A Dona Hermínia do Teatro chega ao Cinema

por Marcelo Seabra

Minha Mãe Peça

Correndo por fora dessa cena atual da comédia nacional, Paulo Gustavo se revela uma boa surpresa – ao menos para o grande público, que não o conhecia. O ator vem fazendo sucesso nos programas que cria e em que atua para o Multishow, além de seguir pelo Brasil com suas apresentações e de aparecer esporadicamente em programas da TV aberta. Depois de muita captação de recursos, ele finalmente conseguiu levar aos cinemas Minha Mãe É uma Peça – O Filme (2013), a adaptação para as telas de sua longeva peça de teatro.

Paulo GustavoComo se tratava de uma comédia de uma personagem só, o texto teve que ser trabalhado para apresentar os personagens que antes eram só mencionados. Paulo Gustavo (ao lado) teve que dividir a cena com outros atores nem tão inspirados, vivendo figuras menos trabalhadas e com menor potencial de humor. Dona Hermínia, claro, rouba a cena, mesmo se mostrando mal humorada, intolerante e até maldosa, como podemos perceber pelos comentários que faz sobre a filha – a maioria na presença da jovem gordinha. Ah, cabe uma explicação para os desavisados: Paulo Gustavo é a Dona Hermínia.

Claramente inspirada pela mãe do criador do texto, e ela ainda aparece no final, a protagonista é uma dona de casa que se preocupa mais do que o suficiente com os filhos, que a vêem como uma chata que os sufoca. O único filho bonzinho é o casado, que mora longe. O pai, uma participação especial de Herson Capri, é o bacana que só aparece nos fins de semana para levar os rebentos ao clube, ao lado da nova esposa, a nojenta vivida por Ingrid Guimarães. Um desentendimento faz Dona Hermínia deixar os dois em casa, por conta própria, e vai pra casa de uma tia (Suely Franco), onde se refugia, mas não deixa de ter vontade de ligar para os pimpolhos. Eles, a esta altura, já estão esfomeados.

Paulo Gustavo, que roteiriza o filme ao lado de Felipe “Fil” Braz, segura as pontas muito bem. Ele consegue manter o nível na maior parte das vezes e cria ótimos diálogos para Dona Hermínia, que usa uma ironia ferina para criticar tudo e todos, não vendo – claro – seus próprios exageros. A proximidade com a tia é a oportunidade que ela procurava para desabafar, e os casos contados reproduzem o esquema de esquetes usado no teatro, amarrando diversas situações sem ligação alguma, a não ser por envolverem os mesmos personagens e terem graça. A maior parte, pelo menos. Muitas das alfinetadas são do tipo que as pessoas têm vontade de falar, mas as amarras sociais (ou o bom senso) impedem. Dona Hermínia, como a Madea do americano Tyler Perry, parece ser uma força da natureza, que passa revolucionando tudo pelo caminho. Um pouco como a minha mãe, e talvez como a sua.

Família reunida!

Família reunida!

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Colin Firth arma Um Golpe Perfeito

por Marcelo Seabra

Gambit

Os anos 60 e 70 se mostram uma fonte inesgotável para refilmagens. Infelizmente, desnecessárias, já que os originais geralmente se mostram superiores – às vezes, por uma diferença pequena, já que não são muita coisa também. Michael Caine, por exemplo, trocou de papéis em Um Jogo de Vida e Morte (Sleuth, 2007), já que em Jogo Mortal (Sleuth, 1972) vivia o jovem amante, e não o esposo mais velho. Jude Law, que fez par com ele, já pegou a atualização de outro de seus papéis, o famoso Alfie de Como Conquistar as Mulheres (1966).  Um Golpe à Italiana (The Italian Job, 1969) e Carter – O Vingador (1971) são mais produções da carreira de Caine que voltaram à vida, e agora é a vez de Como Possuir Lissu (Gambit, 1966), que virou o recente Um Golpe Perfeito (Gambit, 2012), em cartaz nos cinemas. Os títulos originais costumam se repetir, mas o pessoal no Brasil é criativo.

A história original, de Sidney Carroll, foi mudada o suficiente para os produtores não considerarem o produto uma refilmagem. No entanto, nomes e algumas falas inteiras são mantidos, e o esquema é o mesmo: enganar um milionário para conseguir uma bolada de dólares envolvendo arte. A dinâmica dos personagens é a mesma: um sujeito bolou o golpe, com a ajuda de um mentor; há um milionário colecionador de obras para ser enganado, mas ele não é tão bobo quanto parece; e uma mulher perspicaz se envolve para colocar tudo em prática. A grande diferença é que os novos roteiristas, ninguém menos que os irmãos Ethan e Joel Coen, resolveram fazer uma comédia de ação, e se esqueceram que o material tinha que ter graça. Mais ou menos o que fizeram com outra refilmagem, Matadores de Velhinha (The Ladykillers, 2004), que também fracassou feio.

Gambit couple

No papel principal, Colin Firth, que atualmente se prepara para mais um Bridget Jones, consegue manter sua dignidade até andando de cuecas. No entanto, faltam-lhe o charme e a frieza de Caine, que fazia um Harry Dean ameaçador, e não um fracassado certificado. Sua pobreza poderia ser engraçada, mas as situações são repetitivas e pouco inspiradas. Completando o elenco, Cameron Diaz (O Que Esperar Quando Você Está Esperando, 2012) e Alan Rickman (o Professor Snape de Harry Potter) fazem o que podem, e é pouco, já que o roteiro não permite nada além de exagero e piadinhas infames. Stanley Tucci (de Sem Proteção, 2012) está bastante caricato e Cloris Leachman (de Espanglês, 2004) nem precisava ter saído de casa, tão rápida é a participação dela.

Um Golpe Perfeito nunca define seu tom e fica devendo algum momento brilhante, por menor que seja. Trata-se de uma ideia que deveria funcionar muito bem no papel, para vender o projeto e atrair bons nomes, mas a execução é falha. O bissexto Michael Hoffman (de Um Dia Especial, 1996) se mostra um diretor genérico, que não contribui com elemento algum com o filme. Nada chama a atenção ou deixa qualquer tipo de impressão. Com tantos roteiros rodando por Hollywood, tantos bons livros lançados, por que essa fixação em buscar inspiração no passado? O próprio Michael Caine já afirmou ser uma bobagem essa mania de refilmagens, pouco antes de aparecer em Um Jogo de Vida e Morte e comprovar uma contradição. Vamos aguardar com palpites para qual será o próximo trabalho do ator a ganhar nova roupagem.

Michael Caine, em 1966, queria roubar Lissu

Michael Caine, em 1966, queria roubar Lissu

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Leonardo Da Vinci é o mais novo detetive da TV

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Da Vincis DemonsNascido em Vinci, Toscana, Itália, em 15 de maio de 1452, Leonardo di ser Piero da Vinci, ou, simplesmente, Leonardo da Vinci foi um dos maiores gênios da humanidade. Uma das mentes responsáveis por liderar a revolução progressista – especialmente no ramo das artes – que viria a ser conhecida como “Renascimento”, Leonardo se destacou em praticamente todas as áreas do conhecimento. Foi um célebre pintor, escultor, arquiteto, músico, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, geólogo, cartógrafo, botânico e escritor. E, agora, na nova série do Starz – mesmo canal responsável por produções como Spartacus e Pilares da Terra – Leonardo revela-se um grande adepto da lógica ao ser apresentado como uma espécie de detetive medieval, ainda que seus talentos sejam, em sua maioria, usados em prol de si mesmo.

Da Vinci’s Demons se passa em Florença, Itália, no último quarto do século XVI, período conturbado na história italiana, na medida em que a cidade-estado se encontra em uma guerra fria com o Vaticano que, logo, se torna um conflito aberto. Inicialmente alheio a esse Da Vincis Demons Rileyconflito, Leonardo (Tom Riley, de Loucos por Ela, 2007 – ao lado) se preocupa em tornar suas invenções – como uma geringonça que faria o homem voar auxiliado por uma carroça (imagine uma pipa gigante e um homem amarrado a ela) – realidade. Para isso, conta com o auxílio de Nico (Eros Vlahos, de Game of Thrones) e Zoroastro (Gregg Chillin). Ao mesmo tempo, ele prepara uma pomba voadora mecânica para o governante da cidade, Giluino Medici (Tom Bateman), para que alce vôo durante as comemorações da páscoa, uma festa que mais se assemelha ao carnaval do que qualquer coisa. Ao tomar ciência do clima político na cidade, Da Vinci passa a usar seu contato direto com os Médici, família que controla Florença, para tentar lhes vender armas – ainda a serem construídas por ele – que lhes dêem vantagens no conflito inevitável que se avizinha.

Paralelamente, uma história mais pessoal se desenvolve. Inquieto a ponto de ter que usar ópio e vinho para desacelerar seu cérebro e conseguir pensar claramente, Leonardo acaba trombando com um turco em uma taverna. Essa pessoa é procurada pela Inquisição, o que desperta sua curiosidade. Logo, o turco revela a ele que a mãe de Leonardo – que o abandonara quando criança – faz parte de uma sociedade secreta que busca o lendário “Livro das Folhas”, um compêndio que conteria toda a história secreta do mundo, provando que muito do que era tido como fatos seriam, na realidade, mentiras para enganar o povo. O tal livro também é procurado pelo Papa Sexto IV (James Faulkner, de X-Men: Primeira Classe, 2011), que designa para tal o chefe dos Arquivos Secretos do Vaticano, Girolamo Riario (Blake Ritson, de Rock ‘n’ Rolla, 2008). Desnecessário dizer que conspirações dentro de conspirações, como na maioria das produções do gênero, permeiam a série, que tem até mesmo sua femme-fatale na figura de Lucrezia Donati (Laura Haddock, de Capitão América: O Primeiro Vingador, 2011 – abaixo). Leonardo, obviamente, vai se emaranhar nela em sua busca pelo que considera ser a verdade do mundo.

Da Vincis Demons Haddock

Da Vinci’s Demons é criação de David S. Goyer, um dos produtores e escritores com o currículo mais instável de Hollywood. Afinal, ao mesmo tempo em que escreveu filmes sensacionais como a trilogia Batman ao lado de Cristopher Nolan, (e reutiliza algumas das ideias apresentadas ali para construir o passado de Leonardo), ele também foi o responsável por cometer Motoqueiro Fantasma: O Espírito da Vingança. Após uma temporada de apenas oito episódios, sua nova empreitada ainda não se decidiu se é uma série mais leve ou se algo mais sombrio e intrincado, no estilo de Arquivo X. Uma coisa, no entanto, fica clara desde o começo e é mais explorada nos últimos capítulos da temporada, que é a introdução de elementos místicos e mesmo sobrenaturais, propiciando encontros inusitados entre Da Vinci e figuras importantes que lhe eram contemporâneas e, até onde se sabe, nunca interagiram com Leonardo. Essa influência do sobrenatural traz atrativos a mais para a trama, que adiciona um pouco ao tema recorrente de “conspirações dentro de conspirações”.

Um outro atrativo da série é o protagonista, que Riley interpreta como uma espécie de Tony Stark medieval, ora exibindo traços de sua genialidade, ora comportando-se como uma criança petulante. Se Goyer vai conseguir definir uma direção para a sua série – que, é bom enfatizar, é totalmente fantasiosa no que diz respeito à História – só o tempo dirá. Tempo que ele terá, pois Da Vinci’s Demons já teve sua segunda temporada confirmada. A série foi exibida no Brasil às terças-feiras às 23h no canal a cabo Fox. A primeira temporada começará a ser reprisada no mesmo canal e horário a partir do dia 18. Já a segunda temporada deve ir ao ar em 2014, sem data definida até agora.

David S. Goyer apresenta seu elenco

David S. Goyer apresenta seu elenco

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Bom elenco é a atração de filme morno

por Marcelo Seabra

The Oranges

Um elenco de atores normalmente relegados a segundo plano, todos muito competentes, ganha pelo fato de não ter uma estrela buscando mais atenção que os colegas. É isto o que acontece em A Filha do Meu Melhor Amigo (The Oranges, 2011), título nacional ordinário para a dramédia que finalmente chega ao Brasil, depois de dois anos na geladeira. O diretor Julian Farino vem de séries de TV como Entourage e Como Vencer na América e reuniu atores atualmente mais lembrados por séries também, mas que estão sempre lá e cá.

Os personagens principais são dois casais de velhos amigos, daqueles que passam juntos todos os feriados. Hugh Laurie (o Dr. House) e Catherine Keener (de Confiar, 2010) são os Wallings; Oliver Platt (de X-Men: Primeira Classe, 2011) e Allison Janney (de Histórias Cruzadas, 2011), que trabalharam em The Big C e The West Wing, são os Ostroffs. Tudo corre bem na vida dos casais até que a filha sumida dos Ostroffs (Leighton Meester, de Gossip Girl) resolve aparecer em casa. A volta de Nina é o catalizador da separação dos Wallings, que já não estavam muito bem, e David se vê caído pela menina.

Como ninguém é apresentado como vítima ou como vilão, há um equilíbrio interessante. Todos têm uma parcela de culpa ou responsabilidade no que está acontecendo, nos relacionamentos ameaçados. Os filhos dos Wallings não ajudam em nada: Vanessa (Alia Shawkat, de Arrested Development) tem medo de correr atrás de seus sonhos e vive em seu mundinho, enquanto Toby (Adam Brody, de The O.C.) mora fora e é sempre o último a saber de tudo. Para complicar, Toby e Nina têm um caso adolescente mal resolvido e Vanessa nutre um ressentimento por Nina, que era sua amiga e a deixou para andar com as garotas populares.

The Oranges couple

Lembrando um pouco (de relance) o ótimo Beleza Americana (American Beauty, 1999), The Oranges traz personagens problemáticos, em crise ou os dois. Hugh Laurie volta a encontrar Leighton Meester, com quem fez dois episódios de House em 2006, e um dos problemas do longa é a falta de química entre eles, que deveriam ser um casal ardente e não convencem (acima). Os problemas mostrados são situações corriqueiras que todos enfrentam (ou podem enfrentar) no dia a dia, nada muito digno de nota. O relacionamento entre duas pessoas tão diferentes vem para sacudir aquela rotina, que realmente precisava ser balançada, mas sabemos que logo voltará à normalidade.

Os roteiristas de primeira viagem, Jay Reiss e Ian Helfer, deixam tudo muito certinho, com as soluções a dois minutos à frente na projeção. Tudo se encaixa, o final é óbvio e morno, como todo o resto. Os atores envolvidos, único fator digno de nota, mereciam mais que apenas “o filme bonitinho da semana”. A graça é vê-los trabalharem e não esperar muito além disso.

E, para piorar, as meninas não se entendem

E, para piorar, as meninas não se entendem

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Ator e diretor afundam juntos com Depois da Terra

por Marcelo Seabra

After Earth

Juntar dois egos inflados em um mesmo filme facilmente daria algo bem ruim. Ainda mais quando se trata de M. Night Shyamalan, um diretor que misteriosamente ainda consegue trabalho em Hollywood depois das bombas que andou entregando, e Will Smith, astro que passou anos se dedicando a outros assuntos, não faz nada de relevante no Cinema há algum tempo e parece mais dedicado à carreira dos filhos. Não à toa, carregou o jovem Jaden Smith para Depois da Terra (After Earth, 2013), projeto claramente desenvolvido para garantir a Jaden um status similar ao que o pai atingiu. Ao menos, esse parece ter sido o plano.

Shyamalan já foi aquele cineasta promissor que todos iriam acompanhar, que ganhou fama com O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) e seguiu com o igualmente ótimo Corpo Fechado (Unbreakable, 2000). Seus trabalhos seguintes, Sinais (Signs, 2002) e A Vila (The Village, 2004), dividiram opiniões, mas têm qualidades óbvias. A carreira começou a descer o barranco com o descabido A Dama na Água (Lady in the Water, 2006), uma fábula ridícula que colocou Paul Giamatti em uma enrascada. Fim dos Tempos (The Happening, 2008) e O Último Mestre do Ar (The Last Airbender, 2010) não merecem mais palavras, e o caminho parecia claro para Shyamalan: aposentar as chuteiras. Mesmo com estes fracassos, ele ainda era visto como um autor, alguém com uma visão própria, ímpar. Agora, a impressão é de que ele se tornou um mero executor que vai onde o dinheiro está.

After Earth Japanese PremiereO outro grande nome envolvido é o de Will Smith, que um belo dia teve a ideia de fazer um filme sobre pai e filho que passam por um acidente de carro e o filho precisar salvar os dois. Depois de pensar mais a respeito, Smith avançou a trama mil anos no futuro, mas o foco era o mesmo: a relação entre as gerações e o amadurecimento do adolescente. Ele contratou Gary Whitta (de O Livro de Eli, 2010) para escrever a primeira versão do roteiro e foi atrás de Shyamalan, com quem ele planejava trabalhar há anos. Seria a oportunidade de repetir o feito de À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006), que uniu os dois Smiths. Estava armada a cilada, como pode-se comprovar agora nos cinemas. O que acaba repetindo é o feito de John Travolta, que levou sua amada cientologia aos cinemas em 2000 com A Reconquista (Battlefield Earth) e virou piada.

Quando a projeção começa, conhecemos Kitai Raige (Jaden), um jovem militar que busca crescer na hierarquia para impressionar o pai, o General Cypher Raige (Will), o herói que fez os humanos ganharem a guerra contra uma raça alienígena que pretendia dizimá-los. Cypher volta para a casa depois de uma longa missão, apenas para emendar outra em seguida, mais curta. A esposa (Sophie Okonedo, de A Vida Secreta das Abelhas, 2008) sugere que ele leve o filho na missão, para passarem um tempo juntos. Acontece um problema incompreensível qualquer e a nave faz um pouso de emergência em terreno hostil, nada menos que a Terra, imprópria para humanos respirarem e infestada por plantas e animais predatórios. Curiosamente, o pai fica ferido e todos os demais morrem, deixando o filho responsável por salvá-los. Ele deve achar a parte traseira da nave, que contém um dispositivo que chamará socorro.

After Earth scene

Independente da época em que se passa, trata-se da velha história de sobrevivência, somando-se aí a urgência de Kitai se tornar o guerreiro que existe apenas em sua imaginação. O general não tem muita fé no garoto, mas não tem opção e envia-o, fornecendo uma lança poderosa e suprimento de oxigênio, e os dois mantêm contato por um comunicador que tem até câmera. Tudo sob medida para que Smith e Shyamalan atinjam o resultado que buscam. O roteiro traz saídas tão convenientes que até beira o absurdo. Um exemplo é a tal criatura chamada de ursa, uma besta enorme e violenta que trucida humanos, mas é cega e encontra suas vítimas farejando o medo delas. Não tinha como ser pior.

Com um argumento mal feito e nada de emoção, a obra não consegue criar um mínimo de empatia com o público. Will segue sempre no mesmo tom de voz e completamente sem expressão, confundindo autoridade com tédio. Jaden faz o que mandam, já que seu personagem irritante e imaturo tem uma trajetória pré-fabricada a percorrer, praticamente como em um videogame. Um fiapo de trama que acredita se sustentar por 100 minutos, Depois da Terra não chega a ser ruim como os últimos trabalhos de Shyamalan, mas está longe de ser minimamente razoável.

Gasta-se uma fortuna para nada

Gasta-se uma fortuna para nada

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DiCaprio é o novo Gatsby do Cinema

por Marcelo Seabra

The Great Gatsby

Para quem é conhecido por ter um estilo espalhafatoso, com cenários muito coloridos e grandiosos, nada mais apropriado para Baz Luhrmann que adaptar para o Cinema o livro O Grande Gatsby (The Great Gatsby), de F. Scott Fitzgerald, que chegou aos cinemas esta semana. Desde 2008 sem lançar um longa-metragem, ano de lançamento do bombardeado Austrália, o diretor não correu riscos: chamou um elenco fantástico, encabeçado por Leonardo DiCaprio, e buscou uma história clássica e admirada há décadas, já adaptada outras quatro vezes.

Publicado em 1925, o livro é uma crítica dura ao estilo de vida dos ricos e famosos da Nova York do começo do século. Apesar de Fitzgerald sempre escrever sobre esse universo glamoroso e deixar claro sua admiração por ele, o escritor não deixa de apontar a futilidade e o materialismo que dominavam. Aparências eram muito importantes, mais que o conteúdo, e muitas vezes havia envolvimento de pessoas da alta sociedade com criminosos, que se misturavam por serem ricos e poderosos. Até por isso, as festas eram regadas à bebida contrabandeada, já que se trata da época da Lei Seca. As famílias importantes eram inatingíveis e casamentos eram arranjados entre elas, tornando impossível misturar classes.

The Great Gatsby couple

A trama do filme é narrada por Nick Carraway (Tobey Maguire, da trilogia Homem-Aranha), um corretor e um aspirante a escritor que se torna amigo e confidente do misterioso Jay Gatsby (DiCaprio, visto recentemente em Django Livre, 2012). Conta-se, entre a alta classe, várias histórias a respeito de Gatsby, o que é ainda mais alimentado pelo fato de o milionário dar festas freqüentes e inimagináveis em sua nababesca mansão, para quem quisesse ir, e ele próprio não comparecia, ou passava discretamente entre os animados freqüentadores. O narrador é convidado por Gatsby, que começa a se aproximar dele por uma razão bem específica: Carraway é primo da bela Daisy (Carey Mulligan, de Shame, 2012). Suas motivações serão apresentadas posteriormente, assim como outros personagens importantes, como o playboy bem nascido e pouco confiável Tom Buchanan (Joel Edgerton, de Guerreiro, 2011), o mecânico George Wilson (Jason Clarke, de A Hora Mais Escura, 2012) e a sra. Wilson (Isla Fisher, de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, 2009).

Da mesma forma que fez nos queridos pelo público Romeu + Julieta (1996) e Moulin Rouge (2001), Luhrmann usou músicas atuais, com arranjos adequados para a situação, o que fez muitos torcerem o nariz. É bem estranho, em uma história marcada pelo jazz, ter o rapper Jay-Z como produtor executivo da trilha sonora. O diretor é só elogios ao músico, e diz que ele entendeu exatamente a ideia ao montar a trilha, usando artistas como Lana Del Rey, Jack White, Beyonce e Andre 3000. Versões estranhas em cenas nem sempre apropriadas, com o hip hop ocupando o lugar que originalmente era do jazz. Entre críticas positivas e negativas, o disco vai chegando à segunda posição entre os mais vendidos da Billboard, com projeção de venda de mais de 100 mil cópias.

Apesar de alguns momentos mais tediosos, o longa se segura a maior parte do tempo, com 142 interessantes minutos e, pode-se dizer, ainda mais fiel ao livro que a famosa adaptação de 1974, estrelada por Robert Redford e Mia Farrow. O passado de Gatsby é melhor explicado, assim como as ações dos personagens, e tudo fica mais claro para o público. Com personagens mais profundos, fica mais fácil compreendê-los, e os intérpretes são sempre ótimos. O destaque não poderia ser outro além de DiCaprio. Sua obrigação de ser sempre um cavalheiro, com gestos quase afeminados e maneirismos repetidos à exaustão, dão uma perfeita ideia da insegurança e necessidade de aceitação que acometem Gatsby, mesmo tentando aparentar o contrário. Mulligan também mostra um trabalho impecável, construindo uma Daisy que precisa ser, ao mesmo tempo, volúvel e apaixonante. Com esta obra, Luhrmann faz com que torçamos para que sua próxima não demore mais cinco anos.

Quatro encarnações: Alan Ladd, Redford, Toby Stephens e DiCaprio

Quatro encarnações: Alan Ladd, Redford, Toby Stephens e DiCaprio

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Heloísa Perissé é o tio Patinhas brasileiro

por Marcelo Seabra

Odeio Dia dos Namorados poster

Charles Dickens publicou seu clássico Um Conto de Natal em dezembro de 1843 e, desde então, inúmeras adaptações, assumidas como tal ou não, já ganharam as telas. O velho Ebenezer Scrooge é tão marcante que virou sinônimo de sovina e mal humorado, e deu origem ao tio Patinhas da Disney. Pois agora temos uma versão nacional de Scrooge: a personagem de Heloísa Perissé em Odeio o Dia dos Namorados (2013). Trata-se de mais uma comédia da famigerada dupla Roberto Santucci e Paulo Cursino, diretor e roteirista dos sucessos de público e fracassos de crítica De Pernas pro Ar 1 e 2 (2010 e 2012) e Até que a Sorte os Separe (2012). Como pode-se perceber, um ritmo de produção intenso.

Mais uma vez, a protagonista é uma publicitária viciada em trabalho que tem problemas em sua vida pessoal por não conseguir dosar as coisas (como em De Pernas). No caso dessa Débora de Perissé, ela praticamente não tem vida pessoal nenhuma, tamanha é a sua dedicação à agência. E ninguém aguentaria muito tempo perto dela, já que o roteiro faz questão de taxá-la de insuportável, grossa e todos os defeitos mais que pudermos pensar. E ela sempre foi assim, como podemos conferir na versão mais jovem. E essa personalidade chata (nos dois sentidos) é o principal defeito do longa, entre tantos. Perissé compõe uma mulher sem a mínima graça ou apelo, tornando difícil aceitar que alguém pudesse amá-la.

Odeio Dia dos Namorados cena

Quando conhecemos Débora, há 15 anos atrás, ela está em um imbróglio romântico (que prevê um famoso pedido de casamento que virou mania pelo mundo) com o Heitor de Daniel Boaventura. Pulamos no tempo e ela, agora poderosa na agência, pisa em todos apenas porque pode. Numa daquelas jogadas de Cinema, num acidente de carro bem feito, ela revê o amigo falecido Gilberto (Marcelo Saback), que serve como guia por vários momentos da vida da moça para provar a ela o quanto sua vida é terrível e que ela precisa mudar de atitude urgentemente. É então que cabem várias piadas com os vergonhosos anos 80, quando as roupas e cabelos eram ridículos e os Menudos faziam grande sucesso entre a rapaziada. Todas são devidamente explicadas, caso o público seja mais novo e não capte. Isso, inclusive, é recorrente no roteiro: os diálogos são bastante expositivos. Santucci e Cursino estão longe de acreditar em seus espectadores.

Para a sorte de Perissé, parte do elenco foi bem escolhida e alguns atores se mostram bem à vontade, mesmo quando a tarefa não é das melhores. Daniel Boaventura, por exemplo, desperdiça seu carisma em um herói bobinho e faz o que pode com o pouco que lhe cabe. Já Saback, como o espírito gay, mantém a compostura e se diverte com tiradas inspiradas e um humor ferino. Danielle Winits e MV Bill, no núcleo “delegacia”, conseguem arrancar uns risos, e até o usualmente chatinho André Mattos consegue se sair bem com seus dois minutos em cena. Fernando Caruso, com aqueles olhos esbugalhados, nem precisa falar nada para ser engraçado. E a eterna “Confissões de Adolescente” Daniele Valente, que já mostrou sua falta de talento na TV, comprova o que já sabíamos no Cinema.

Devido aos bons momentos ocasionais e à disposição do elenco de entrar de cabeça nas roubadas que o texto propõe, Odeio o Dia dos Namorados consegue ser melhor que os trabalhos anteriores da dupla de criadores. Se De Pernas 2 e Até que a Sorte foram campeões de público, imagine o estrago que este poderá fazer a partir desta sexta. O resultado é bem mais simpático que, inclusive, outras comédias nacionais que andaram envergonhando por aí, como aquele Agamenon (2011) horroroso e o besta E Aí, Comeu? (2012). Será que isso significa que Santucci e Cursino podem ter começado a ter um pouco mais de critério? Acho difícil, mas esperemos pelas cenas do próximo capítulo.

O elenco principal dá a cara a tapa

O elenco principal dá a cara a tapa

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Robert Redford convoca um ótimo elenco

por Marcelo Seabra

The Company You Keep

Ser um artista da magnitude de Robert Redford tem suas vantagens. Além de poder trabalhar no material que quiser, trabalhar com quem escolher. Ou nem precisar escolher muito e colocar logo todo mundo. O elenco de Sem Proteção (The Company You Keep, 2012), encabeçado pelo próprio ator, diretor e produtor, traz diversos nomes que já valem o ingresso. E isso é ótimo para o longa, porque se a venda de ingressos fosse depender do roteiro, não se chegaria muito longe.

The Company You Keep SarandonO inofensivo Shia LaBeouf (de Os Infratores, 2012) vive um jornalista levado a investigar a prisão de uma dona de casa pacata (Susan Sarandon, de O Acordo, 2013 – ao lado) identificada como uma terrorista que, há 30 anos, se envolveu num assalto e deixou uma vítima fatal. A turma dela vem sendo procurada, mas as identidades trocadas deixaram tudo mais difícil para o FBI, equipe que parece meio burrinha e está sempre atrás do protagonista. Muito facilmente, Ben chega ao advogado Jim Grant (Redford), que de cara sabemos esconder alguma coisa. Grant provavelmente vinha prevendo esse momento, já que tinha todo um plano de fuga traçado. Nesse momento, a trama sai correndo junto e passamos a ter três núcleos: Grant e todas as pessoas que ele procura; Ben e as outras peças do quebra-cabeça; e os agentes do FBI resumidos em Anna Kendrick (de Marcados para Morrer, 2012) e Terrence Howard (de Na Estrada, 2012).

Baseado no livro de Neil Gordon, o roteiro de Lem Dobbs (de A Toda Prova, 2011) não tem surpresas e não torna as coisas interessantes, apenas vai envolvendo mais personagens até chegar a um final anticlimático, aborrecido e convencional. Por melhor que sejam os atores, nada salva uma conclusão que joga tudo o que vimos antes por terra. Redford parece se contentar com pouco e desperdiça a oportunidade de atingir algo grandioso, não saindo do mediano – para não dizer abaixo da média.

La Beouf já mostrou não dar conta de segurar um filme sozinho, e parece sempre estar tentando ser algo que não é. Para compensar, Redford chama companhia como Brendan Gleeson, Richard Jenkins, Chris Cooper, Stanley Tucci, Julie Christie, Nick Nolte, Sam Elliot e Stephen Root. Com tanta gente na tela, não dá para desenvolver muita coisa, e eles se resumem a citar algo importante em um diálogo expositivo para que o público possa acompanhar. Seja em um campo aberto ou em uma casinha numa vizinhança como outra qualquer, Grant parece estar sempre desprotegido, a um passo da captura, como o título nacional indica. E nenhum desses grandes nomes pode ajudá-lo a salvar o filme da mesmice.

O FBI tenta segurar o jornalista, que parece bem mais competente

O FBI tenta segurar o jornalista, que descobre muito mais que eles

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Novo Star Trek vai aonde nenhum episódio jamais esteve

por Marcelo Seabra

Star Trek Into Darkness poster

Depois de revigorar a série Star Trek com o longa de 2009, o diretor/Midas J.J. Abrams seguiu em frente com uma história mais sombria e um vilão bem mais interessante, e conseguiu o que sempre se espera, mas raramente se consegue: uma sequência superior ao original. Além da Escuridão – Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013) chega aos cinemas colecionando críticas positivas e reunindo uma quantia considerável nas bilheterias, que em breve deve cobrir os US$ 190 milhões gastos. A estreia oficial no Brasil é só em 14 de junho, mas várias sessões estão sendo exibidas em caráter de pré-estreia.

Realizadores já consagrados sempre dizem que só farão uma continuação para suas obras se tiverem uma história adequada, que acrescente algo ao universo que criaram. Para isso, Roberto Orci e Alex Kurtzman tiveram uma mão de Damon Lindelof (de Prometheus, 2012) e os três chegaram no ponto de animar Abrams a assumir o comando novamente. Outro que volta é o compositor Michael Giacchino, que apresenta uma trilha grandiosa e adequada. O mesmo elenco foi reunido e algumas adições trouxeram sangue novo à Enterprise. Como o misterioso John Harrison, Benedict Cumberbatch (da série Sherlock – abaixo) rouba a cena e cria um vilão com conteúdo suficiente para ter o interesse do público – e para entrar para a história da série. Chegam também Peter Weller (eternamente lembrado como Robocop) e Alice Eve (de O Corvo, 2012), ambos com personagens relevantes.

Into Darkness Cumberbatch

Como de costume em filmes de ação (a franquia James Bond é um ótimo exemplo), a projeção começa com a equipe da famosa nave em meio a uma missão para, em seguida, retornar ao lar para aguardar por uma nova tarefa. Um ataque terrorista a uma sede da Frota Estelar garante a Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto), Uhura (Zoe Saldana) e companhia um destino certo: um planeta dominado pelos bélicos klingons na caça do exército de um homem só, Harrison. Repetem seus papéis Karl Urban (Bones McCoy, ou Magro), John Cho (Sulu), Simon Pegg (Scotty), Anton Yelchin (Chekov) e Bruce Greenwood (Capitão Pike). É importante ressaltar que não é necessário ser um fã da criação de Gene Roddenberry para acompanhar o filme, basta encostar e aproveitar. Isso, apesar de um 3D desnecessário e confuso.

Assim como foi com O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), Além da Escuridão não precisa mais apresentar os personagens e pode ir direto ao assunto. Os membros principais da tripulação têm importância e tempo em cena similares, não deixando o peso apenas em um deles, e a ação é incessante. Por trás do ritmo frenético, intrigas políticas criam a motivação para a trama, o que distancia os universos de Star Trek e do próximo trabalho de Abrams, Star Wars, que fica naquela eterna – e divertida também – disputa entre rebeldes e Império. O público só tem a ganhar com o diretor à frente dos dois, um nerd dos bons que sabe o que fazer com o material e não se preocupa em ser tão reverente, mesmo respeitando a mitologia pré-existente e dando alguns afagos aos fãs, com elementos antigos modernizados e bem colocados.

Kirk segue à frente da equipe da Enterprise

Kirk segue à frente da equipe da Enterprise

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Terceira parte encerra as aventuras do bando de lobos

por Marcelo Seabra

The Hangover 3

Tudo começou em 2009, com um bando de amigos querendo comemorar o casamento de um deles. Uma droga depois e eles precisam refazer o caminho percorrido para lembrarem o que houve e onde foi parar um deles, que está desaparecido. Em 2011, é outro quem vai se casar, a despedida é num país exótico, a Tailândia, mas a história é a mesma, só o nível de apelação é bem mais alto. Para fechar a “saga”, mais dois anos de intervalo e temos Se Beber, Não Case! Parte III (The Hangover Part III, 2013). Este último episódio não chega perto da inovação e criatividade que o primeiro representou, mas fica bem longe da ruindade do segundo, que bate recordes de mau gosto.

The Hangover 3 Chow AlanHoje, com os atores bem mais conhecidos que em 2009, o longa deve chamar mais a atenção do público, o que pode levar muitos à descoberta tardia do primeiro, o que é bom. Pena que a curiosidade vai acabar esbarrando no segundo, o que é uma pena. Como acontece na “trilogia do segredo”, com Danny Ocean e sua turma, o fundo do poço está no meio. Esta terceira parte consegue ter seus bons momentos, mesmo que não inove em nada. A grande atração, o mimado e louco Alan (Zach Galifianakis), vai muito mais longe em termos de falta completa de traquejo social e de noção, de uma forma geral. E ele não está sozinho: é maior a participação do Sr. Leslie Chow (Ken Jeong), o traficante tresloucado das outras aventuras. Cavou-se uma ponta solta no primeiro filme para que este terceiro pudesse existir e para que a turma toda pudesse se reunir.

Dessa vez, os três “adultos” do “bando de lobos” (como eles se chamam) são convocados para acompanharem Alan a uma clínica em outro estado para uma longa temporada. Doug (Justin Bartha) é o cunhado que sempre some, e Phil (Bradley Cooper) e Stu (Ed Helms) são os responsáveis por conduzir a trama. Numa participação especial, John Goodman (de O Voo, 2012) rouba algumas cenas, e Heather Graham volta como a ex-prostituta Jade, agora uma pacata dona de casa. Melissa McCarthy, aquela aberração de Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011), aparece mais contida, e não chega a comprometer – como ela faz normalmente.

A trilha sonora, apesar de não muito original (como nada no longa), é bem interessante e funciona nos momentos que pontua. Músicas como Everybody’s Talkin’ (com Nilsson), I Got a Name (Jim Croce), N.I.B. (Black Sabbath) e Evil Ways (Santana), para não mencionar A Garota de Ipanema, sempre aparecem no Cinema, o que não tira o valor delas. Billy Joel tem uma “importância” maior, duas canções são citadas (My Life e The Stranger) e até um show histórico serve como mote para uma conversa romântica. Mr. Chow cantando Hurt, do Nine Inch Nails (e regravada por Johnny Cash), é engraçadinho. Também é necessário cobrir cenas mais bobas, e temos MMMBop, dos Hanson, para isso.

Pensando no hilário Dias Incríveis (Old School, 2003), era de se esperar mais do diretor, produtor e roteirista Todd Phillips. Mas, pensando melhor, os trabalhos ruins superam os bons, como é o caso de bobagens como Escola de Idiotas (School for Scoundrels, 2006), Caindo na Estrada (Road Trip, 2000) e o próprio Se Beber II. Por esse ângulo, essa parte III é até boa, ou ao menos poderia ter sido bem pior. Vamos aguardar para ver se a trilogia se encerra aqui mesmo ou se alguém não vai resistir e inventar uma nova desculpa esfarrapada para reunir o bando de lobos.

Depois de três longas, é o fim

Depois de três longas, é o fim

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