Porchat acerta com Meu Passado Me Condena

por Marcelo Seabra

Meu Passado Me Condena

Quais seriam as chances de um casal que se conhece há um mês passar a lua de mel num cruzeiro e encontrar o ex-namorado dela, que se casou com a paixão juvenil dele? Por incrível que pareça, o absurdo fica só na premissa e Meu Passado Me Condena (2013) consegue ser divertido e não apelar pras baixarias que costumam marcar as comédias nacionais. Os atores Fábio Porchat e Miá Mello se mostram muito à vontade interagindo com um roteiro esperto, que trata seus personagens com respeito – e o público também.

Antes de ganhar a tela grande, Meu Passado Me Condena já havia chegado ao canal a cabo Multishow. A série estreou em outubro e a primeira temporada teve treze episódios. A produtora Mariza Leão, esperando repetir o sucesso de bilheteria dos dois De Pernas pro Ar, tratou de convocar a criadora da atração, a roteirista Tati Bernardi, para escrever a versão em longa metragem. Depois de muita luta para conseguir os quase quatro milhões de reais para fechar o orçamento, Leão trouxe a filha, Julia Rezende, para repetir a função que ocupou na TV e dirigir a adaptação.

Meu Passado Me Condena casalO contexto é o mesmo da série: Fábio e Miá acabaram de se casar e vão comemorar a lua de mel. Ao invés de uma pousada no campo, eles escolhem viajar para a Itália em um suntuoso navio que vai parando em pontos estratégicos do litoral. O grande problema é a recorrente lembrança do passado dos dois, que desde a série são assombrados pelos ex-namorados que insistem em aparecer. No filme, o casal de antagonistas (ou quase isso) é formado por Alejandro Claveaux (de Malhação) e Juliana Didone (de Colegas, 2012 – ambos acima). Os dois são atraentes, bem sucedidos e uma ameaça em potencial para a felicidade dos recém-casados.

Repetindo a dinâmica da TV, Marcelo Valle e Inez Viana vivem ex-casados que trabalham juntos. De donos da pousada, passaram a ser equipe de bordo do navio. Mas continuam cercando os protagonistas, arrumando esquemas ou dando conselhos pessimistas. Mesmo beirando o caricato, eles são engraçados e acrescentam à trama. Elke Maravilha, Catarina Abdala e Stepan Nercessian são os veteranos que dão suporte.

Quem segura as pontas mesmo é a dupla Porchat e Mello, que tem um timing para comédia acima da média e consegue dar vida com dignidade às situações engraçadas boladas por Bernardi e Leonardo Muniz. A garota parece ter sempre um retoque da equipe de cabelo e maquiagem, mas passa muita simpatia e nos leva a acreditar no amor que ela sente pelo garotão. Ao contrário do que vimos em O Concurso (2013), Porchat está mais tranqüilo, dá a impressão de aceitar o papel com mais leveza, evitando estereótipos e reações pré-fabricadas. Ligado no 220, ele tem várias atividades acontecendo simultaneamente, e nem por isso deixou de rodar várias cidades apresentando o longa. Não é difícil de prever que ele será recompensado: se qualquer comediazinha boboca lançada hoje bate recordes de público, Meu Passado Me Condena merece um destaque.

Os casais da TV e do Cinema

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Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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