Nosferatu (2024) – indicado em quatro categorias: Fotografia, Design de Produção, Figurino e Maquiagem e Cabelo.
Em 1838, um corretor precisa ir à Transilvânia colher a assinatura de um conde recluso para fechar a venda de uma mansão antiga. Lá chegando, ele começa a suspeitar que seu cliente seja um vampiro. O conde, por sua vez, se interessa pela noiva do corretor e planeja ir atrás dela, levando a morte a uma fictícia cidade da Alemanha.
Em 1922, sem conseguir adquirir os direitos de adaptação do romance Drácula, o famoso diretor alemão F.W. Murnau seguiu assim mesmo, mudando nomes e alguns detalhes, e realizou sua própria versão da história de Bram Stoker. Nosferatu é uma das mais lembradas obras do expressionismo alemão e até hoje é referência para o Cinema de terror. Em 1979, foi a vez de Werner Herzog filmar a história e, agora, Robert Eggers nos oferece a versão dele.
Revelado no ótimo A Bruxa (The Witch, 2015), que foi seguido pelos igualmente competentes O Farol (The Lighthouse, 2019) e O Homem do Norte (The Northman, 2022), o diretor reúne um bom elenco e reconta a história do Conde Orlok (Bill Skarsgård), que vai aterrorizar o casal Ellen (Lily-Rose Depp) e Thomas (Nicholas Hoult) e toda uma cidade para ter a mulher a seu lado. O elenco ainda conta com Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin, Simon McBurney e os favoritos de Eggers, Ralph Ineson e Willem Dafoe.
Mais do que cenários interessantes ou caracterizações aterrorizantes, Eggers cria uma atmosfera. É algo que segue na cabeça do público após a sessão, que se sente assombrado pela lembrança do que viu. Skarsgård disse em entrevistas que não pretende novamente viver algo tão maligno. Orlok não tem o histórico romântico e trágico de Drácula, ele é apenas algo mau, secular e asqueroso, dá nojo só de olhar. E, em torno dele, o senso de perigo é constante, ninguém está a salvo quando Orlok está por perto. Até relevamos as inconsistências do roteiro.
Mesmo pobre, o casal de protagonistas parece feliz, e Thomas está no caminho para ter sucesso no trabalho. É Natal, tudo parece correr bem. A mera menção a Orlok já abala a felicidade deles, e Ellen sabe que ele está ligado ao passado dela. Lily-Rose Depp, quase sempre muito atormentada, faz um ótimo trabalho, enquanto Hoult é o tipo ambicioso que não dá ouvidos ao que seriam desvarios da esposa e encara a viagem ao castelo sombrio que os locais evitam a todo custo.
Perigosamente esbarrando num tom teatral às vezes, Nosferatu consegue se equilibrar. Enquanto alguns personagens não têm muita profundidade, estando ali apenas para preencher certas funções do roteiro, outros conseguem ocupar esses buracos. Tudo pontuado por uma trilha sonora perturbadora de Robin Carolan, repetindo a parceria de Homem do Norte com mais faixas perturbadoras, na bela fotografia propositalmente escurecida de Jarin Blaschke, pela quarta vez trabalhando com Eggers. Se o Nosferatu original influenciou tudo que veio depois, esse novo é influenciado e ao mesmo tempo vai influenciar o que vier pela frente. “Não participem das obras infrutíferas das trevas”, diz a Bíblia. Eggers trouxe a luz e revelou o oculto.

O Nosferatu de 1922, vivido por Max Schreck