Fábio Porchat ataca no Cinema como O Palestrante

O filme chama-se O Palestrante (2022), mas deveria ser O Coach. Ou, no mínimo, o Palestrante de Autoajuda (ou Motivacional, como seria originalmente). Afinal, essa é a crítica que Fábio Porchat e companhia parecem querer fazer. É como se eles dissessem que esse pessoal motivacional que faz palestras genéricas para empresas só enrola e que qualquer um, mesmo pego de surpresa, é capaz de fazer igual ou melhor. Em meio a essa mensagem, se desse para arrancar algumas risadas do público, a missão teria sido cumprida com honras. Não foi.

Quando se diz que alguém é palestrante, pode ser em determinada área, como um médico que fala de um procedimento cirúrgico raro ou inovador ou um administrador que dá dicas para gerir o seu próprio negócio. No caso do filme, um sujeito é contratado para motivar uma equipe de uma pequena empresa. Numa dessas situações que só acontecem na ficção, o tal palestrante tem um problema para chegar e o contador frustrado vivido por Porchat (de A Primeira Tentação de Cristo, 2019) aproveita a oportunidade para fazer algo espontâneo e inusitado. O ímpeto vem quando ele vê a bela Dani Calabresa (de Talvez Uma História de Amor, 2018), cujo carisma faz de sua personagem a mais simpática.

 

 

Assumindo o papel do outro, Guilherme se torna Marcelo e vai passar por todas as situações que podem prever, que constam no manual da troca de identidade no Cinema. O roteiro, de autoria de Porchat e Cláudia Jouvin (do ótimo Morto Não Fala, 2018), tem um ou dois momentos genuinamente engraçados, e você passa o filme inteiro esperando por outros, que nunca chegam. A direção nada inspirada de Marcelo Antunez (de Polícia Federal: A Lei É Para Todos, 2017, e continuações tão ruins quanto este) não agrega coisa nenhuma, qualquer um no lugar teria feito o mesmo. Ou melhor.

Um trio cômico tenta fazer graça e só consegue ficar no constrangimento. Otávio Müller (de O Paciente, 2018) e Paulo Vieira fazem algumas dobradinhas desinteressantes e sobra muito pouco para Miá Mello (companheira de Porchat em Meu Passado Me Condena), completamente desperdiçada. Os veteranos Ernani Moraes (de O Animal Cordial, 2017) e Maria Clara Gueiros (de De Perto Ela Não É Normal, 2020) dão um peso ao elenco, que ainda conta com Antônio Tabet (da turma do Porta dos Fundos) e Rodrigo Pandolfo (muito lembrado como o filho da Dona Hermínia). Tabet vive um tipo miliciano que até consegue ser engraçado, mas perde o tom facilmente.

Quando se fala mal do padrão Globo de comédias, é disso que se está falando. Mesmo que o filme não seja da famigerada produtora, ou que ela tenha apenas um dedo envolvido. Colocar uma participação especial do cantor e ator Evandro Mesquita pode até animar o público, mas não segura toda uma produção – a outra participação nem merece ser citada. Porchat é mais uma figura da comédia brasileira que funciona muito bem na televisão (como na série Homens?), mas não encontrou exatamente o seu lugar no Cinema. Torçamos para que isso aconteça logo.

O terror dos encontros de empresas se torna comédia

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Programa do Pipoqueiro #80 – Indicações Globoplay

O Programa do Pipoqueiro encerra a temporada 2022 com diversas indicações de filmes para ver no streaming Globoplay, uma ótima e variada seleção com participação da Graciela Paciência! Aperte o play abaixo e divirta-se!

Tracklist:

1- Chico Science e Nação Zumbi – Monólogo ao Pé do Ouvido/ Banditismo por uma Questão de Classe

2- Saleka – Remain

3- The Broken Circle Breakdown Bluegrass Band – Wayfaring Stranger

4- Dua Lipa – Physical

5- The Jackson 5 – I Want You Back

6- Ocean – Put Your Hand in the Hand

7- White Lies – Death

8- Donovan – Hurdy Gurdy Man

09- Raul Seixas – Al Capone

10- The Troggs – Evil Woman

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Universos diferentes se encontram em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

De tempos em tempos, temos fenômenos nos cinemas que, por algum motivo, se tornam os lançamentos mais comentados da temporada. Mesmo que não sejam nada excepcionais. O caso mais recente é o de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once, 2022), uma aventura absurda que tem uma roupagem elaborada para uma história bem simples. Bem amarrado e com ótimas atuações, é de fato um filme acima da média, e ainda guarda uma mensagem bonitinha. Só que esse confete todo não se justifica.

A imigrante chinesa Evelyn (Michelle Yeoh, de Podres de Ricos, 2018, que tem um frame aproveitado aqui) segura as pontas tocando a lavanderia da família ao lado do marido bonzinho (Ke Huy Quam, o garotinho de Indiana Jones e o Templo da Perdição, 1984) e da filha (Stephanie Hsu, de Maravilhosa Sra. Maisel), com quem tem grande dificuldade de relacionamento. As contas do negócio não estão fechando e a receita federal está atrás deles, através da auditora vivida por Jamie Lee Curtis (a eterna Laurie de Halloween). Para piorar, o pai de Evelyn (James Hong, de Red, 2022) está chegando da China para visitar.

Quando todas essas situações se juntam, Evelyn ainda descobre que há várias versões dela em universos diferentes e é possível pular de um para o outro. E é isso que uma grande vilã está fazendo, cabendo à pobre Evelyn derrotá-la e salvar o mundo. E nem temos um Dr. Estranho para servir de guia! É aí que o filme dá uma pirada, fazendo com que muitos espectadores tenham achado a proposta inovadora, revolucionária e outros exageros. Quando refletimos um pouco, algumas referências vêm à cabeça, sendo a primeira delas o novo clássico The Matrix (1999), numa espécie de mistura com o Multiverso da Loucura da Marvel.

Da forma como é contada, a história é de fato original, com um peso maior nos laços familiares do que na ação, mérito dos roteiristas e diretores Dan Kwan e Daniel Scheinert, que assinam juntos como Daniels. O trabalho mais famoso deles também era altamente metafórico, o drama Um Cadáver Para Sobreviver (Swiss Army Man, 2016). Só que vamos lembrando de várias outras obras, o que enfraquece essa um tanto. E é um bocado longo, passando de duas horas, o que acaba ficando cansativo.

Feitas as devidas ressalvas, é preciso apontar que os universos mostrados são realmente criativos, o que justifica o interesse de tanta gente. As várias versões exaltam o talento do elenco, obrigado a fazer adaptações constantes em seus personagens. O longa está em oitavo lugar entre as maiores bilheterias brasileiras do momento, outro grande sucesso da ascendente distribuidora A24. É bom ver um filme com figuras asiáticas que fogem de estereótipos e permitem uma certa profundidade. Deve ter sido isso também que Ke Huy Quam pensou, para tirá-lo da aposentadoria.

A ex-bond girl Michelle Yeoh tem uma nova oportunidade para lutar e faz bonito

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Programa do Pipoqueiro #79 – Elvis

 O Programa do Pipoqueiro traz vários colaboradores ilustres comentando o filme do Elvis, alternando as falas com as músicas do Rei do Rock. Contamos com Carlos Quintão, Rodrigo James, Karen Lopes, Carvalho de Mendonça, André Katz, Roque, Paulo Bonfim, Mirtes Scalioni e Maristela Bretas. Aperte o play abaixo e divirta-se!

Tracklist:

1- Hound Dog

2- Jailhouse Rock

3- Blue Suede Shoes

4- Tutti Frutti

5- Can’t Help Falling in Love

6- Any Day Now

7- Suspicious Minds

8- In the Ghetto

9- If I Can Dream

10- Viva Las Vegas

11- It’s Only Love

12- Unchained Melody

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O Telefone Preto é adaptação de Joe Hill no Cinema

Além das várias adaptações que chegam todos os anos aos cinemas e à TV da obra de Stephen King, temos também o filho dele atacando nesse filão. Depois dos espaçados Amaldiçoado (Horns, 2013) e Campo do Medo (In The Tall Grass, 2019), chega à telona essa semana O Telefone Preto (The Black Phone, 2022), adaptação do conto que Joe Hill publicou em 2004. O próprio escritor se disse muito feliz com a adaptação, que expandiu um pouco o texto original, mas manteve a essência intacta.

Premiado e há muito desvinculado da fama do pai, Hill criou uma história cativante e inventiva. A semelhança com a clássica It – A Coisa (de King) pode incomodar. Trata-se de um drama sobrenatural sobre um psicopata sequestrando e matando crianças numa cidadezinha. O palhaço assassino milenar dá lugar a um mágico fajuto que roda pela cidade com seu furgão cheio de apetrechos para festas infantis. Esse disfarce acoberta os sequestros e várias crianças vão parar nos avisos de desaparecidos colados nos postes. Capa e botas de chuva e a presença de James Ransone no elenco novamente acenam a It.

Aqui, ao invés de um grupo, temos como protagonistas um casal de irmãos que se preocupam com os desaparecimentos enquanto cuidam das questões diárias, menores, como valentões caçando confusão. Finney (Mason Thames, em seu primeiro filme) e Gwen (Madeleine McGraw, de Homem-Formiga e a Vespa, 2018) se apoiam e aturam um pai violento e alcoólatra (Jeremy Davies, de Deuses Americanos). Gwen tem sonhos premonitórios, como a mãe tinha, e o pai a censura. Os jovens atores, ótimos, são o coração do filme, a química entre eles é inexplicável.

Não convém entrar em detalhes sobre a trama, apenas é bom explicar que o telefone preto do título permite comunicação com os mortos, o que traz uma boa dose de suspense e sustos. E ajuda muito ter, no papel do psicopata, alguém do calibre de Ethan Hawke (de Cavaleiro da Lua), assustador mesmo com o rosto parcialmente coberto. O ator confere camadas ao personagem, que segue regras que ele mesmo criou, o que reforça os distúrbios mentais que ele tem. Correndo por fora, temos outro vilão: o pai abusivo. Davies, de O Resgate do Soldado Ryan (1998) e Helter Skelter (2004), faz um caipira covarde com os pés nas costas, e causa bastante revolta.

Depois de abandonar a direção da sequência de seu Doutor Estranho (2016) por diferenças criativas, Scott Derrickson se viu livre para assumir outro projeto e voltou para o gênero no qual já deu muito certo. Com longas como O Exorcismo de Emily Rose (2005) e A Entidade (2012) no currículo, o diretor acerta novamente contando uma história envolvente, com boa carga dramática e uma tensão crescente. Derrickson também assina o roteiro, ao lado do parceiro habitual C. Robert Cargill, e é produtor.

A julgar pela qualidade de O Telefone Preto, já se criam expectativas por novas adaptações da obra de Hill. Além dos cinemas, ele já teve sucesso na TV, com as séries NOS4A2 (ou Nosferatu) e Locke & Key. Não faltam novas histórias para serem usadas. Só no livro onde Telefone Preto foi publicado, Fantasmas do Século XX, há outros 12 contos. Qualquer dia, teremos uma batalha nas bilheterias entre pai e filho.

Ethan Hawke faz um ótimo e assustador psicopata

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Programa do Pipoqueiro #78 – Filmes de 1982

O Programa do Pipoqueiro recebe os 2 Faladores, Luiz Otávio e Ana Cláudia, para indicarmos os destaques no Cinema do ano de 1982, celebrando os 40 anos destes novos clássicos! Aperte o play abaixo e divirta-se!

Tracklist:

01 – John Williams – Flying Theme (From E.T.)

02 – Jackson Browne – Somebody’s Baby

03 – Vangelis – Love Theme (From Blade Runner)

04 – Stevie Wonder – Superstition

05 – Bill Conti – Gonna Fly Now

06 – Dan Hill – It’s a Long Road

07 – Jerry Goldsmith – Poltergeist Theme

08 – Pink Floyd – The Happiest Days of Our Lives-Another Brick in the Wall pt.II

09 – Orquestra Rádio Globo – Pra Frente Brasil

10 – David Bowie – Cat People (Putting Out Fire)

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A Queda leva Belo Horizonte às telas em trama intrigante

Todos com um mínimo de proximidade com o Cinema sabem da dificuldade de se produzir por aqui. De se lançar, então, nem se fala. E ainda temos que aguentar a turminha do “filme brasileiro é ruim”. Por isso, é natural torcer pelo sucesso de um filme como A Queda (2022), que chega aos cinemas nessa quinta. É uma obra com raras qualidades, que se vê pouco lá fora: uma história interessante e que realmente capta a atenção do espectador, que fica tentando adivinhar o próximo passo. E não está preocupada em mastigar tudo para o público, permitindo que ele pense.

O primeiro ponto de interesse para quem é de Minas é saber que o longa foi parcialmente filmado em Belo Horizonte. Os cenários externos, principalmente noturnos, são facilmente identificáveis, com ruas e viadutos sendo mostrados pela fotografia, que situa bem a ação. O carro está virando e você pensa: “Aí é a rua Sapucaí!” Pouco depois, ele entra no “viaduto do Extra”, e assim por diante. Não por acaso, boa parte dos envolvidos na produção é mineira, como o diretor e roteirista, Diego Rocha (de Writers Retreat, 2015), nascido em Divinópolis. A Zona da Mata também marca presença, muitas das casas que aparecem são de lá.

A trama nos apresenta a Beto (Daniel Rocha, da série Irmãos Freitas), um fotógrafo forense que se divide entre o trabalho e cuidar do avô rebelde, Geraldo (Gracindo Júnior, de Magnífica 70). Certinho, Beto tem alguns embates com Gera, que quer curtir o pouco tempo que julga ter, mesmo que isso abale a sua saúde. Um aparente suicídio, a queda do título, chama a atenção do fotógrafo, que começa a investigar o fato por conta própria e logo percebe elementos estranhos. A partir daí, as coisas se complicam, envolvendo um testamento e uma amante (Juliane Guimarães).

 

À medida que A Queda anda, percebemos que não há nenhum personagem tomando atitudes burras, o que seria muito comum. As atuações são muito naturais, a começar por Rocha e Gracindo, que convencem como neto e avô, demonstrando um forte laço afetivo. Não se sabe mais quem cuida de quem, já que os papéis parecem ter se invertido. Diálogos ágeis expõem apenas o necessário, confiando na capacidade do espectador de acompanhar os fatos. E é isso o que o filme faz: ele apresenta as situações sem ser propagandístico ou tendencioso, cada um que conclua o que quiser.

Na surdina, A Queda chega aos cinemas brasileiros essa semana e merece uma conferida. Como bem disse o diretor na pré-estreia na capital mineira, a bilheteria das primeiras semanas é o que garante a longevidade do filme nos cinemas. E este, por seus vários méritos, merece. Se você, nesse momento, está pensando “como esse filme é tão bom e eu nunca tinha ouvido falar nele?”, volte ao início desse texto.

A fotografia valoriza os espaços internos e externos

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Elvis ganha vida na primeira cinebio para o Cinema

Diversos artistas ganham cinebiografias todos os anos e permanecia o mistério: cadê o Elvis Presley no Cinema? Na TV, ele já teve algumas encarnações, como Kurt Russell (1979) e Jonathan Rhys Meyers (2005), seja em filme ou minissérie, e documentários também não faltam (como The Searcher, 2018). Outra possibilidade, que funciona muito bem, é contar um episódio fechado, como em Elvis & Nixon (2016), com Michael Shannon no papel do Rei do Rock. O diretor e roteirista Baz Luhrmann resolveu encarar o desafio e finalmente chega essa semana, às salas de todo o Brasil, Elvis (2022).

Com vários longas na bagagem, sempre lembrado pela extravagância de seus cenários e figurinos, Luhrmann usa toda a sua experiência para contar uma história muito rica e interessante, talvez interessante demais para caber em um filme apenas (mesmo que longo, com 2h40). Se o diretor comete um pecado, é o de passar correndo por muita coisa e deixar episódios importantes de lado. Parte do que é mostrado é costurado rapidamente, como se fosse obrigação mostrar, mesmo que não houvesse tempo para isso. As cenas exibidas ao final ajudam a abarcar o máximo possível de momentos memoráveis, como o programa gravado com Frank Sinatra.

Fora a correria, que é normal em obras que tentam abraçar o mundo, o Elvis de Luhrmann cumpre bem o seu intento principal: fazer um retrato do artista e focar em sua relação com o empresário. Já começamos acompanhando a narração do Coronel Tom Parker. Que não era coronel, não era Tom, nem mesmo Parker. Foi fundamental contar com o peso de um ator como Tom Hanks, vencedor de Dois Oscars (por Filadélfia, 1993, e Forrest Gump, 1994) e indicado a outros quatro. Hanks constrói um personagem complexo, demonstrando com a mesma facilidade a faceta “paizão”, numa relação afetuosa, e a gananciosa, que não titubeava para explorar seu “menino” mais um pouco.

Tendo uma figura forte para viver Parker, era imperativo ter outra para fazer o protagonista. Austin Butler foi um grande achado. Saindo de Era Uma Vez Em… Hollywood (2019), ele foi escolhido em meio a vários candidatos (como Harry Styles e Ansel Elgort) e passou muito tempo se preparando, estudando todo material que conseguiu do Elvis. Ele atua, canta, dança e nos convence de que é de fato Elvis Presley, sendo um ótimo contraponto a Hanks. Com dois ótimos atores à frente, fica mais fácil entender a dinâmica entre eles.

Na montagem, temos Matt Villa e Jonathan Redmond, dupla que já trabalha com Luhrmann há tempos e montou O Grande Gatsby (The Great Gatsby, 2013), a cinebiografia de outra celebridade, esta ficcional. Gatsby e Moulin Rouge (2001) são evocados aqui e ali, com a ajuda da fotografia de Mandy Walker (de Austrália, 2008), que explora bem as cidades por onde as filmagens passam. Outro ponto fundamental era ter os direitos de uso das canções, e há várias, usadas em cenas muito acertadas.

Em entrevistas recentes, Priscilla Presley, ex-esposa de Elvis, se disse emocionada após assistir ao filme, e há várias fotos dela com Luhmann, Butler e companhia. A filha do cantor, Lisa Marie, e a neta, Riley Keough, também se pronunciaram a favor. Críticas positivas têm prevalecido, apesar de alguns profissionais terem colocado ressalvas. Se Elvis não é um filme perfeito – e os fãs mais xiitas vão apontar vários defeitos – tampouco é menos que soberbo. Deve agradar também quem não conhece Elvis direito, dando uma boa visão sobre a vida, a carreira e as músicas.

Elvis, Priscilla e demais personagens foram muito bem retratados

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Programa do Pipoqueiro #77 – Filmes de 1992

A edição 77 do Programa do Pipoqueiro, coapresentada pelo crítico Tullio Dias, traz vários filmes lançados em 1992, celebrando o lançamento deles com muitos comentários e música boa! Aperte o play abaixo e divirta-se!

Tracklist:

01 – Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros – Kátia Flávia

02 – Annie Lennox – Love Song for a Vampire

03 – Pearl Jam – State of Love and Trust

04 – Los Lobos & Antonio Banderas – Cancion del Mariachi

05 – Whitney Houston – I Have Nothing

06 – Al Jarreau – Blue Skies

07 – Queen – Bohemian Rhapsody

08 – Joyce e Milton – Tema Para Jobim

09 – LaTour – Blue

10 – George Baker Selection – Little Green Bag

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Thor chega ao quarto filme com Amor e Trovão

Foram necessárias quatro fases (quase completas) para que a Marvel terminasse de esgotar sua fórmula. Muita gente já se queixa há mais tempo, apontando supostos erros ou excessos do estúdio, ou até preguiça. Tudo isso é observado no novo Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder, 2022), quarto longa do personagem que se mostra bem irregular e cujo roteiro comete o pior pecado que se pode esperar em um universo de fantasia: a conveniência.

Quando se estabelece as regras do jogo, é preciso segui-las. Invocá-las quando convém ao roteiro e ignorá-las quando necessário quebra qualquer possibilidade de engajamento do público. Poderes que só aparecem para dar andamento ao filme, nos momentos adequados, nos deixam pensando: por que ele não faz isso ou aquilo? Por que fulano está apanhando se poderia usar determinado poder?

Em Thor: Ragnarok (2017), o diretor Taika Waititi abraça o absurdo do Deus de Asgard com comédia e cores, fazendo um filme que mistura bem ação e humor. Agora, ele buscou uma dose de drama e tentou equilibrar tudo, e esse é um dos problemas. Se é bom que Waititi tente fazer uma obra enxuta, por outro lado ele se atropela em saídas fáceis, deixando subentendidas algumas respostas que seriam necessárias.

Quando Amor e Trovão começa, Thor (Chris Hemsworth) está viajando pelo universo com os Guardiões da Galáxia e já os considera a sua equipe, o que gera momentos engraçados com Peter “Starlord” Quill (Chris Pratt). Como uma espécie de coach intergaláctico, Thor frequentemente elogia o trabalho do time, sendo ele o atacante que joga sozinho. É chegada a hora de se encontrar e o vingador volta a viajar sozinho.

Paralelamente, somos apresentados a Gorr (Christian Bale, o Batman da trilogia Nolan – acima), um sujeito que segue firme em sua fé mesmo sofrendo horrores. Circunstâncias levam Gorr a ser tornar “O Carniceiro dos Deuses” e ele segue fazendo vítimas até encontrar o filho de Odin. Tudo muito chutado e acelerado, que rouba parte da impressão que o vilão deveria causar. Como uma espécie de Lex Luthor, Gorr só entrega o que esperamos quando maquina nas trevas. Quando parte para a porrada, é uma cena forçada atrás da outra.

Além do alívio cômico de Korg (voz de Waititi), temos ao lado do herói a ótima Valquíria (Tessa Thompson), que reina na Nova Asgard. E uma outra figura ressurge reforçando esse lado: a ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman), agora transformada na Poderosa Thor. Pode-se usar como explicação o fato dela existir também nos quadrinhos, mas isso não reduz a estranheza que ela causa. Sua origem não é bem explicada e Portman é quem mais sofre no meio dos vários tons do filme, acertando mais no drama que na comédia ou na ação.

A comentada participação de Russell Crowe (de A Múmia, 2017), revelada no trailer, é um tanto caricata. Por ser um deus grego, Zeus tem um forte sotaque e é mais um a reforçar o humor, que acaba entornando. Ter uma espécie de congresso dos deuses para que eles possam relaxar é bem ridículo. A outra celebridade vencedora do Oscar do elenco, além de Portman e Crowe, faz bonito como o vilão, mas parece mal aproveitada, assim como foi com Cate Blachett anteriormente. Bale apaga um pouco das cores e faz um contraponto interessante, mas o roteiro não o ajuda. Nem vemos Gorr em ação contra os vários deuses que ele teria matado.

Hemsworth está sempre muito à vontade no papel, ele caiu muito bem para Thor. Mas o excesso de piadinhas, principalmente no que diz respeito à relação dele com os martelos, leva a crer que o ator estaria melhor ao lado de Will Ferrell em uma comédia pura e simples. E, talvez, esse também fosse um melhor uso para o talento de Waititi, que já demonstrou grande senso de humor e muita sensibilidade (como em Jojo Rabbit, 2019). Nem a trilha de Michael Giacchino, normalmente inspirada, acrescenta muita coisa, deixando o destaque para as músicas pop dos anos 80 (oi, Guns ‘n’ Roses!).

Seja por exaustão da fórmula, seja pelo número de produções saindo ao mesmo tempo (no Cinema e na TV), a Marvel já não é a mesma. Os efeitos especiais veem decaindo faz tempo, deixando tudo muito falso. E os roteiros acompanham, criando mitologias fracas em obras arrastadas (como no Cavaleiro da Lua). Pontas de celebridades não são novidade e não fazem mais barulho. E as duas cenas escondidas no final geram expectativas para os filmes seguintes, tirando ainda mais a força deste. A sensação que fica é de que o próximo sempre será melhor.

Russell Crowe traz os deuses gregos para a mistura

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