Ava é mais um. Linda e talentosa, ela tem carisma suficiente para se recuperar dessa besteira. Mistério é como Taylor continua dirigindo filmes depois de tantos fracassos. Se estar bem colocado entre as atrações mais vistas da Netflix garantir sobrevida a Ava, os envolvidos terão a chance de corrigirem seus erros. Mas é difícil esse fiapo de história ficar melhor.

John Malkovich é o recrutador e figura paterna para Ava

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Emma e Puro-Sangue trazem mais de Taylor-Joy

Com Os Novos Mutantes (The New Mutants, 2020), da Marvel, nos cinemas e O Gambito da Rainha (The Queen’s Gambit, 2020) em primeiro lugar na programação da Netflix, Anya Taylor-Joy mostra que é um nome que veio para ficar. Desde o sucesso de A Bruxa (The Witch, 2015), a atriz participou de longas de grandes orçamentos, como Fragmentado (Split, 2016) e sua sequência, Vidro (Glass, 2019), mas esteve também em produções menores. Duas interessantes, que podem ser facilmente encontradas, são Emma. (2020) e Puro-Sangue (Thoroughbreds, 2017).

Adaptando o famoso livro de Jane Austen, o longa traz a atriz em mais um drama de época. Ela vive a frívola Emma Woodhouse, uma jovem da alta roda inglesa se ocupa seu tempo juntando os casais que ela julga compatíveis. Mas nem sempre ela acerta em suas maquinações, e sua própria vida romântica fica em segundo plano. Além da versão homônima de 1996 e da reimaginação moderninha de 1995, As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless), o livro já teve várias adaptações para o Cinema e para a TV.

Com uma produção muito bem cuidada, a principal diferença dessa obra para as demais é o tom mais sério que ela assume ao acompanhar as jogadas de Emma. Afinal, mesmo com boas intenções, a menina joga com as vidas alheias, mostrando como os ricos da época eram irresponsáveis com aqueles considerados menores. A sociedade era bem dividida, com os serviçais relegados a quase escravos. Ou seja: uma história de Jane Austen.

Com estreantes na direção (Autumn de Wilde) e no roteiro (Eleanor Catton), o filme é surpreendentemente bem-sucedido. E deve muito a seu elenco, liderado pela carismática Taylor-Joy e seus lindos olhos curiosos. O pai da jovem é ninguém menos que Bill Nighy (de Questão de Tempo, 2013), outro que rouba cenas sempre que aparece. Rostos reconhecíveis incluem Callum Turner (de Rainha & País, 2014), Josh O’Connor (o Príncipe Charles de The Crown), Mia Goth (de A Cura, 2016) e Connor Swindells (de Sex Education).

 Nos dias de hoje, temos a história de Puro-Sangue, algo que poderia ser de Patricia Highsmith, mas foi escrito e dirigido por Cory Finley (que seguiu essa estreia com Má Educação, 2019). Finley não criou uma trama exatamente inédita, mas a forma como ele a conduz é curiosa e a conclusão, satisfatória o suficiente. Ao lado de Taylor-Joy, temos Olivia Cooke (de Jogador Nº 1, 2018), uma dupla afiada que se reúne quando a primeira é contratada para ajudar a segunda nos estudos.

Amigas de infância, as duas se distanciaram e foi preciso que alguns anos se passassem para voltarem a ter uma amizade. O tempo ocioso das duas vai fazer ideias ruins surgirem. Fechando o trio principal, temos Anton Yelchin, o Chekov da nova trilogia de Star Trek. O ator morreu num acidente bizarro pouco depois, sendo esse um de seus últimos papéis. Os três têm uma dinâmica interessante e tornam a sessão prazerosa. Mesmo que as coisas fiquem cada vez mais sombrias.

Pelos vários trabalhos mencionados aqui, dá para perceber a versatilidade de Anya Taylor-Joy. E são nada menos que cinco projetos engatilhados para o futuro próximo, incluindo a pré-continuação de Mad Max, no qual ela viverá uma Furiosa mais jovem (papel que foi de Charlize Theron). Isso tudo além de uma nova temporada de Peaky Blinders, série da qual participou no ano passado. Enfrentar o bode Black Philip foi só o começo para a atriz.

Ainda veremos muito esse rosto

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Atuações são o forte de Era Uma Vez Um Sonho

Em toda temporada de premiações, temos aqueles filmes medíocres, que não fogem dos piores estereótipos, e que acabam chamando a atenção por algum motivo. Distribuído pela Netflix, o exemplar do momento é Era Uma Vez Um Sonho (Hillbilly Elegy, 2020), que tem toda cara de isca de Oscar. Com atuações fortes e algumas sequências emocionantes, a obra fica a maior parte do tempo onde muitas outras já passaram. E sem metade do brilhantismo.

Com um nome bem famoso na direção, o premiado Ron Howard (de Uma Mente Brilhante, 2002), o longa ainda traz como carro-chefe duas atrizes excelentes até então injustiçadas pela Academia norte-americana. Glenn Close (de A Esposa, 2017) e Amy Adams (de A Chegada, 2016) vivem mãe e filha num drama que deveria exaltar o estilo de vida  de habitantes de estados tidos como caipiras, como Kentucky e Ohio, mas só reforça lugares comuns e dramas familiares frequentemente vistos nos chamados (de forma pejorativa) “filmes da semana da televisão”. Algo como um Álbum de Família (August: Osage County, 2013), que não passou de um irritante agrupamento de celebridades.

O protagonista vem da terceira geração dos Vance, o garoto J.D., que acompanhamos em vários recortes de sua juventude. Quando adulto, na expectativa de conseguir o estágio dos sonhos de qualquer estudante de Direito, ele se vê obrigado a voltar às origens para acudir a mãe. Beverly (Adams) é a trágica vítima do universo: faz todo tipo de burrada e coloca a culpa em quem puder. J.D. Vance é o próprio autor do livro, que aproveita para exorcizar seus demônios.

Vivido por Owen Asztalos e Gabriel Basso (acima) nos dois momentos de sua vida, J.D. é sempre bem representado. Basso pode ser lembrado por Super 8 (2011) ou pela série The Big C e mostra competência, apesar do roteiro colocá-lo em situações mequetrefes. O mesmo que acontece com Close e Adams. Com pouco, elas fazem muito e são a grande atração desse Era Uma Vez Um Sonho. Um toque de maquiagem ajuda com o passar dos anos e cenas nos créditos comprovam o quão perto elas chegaram fisicamente de suas biografadas.

Volta e meia, vemos atrizes lindas se enfeiando, provando que têm muito mais a oferecer que beleza. Foi assim com Charlize Theron em Monster (2003) e Nicole Kidman em As Horas (The Hours, 2002) e parece ser o caso de Adams aqui. Se ela ganhar um Oscar pelo papel, entra no caso de atores que acabam sendo recompensados em papéis menores depois de várias esnobadas, como Leonardo Di Caprio e Denzel Washington. Um Oscar para Amy Adams nunca será desmerecido, mas poderia ter sido por outros trabalhos superiores. E tudo isso vale também para Glenn Glose, que tem boas chances como coadjuvante.

Com pequenos acenos a temas impactantes, o filme ensaia propor determinadas discussões, mas passa reto. O papel do avô, por exemplo, nunca é desenvolvido, não entendemos exatamente qual a importância dele na vida da família. Seria ele o culpado pelas malcriações de Beverly, já que a mimava tanto? E a relação com a esposa, era abusiva ou de descaso? E o paralelo entre deixar a casa numa cidadezinha e ir para a capital e deixar um país como a Índia e ir para os EUA? Fica apenas no vislumbre. A roteirista Vanessa Taylor não se aprofunda e mostra que o sucesso de A Forma da Água (The Shape of Water, 2017) se deve muito mais à direção que a seu roteiro raso e esquemático. E Howard, que já foi capaz de Cocoon (1985), Apollo 13 (1995) e Frost/Nixon (2008), está longe de seus bons trabalhos.

Glenn Close e Amy Adams desde já são nomes fortes nas premiações do ano

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O Gambito da Rainha nos apresenta a um fenômeno do xadrez

Ocupando as primeiras posições entre as obras mais vistas na Netflix desde o seu lançamento, O Gambito da Rainha (The Queen’s Gambit, 2020) é um fenômeno semelhante à sua protagonista. Adaptando um livro tido como difícil, a série conta em sete episódios a história de uma menina órfã que se destacou num mundo prioritariamente masculino: o dos campeonatos de xadrez. E teve, como consultores, duas referências do jogo, para tornar as partidas críveis até para quem é especialista nele.

Publicado em 1983, o livro de Walter Tevis teve seus direitos de adaptação adquiridos pelo produtor Alan Scott em 1992, mesmo ele sabendo se tratar de um material complicado de levar ao Cinema. O ator Heath Ledger (o Coringa de O Cavaleiro das Trevas) pretendia fazer sua estreia como diretor e já estava conversando com Scott, que escreveu uma primeira versão do roteiro. Ledger faleceu em 2008 e o projeto ficou suspenso até a chegada de Scott Frank, vindo dos bem-sucedidos Logan (2017) e Godless (2017).

Juntos, os dois Scotts reescreveram o roteiro e produziram a série, com Scott Frank dirigindo os sete episódios. E Anya Taylor-Joy (atualmente nos cinemas em Os Novos Mutantes, 2020) foi convocada para o complexo papel principal, como uma garota que cresce em um orfanato e aprende a jogar xadrez com o zelador. Dos porões do orfanato para o mundo, Beth Harmon se torna famosa pela facilidade com que derrota todos os nomes estabelecidos, ganhando um espaço até então inédito para uma mulher.

Taylor-Joy e a pequena Isla Johnston se revezam no papel, quando a história vai e volta no tempo, e ambas fazem um ótimo trabalho. A mais velha tem um olhar hipnotizante e uma presença magnética. Taylor-Joy nos leva na jornada de Beth: além de desenvolver seus gostos e preferências, como suas roupas, ela cresce no jogo estudando todas as jogadas conhecidas (como a própria gambito da rainha). O problema de Beth é a grande disposição ao vício, passando de pílulas calmantes para todo tipo de bebida alcóolica.

Com figurinos maravilhosos e cenários detalhistas, a série recria as décadas de 50 e 60, mostrando também o modo de vida da época. Um importante elemento que ajuda a caracterizar os momentos mostrados é a trilha sonora. Além das faixas originais, criadas por Carlos Rafael Rivera (também de Godless), ótimas músicas, de diversas bandas, foram escolhidas, se tornando uma atração à parte. Artistas como Kinks, Monkees, Peggy Lee, Donovan, Martha and the Vandellas, Shocking Blue e muitos outros podem ser ouvidos na série.

Além das duas intérpretes de Beth, O Gambito da Rainha conta com mais atores interessantes. Entre os já estabelecidos, temos Thomas Brodie-Sangster (de Game of Thrones), Harry Melling (de O Diabo de Cada Dia, 2020), Marielle Heller (diretora de Um Lindo Dia na Vizinhança, 2019) e Bill Camp (de The Outsider), que vive o zelador, Sr. Shaibel. Das caras menos conhecidas, os destaques são Jacob Fortune-Lloyd (de Star Wars: A Ascensão Skywalker, 2019 – acima) e a estreante Moses Ingram, uma boa surpresa como a amiga de infância de Beth.

O foco de O Gambito da Rainha é o jogo de xadrez e era necessário ter veracidade nessa área. Por isso, foram contratados para auxiliar a produção o campeão mundial Garry Kasparov e o técnico Bruce Pandolfini. Mas outras discussões importantes surgem na série, usando o xadrez apenas como escada. A questão da dependência química de Beth é o ponto principal, além do papel e do reconhecimento da mulher naquelas décadas. São sete episódios de muito conteúdo.

As meninas da primeira fase também são ótimas

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Tenet é o novo espetáculo visual de Nolan

Uma campanha de divulgação enigmática cercou Tenet (2020) por um bom tempo – ainda mais com os adiamentos da estreia devido à pandemia. No fim, concluímos que o título já diz muito sobre o filme: um palíndromo que não esclarece nada e, ao mesmo tempo, parece ser mais complicado do que de fato é. A direção de Christopher Nolan é garantia de um espetáculo visual, mas não necessariamente de um grande filme.

A sensação que temos ao chegar ao cinema sem saber nada sobre o roteiro é a mesma do protagonista quando é envolvido na trama. Propositalmente e sem nenhuma sutileza, ele é reafirmado (e se reafirma) frequentemente como protagonista da história, como se isso já não fosse óbvio. Nolan, também roteirista, parece ter tido uma ideia promissora e criado um início e um fim, tendo alguma dificuldade com o meio.

Começando com uma situação tensa sem relação direta com a história principal, apenas para apresentar o personagem, o filme já se coloca como uma aventura à James Bond. A associação é óbvia e faz parecer que Nolan está afirmando ser capaz de chegar próximo de 007 sem precisar de material baseado na obra de Ian Fleming. Tudo em Tenet  é original e mostra o poder do realizador em Hollywood: qualquer ideia que ele proponha ganha sinal verde e um orçamento polpudo. Seu nome no cartaz é retorno certo.

Uma crítica comumente feita à obra de Nolan é sobre a falta de engajamento emocional junto ao público, e essa característica chega ao ápice em Tenet. Quando mal entendemos o que está acontecendo, fica difícil se importar com alguém. Se, em Interestelar (Interstellar, 2014), o diretor ainda tentou arrancar algumas lágrimas, aqui ele desistiu totalmente. Ao contrário de A Origem (Inception, 2010), que trazia uma subtrama familiar para o Cobb de DiCaprio, permanecemos no escuro quanto ao protagonista.

Segurando as pontas como a atração principal, John David Washington não é surpresa para ninguém. O talento do ator já havia ficado bem claro em Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman, 2018) e mais uma vez ele faz um ótimo trabalho. Com tamanha segurança, ele nem de longe segue na sombra do pai famoso, Denzel. E esse acaba sendo um problema para o filme: assim como é com James Bond, nunca ficamos realmente com receio de que algo grave vá acontecer ao personagem. Apenas aguardamos o desenrolar da ação.

Entre figurinhas repetidas e novidades, Nolan convocou um grande time de atores. Dentre as repetições, temos o habitual Michael Caine (o Alfred da trilogia Batman, entre outros), Kenneth Branagh (Dunkirk, 2017) e Martin Donovan (Insônia, 2002). Robert Pattinson (curiosamente, o novo Batman) é o principal entre os novos reforços, e ainda temos Elizabeth Debicki (de As Viúvas, 2018), Himesh Patel (de Yesterday, 2019) e Aaron Taylor-Johnson (de Animais Noturnos, 2016). Com maior ou menor importância para a trama, todos cumprem bem os seus papéis.

Contando com a trilha de Ludwig Göransson (de Pantera Negra, 2018) e a fotografia de Hoyte Van Hoytema (de Interestelar e Dunkirk), Nolan há muito não tem o que provar tecnicamente. Os efeitos são lindos e críveis, alterando a realidade como a conhecemos, como em A Origem. Só o desenvolvimento da história deixa a desejar, lembrando um pouco a trajetória de M. Night Shyamalan. São duas horas e meia que demoram a passar. Talvez, seja a hora do diretor só dirigir, deixar a escrita para outro. Ou, ao menos, voltar à parceria com o irmão, Jonathan.

Nolan dirige Washington, seu protagonista

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Cinemas reabrem com Novos Mutantes

Com a reabertura dos cinemas, filmes várias vezes adiados estão entrando em cartaz. Esse é o caso de Os Novos Mutantes (The New Mutants, 2020), superprodução Marvel que busca uma abordagem diferente com seus personagens. Com um clima de terror, o longa se afasta das aventuras heroicas de costume, o que é uma inovação muito bem-vinda. O problema é que erra o alvo miseravelmente.

Enquanto Deadpool levou a ação para o lado da comédia e Logan mostrou um drama intimista, Novos Mutantes busca “uma mistura entre Stephen King e John Hughes”, como define o diretor e roteirista Josh Boone. Ele saía do sucesso do romance adolescente A Culpa É das Estrelas (The Fault in Our Stars, 2014) e levou a ideia aos produtores dos X-Men, Simon Kinberg e Lauren Shuler Donner. Nascia ali a proposta para mais uma trilogia.

Baseado nos quadrinhos de Chris Claremont e Bill Sienkiewicz, o roteiro (coescrito por Knate Lee) reúne cinco jovens mutantes num hospital (a mesma locação usada em Ilha do Medo, 2010). Coordenados pela Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga, de A Cabana, 2017), eles devem dominar seus poderes para serem liberados a conviver em sociedade. Todos eles têm um passado de destruição e morte e convivem com a culpa. A terapia da Dra. Reyes visa prepará-los para o mundo.

 

Citando sempre um superior, que todos deduzem ser o Professor Charles Xavier, a doutora vigia os cinco o tempo todo e de cara fica claro para o público que há algo errado. A personagem que conduz o público é Danielle Moonstar (Blu Hunt, da série The Originals), uma garota indígena que teve sua tribo devastada e é acolhida por Reyes. Dani não sabe do que é capaz e guarda uma raiva imensa pela perda do pai e amigos.

Os outros quatro jovens formam um grupo bem distinto. Sempre lembrada por Game of Thrones, a inglesa Maisie Williams vive Rahne Sinclair, uma escocesa religiosa em crise com sua fé. Outro inglês, Charlie Heaton (de Stranger Things), faz um ótimo sotaque caipira do Kentucky como Sam Guthrie. Revelada em A Bruxa (The Witch, 2015) e sucesso do momento em O Gambito da Rainha, a americana Anya Taylor-Joy vive uma mutante russa bem marrenta. Fechando o grupo, temos outro brasileiro (além de Braga), Henry Zaga (de 13 Reasons Why), que faz Roberto da Costa, personagem visto anteriormente na franquia dos X-Men com outro ator.

O elenco é competente e os efeitos especiais são satisfatórios. O problema de Novos Mutantes é a conveniência frequente do roteiro. Quando é necessário, as coisas acontecem de certa forma. Os poderes, por exemplo, são usados quando Boone determina, e em outros momentos os personagens simplesmente optam por sair correndo. Colocar uma única pessoa para cuidar de cinco jovens superpoderosos é a coisa mais estúpida que poderiam fazer, mesmo sendo ela própria uma mutante. Por que Roberto está sempre lavando panelas é algo que nunca entendemos.

Apresentar jovens mutantes que não dominam suas habilidades não é exatamente uma novidade é foi muito bem-feito em Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011). É bem possível se divertir com Os Novos Mutantes, algumas sequências são interessantes o suficiente. Se houver continuação, certamente vai perder essa aura de terror, e terá a obrigação de ser melhor. Se ficar só nesse, logo será esquecido. Se é que já não foi.

Anya Taylor-Joy é uma das atrizes mais comentadas do momento

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Longas da Netflix renovam o gênero terror

Com premissas e andamentos completamente diferentes, dois longas de terror chamam a atenção na Netflix e trazem ar fresco ao gênero. Enquanto O Que Ficou Para Trás (His House, 2020) usa a conhecida ideia de casa mal assombrada para construir pouco a pouco um clima opressivo e assustador, Sem Conexão (lesie dzis nie zasnie nikt, 2020) é da escola de Sexta-feira 13, com jovens sendo massacrados em um acampamento. E, mesmo que superficialmente, os dois abordam temas importantes em suas tramas. 

Apesar de produzido no Reino Unido, O Que Ficou Para Trás nos apresenta a dois refugiados da guerra no sul do Sudão. Partindo de um ponto muito sério, cuja discussão é necessária, o diretor e roteirista estreante Remi Weekes conseguiu criar uma história poderosa para personagens, como ele, negros. É bem raro ver filmes de terror estrelados por negros, ainda mais tratando de algo tão atual como a imigração, e Weekes cumpriu bem o seu intento.

Ao fugir do Sudão, o casal Majur é preso na Inglaterra até ter sua situação averiguada e receber asilo. Direcionados à periferia de Londres, eles experimentam o racismo dos vizinhos, mas agradecem a oportunidade de terem uma casa boa e espaçosa. Bol (Sope Dirisu, de Castelo de Areia, 2017) tenta se inserir na cultura local, comprando roupas e indo a um bar para se misturar. Rial (Wunmi Mosaku, das séries Luther e Lovecraft Country) não abandona seus costumes tão facilmente, e a lembrança da filha morta a acompanha bem de perto.

As coisas ficam mais interessantes (para o público) quando a tal assombração aparece e conhecemos melhor as circunstâncias das vidas de Bol e Rial. É um terror que cria situações bem atípicas, coisa rara de se ver, e por isso mesmo muito bem-vindas. É um filme com algo a dizer, com críticas a fazer. O personagem de Matt Smith (que viveu o 11º Doctor Who, entre muitos outros) reclama que o casal tem uma casa maior do que a dele, ele só se esquece de todas as dificuldades pelas quais eles passaram e passam, por viverem num país que não é o deles.

Mais convencional, Sem Conexão parte de uma rápida discussão sobre os efeitos de tecnologia excessiva na vida dos jovens para seguir o bê-a-bá do subgênero conhecido como slasher movie. Apesar das semelhanças com as aventuras de Jason Voorhees no acampamento Crystal Lake, o filme está mais para O Massacre da Serra Elétrica (de 1974 ou a refilmagem). E não deixa de fazer um aceno a Um Lobisomem Americano em Londres (1981), que é nominalmente citado.

Diversos jovens chegam em vários ônibus a um acampamento onde passarão uma semana desconectados, em contato com a natureza, se virando em barracas e com comida enlatada. Eles são divididos em grupos menores e acompanhamos um deles pelo mato. Paralelamente, conhecemos os habitantes de uma casinha humilde. Já dá pra chutar que esses dois núcleos vão se encontrar e muito sangue vai jorrar. Prato cheio pra quem acha esse tipo de filme divertido. E mistura outros elementos que não serão citados aqui para manter a surpresa.

O diretor e roteirista polonês Bartosz M. Kowalski faz uma obra que, ao mesmo tempo em que é original, presta homenagem aos colegas mais famosos. Ele monta um grupo com os seguintes perfis: uma garota traumatizada e destemida; uma outra linda, que costuma ser tida por burra e nem por isso desiste do que quer; um atleta fortinho que é também um youtuber; um nerd que conhece as regras do Cinema de terror (e lembra o Randy de Pânico); e um outro cara que tem uma revelação que explica seu comportamento. Quase um Clube dos Cinco, mas com tripas expostas.

Para quem está lendo, pode parecer besta, mas Sem Conexão é um filme cativante. Ele e O Que Ficou Para Trás têm suas qualidades e, embora bem diferentes, misturam diversão com temas mais sérios. Sem Conexão, produzido na Polônia, ainda aproveita para apontar o absurdo da extrema direita que, até em um país massacrado pela guerra, saúda o nazismo. É mais um motivo para assistir, assim como ao inglês, que tem suas questões sobre imigração e as dificuldades dos refugiados. Ambos provam que aquele que tenta separar arte e política não passa de um tolo.

Em inglês, o título ficou algo como “Ninguém Dorme na Floresta Esta Noite”

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The Undoing é o novo mistério da HBO

The Undoing é mais uma adaptação literária produzida pela HBO, estrelada por Nicole Kidman e escrita por David E. Kelley. Os três repetem a parceria bem-sucedida de Big Little Lies, minissérie que fez tanto sucesso que acabou ganhando uma segunda temporada. Como de costume na TV a cabo, temos a cada semana um novo episódio no horário nobre do canal.

Pelos três primeiros episódios, dá para perceber que a nova atração não pega carona na anterior. Ao invés de uma cidadezinha costeira, temos Nova York, grande metrópole com seus prédios enormes e suas escolas elitistas. Novamente, Kidman é casada com um homem importante, o Dr. Jonathan Fraser (Hugh Grant, de Magnatas do Crime, 2019), e eles têm um filho (vivido por Noah Jupe, de Um Lugar Silencioso, 2018). As semelhanças param por aí.

A série começa nos apresentando à rotina da família. Enquanto o oncologista deixa o filho na escola e segue para o hospital, a psicóloga Grace vai para o consultório atender. Entre as sessões dos clientes, ela consegue tempo para se reunir com outras mães para combinarem eventos beneficentes para arrecadar fundos para uma escola que parece já ter tudo.

Numa dessas reuniões, Grace conhece Elena (a italiana Matilda De Angelis), uma mãe mais jovem e linda que parece deslocada entre as demais dondocas do grupo. A partir daí, desenrola-se um suspense envolvente, muito bem trabalhado pela diretora Susanne Bier – que vem de outro sucesso na TV: O Gerente da Noite (The Night Manager, 2016). Tudo é muito elegante, com figurinos, ambientes e enquadramentos que reforçam o luxo da vida daquela família e seus pares.

Com apenas seis episódios, todos dirigidos por Bier e escritos por Kelley (a partir do livro de Jean Hanff Korelitz), The Undoing segue num ritmo interessante, com muita coisa acontecendo em cada capítulo. Sem entrar em detalhes, pode-se dizer que Grace não tem ideia do que a espera, e a história se torna bem mais interessante que Big Little Lies e não tem os furos e exageros de outro destaque recente, Little Fires Everywhere (2020).

Além dos já citados, o elenco ainda conta com Edgar Ramírez (de Wasp Network, 2019) e o ótimo veterano Donald Sutherland (de Ad Astra, 2019). Liderando esse grupo notável, Kidman está muito bem, como sempre, numa atuação delicada, focada nos detalhes. E ainda canta a música-tema, uma nova versão da clássica Dream a Little Dream of Me. Grant não fica atrás, compondo um sujeito sensível e muito crível. De Angelis (acima) não precisa fazer muito para chamar a atenção, tamanha a sua beleza.

É engraçado como o mau hábito adquirido em serviços de streaming faz o público ficar desacostumado de ter que esperar uma semana por um novo episódio. Resta torcer para que as demais partes de The Undoing sigam pelo mesmo caminho, mantendo o nível do início. Dessa forma, a HBO vai sempre conseguir viciar seus espectadores, e sem precisar gastar a fortuna de um Game of Thrones.

O figurino de The Undoing é um dos pontos altos da série

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Conheça a Grateful Dead em Long Strange Trip

Em meados da década de 90, graças a uma coletânea de rock, descobri a banda Grateful Dead. A música era Casey Jones, tida como uma das mais acessíveis aos “não iniciados”. Ou seja: uma faixa mais comercial, curta, menos viajada. Não exatamente o usual, quando se trata deles. Uma série disponível no Amazon Prime Video tem a função de apresentar a trupe a novas gerações, indo muito além de uma narração cronológica. Ela de fato provê uma experiência próxima de uma vivência.

Retirado de um verso de Truckin’, o nome Long Strange Trip, já usado em um filme sobre o guitarrista Bob Weir, agora é usado numa série (2017) de quatro horas de duração, divididas em seis episódios que acompanham as mais de três décadas de existência da banda. Mais do que simplesmente enumerar fatos, a obra recria o clima das épocas visitadas, levando o público para dentro dos shows da banda. Ninguém menos que Martin Scorsese está entre os produtores executivos, além do filho do baterista Bill Kreutzmann, Justin Kreutzmann.

Nos primeiros episódios, conhecemos as figuras que formariam a Grateful Dead e algumas informações curiosas sobre a banda, como a explicação sobre o nome: a expressão (algo como “mortos agradecidos”) foi encontrada na sorte por um deles, Jerry Garcia, num dicionário, e remete aos espíritos que são gratos por terem tido um funeral apropriado. O título pensado originalmente, Warlocks, era usado por outra banda, que também pensou em outro e virou ninguém menos que a Velvet Underground.

Nem só de apresentações e curiosidades é formado Long Strange Trip. Pelo contrário. Ao cobrir um roteiro enxuto (sim, são quatro horas bem aproveitadas), o experiente documentarista Amir Bar-Lev alterna entrevistas atuais com imagens de época, compondo um quadro muito rico que dá uma ideia exata de como era a vida, os shows, os excessos, as perdas e os caminhos seguidos pelos membros. Aqueles ainda vivos dão depoimentos que completam lacunas e relembram os falecidos, como o mítico Ron “Pigpen” McKernan, integrante do chamado “clube dos 27”.

Os “dead heads”, como são chamados os fãs da banda, são um episódio à parte. Literalmente. Há um episódio dedicado a eles. Alguns iam a todos os shows pelos Estados Unidos afora. Outros, por não conseguirem comprar ingresso, ficavam do lado de fora e aproveitavam assim mesmo. A bagunça no entorno das apresentações se tornou impraticável e mostrava o vulto que os músicos tomaram no país. Apesar de não serem tão conhecidos fora (e aqui no Brasil), lá eles eram amados e seguidos como a uma seita, o que os integrantes rechaçavam.

Ainda que várias pessoas passem pela tela e seja muito interessante conhecê-las, Jerry Garcia acaba sendo o mais enfocado, não tem como escapar. Frequentemente indicado como o líder da Grateful Dead, ele corria dessa posição. Carismático como poucos e muito habilidoso nas letras, vocais e guitarras, ele era visto pela mídia como o principal deles e pelos fãs quase como um messias. Membro fundador, Garcia ficou até a sua morte, e os episódios finais da série ficam bem dramáticos exatamente por isso. A fama o mantinha prisioneiro em quartos de hotéis e as drogas, que inicialmente serviam para expandir a mente, passaram a ser uma válvula de escape.

Se é bom escutar um disco da Grateful Dead, um show é muito melhor. Cada um trazia uma sensação, um resultado. Por isso, os fãs se esforçavam para ir a vários deles. Bar-Lev nos leva o mais perto possível dessa experiência. A relação da banda com uma gravadora é mostrada, e não era das melhores. Eles se esmeravam mesmo era no contato com os fãs. E Long Strange Trip deve trazer vários novos. O diretor e sua equipe podem considerar a missão cumprida.

Garcia foi um dos grandes nomes da música norte-americana

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