Novas séries enchem a programação de streamings

Com diversas séries estreando nos muitos serviços de streaming disponíveis, O Pipoqueiro fez uma pequena seleção para te apresentar algumas, com base apenas nos primeiros episódios. Vamos ver o que já dá para inferir pelo início de cada série!

Senna (Netflix)

Maior produção até hoje da Netflix Brasil, a série recria boa parte da carreira do ídolo nacional Ayrton Senna, trazendo bons momentos para os fãs de corridas de carros. Gabriel Leone faz um ótimo trabalho no papel principal e, segundo ele mesmo disse em entrevistas recentes, a produção não deve nada aos grandes projetos de Hollywood.

A mesquinharia da família Senna – leia-se Viviane Senna – é que acabou chamando atenção. A irmã do piloto só disponibilizou a consultoria da família à série se a Netflix garantisse excluir a “viúva” Adriane Galisteu, namorada dele na época da morte. Dessa mesma forma, sabemos que há informações importantes da biografia de Ayrton que são mantidas de fora, como as vezes em que a cabeça quente dele lhe garantiram um olho roxo. Ou a relação que manteve com uma menina menor de idade.

A série acaba mostrando pontos interessantes da carreira do piloto, mas entra na categoria das biografias chapas brancas, que mostram o biografado quase como um santo. Ainda assim, a obra tem se mantido no primeiro lugar entre as mais assistidas do streaming, e ajuda a apresentar o ídolo aos mais novos, nascidos depois daquela fatídica corrida em Ímola.

Um Espião Infiltrado (A Man on the Inside, Netflix)

Um professor de engenharia aposentado é contratado por uma detetive particular para se infiltrar num asilo e desvendar um roubo. Ótima oportunidade para Ted Danson brilhar, engraçado e sedutor na mesma medida, despertando também os ciúmes de um colega. Todos vão reconhecer um traço de um familiar em Charles. E vão também se lembrar de Stephanie Beatriz, a diretora da instituição, que já foi a policial Rosa Diaz de Brooklyn 9-9.

Criada por Michael Schur, que também produziu The Good Place, Brooklyn 9-9, Master of None e Parks and Recreation, Um Espião Infiltrado traz alguns rostos conhecidos e conta uma história leve e bem humorada. Danson está afiado e deve chamar atenção na temporada de premiações, mas a série não fica apenas na comédia. Há questões interessantes sendo pinceladas, como as que acompanham a terceira idade – a necessidade de se manter ativo, o contato com familiares, a possibilidade de fazer novos amigos e assim em diante.

Duna: A Profecia (Dune: Prophecy, HBO)

Derivada dos filmes de Denis Villeneuve, a série se passa dez mil anos antes deles, mostrando a criação e o avanço das Bene Gesserit, o grupo de mulheres que consegue desenvolver poderes sobrenaturais e visa conquistar poder. Com apenas seis episódios, a atração traz os sobrenomes famosos da história, como Harkonnen e Atreides, e rostos igualmente conhecidos, como Emily Watson, Olivia Williams, Mark Strong, Mark Addy e Travis Fimmel.

A exemplo do que fez com A Casa do Dragão, a HBO sabiamente pegou uma saga famosa e bem sucedida e criou o chamado spin off, esticando a história em outra direção e deixando a porta aberta para várias temporadas e possíveis outras séries. Quem gosta de intrigas palacianas vai se deliciar com os desafios enfrentados pelo Imperador Corrino (Strong) para manter seu poder e a paz, e há a trama principal, com as irmãs Valya (Watson) e Tula (Williams) construindo a Ordem das Bene Gesserit. Pro público mais jovem e cheio de hormônios, temos também uns rostinhos bonitos que prometem manter o clima quente.

Landman (Paramount+)

Tendo criado o sucesso Yellowstone e seus derivados, além de Tulsa King e Operação Lioness, Taylor Sheridan devia estar com tempo livre, fora escrever, dirigir e produzir episódios – e até atuar, vez ou outra. Para se ocupar, criou Landman, série sobre a bilionária indústria do petróleo, “que está dando nova forma ao nosso clima, economia e geopolítica”, como diz o release oficial.

Como sempre coloca nomes importantes à frente de suas atrações, Sheridan dessa vez convocou Billy Bob Thornton como protagonista, uma espécie de negociador e resolvedor de problemas para uma companhia petrolífera. Ainda temos, de brinde, Demi Moore (vindo do elogiado A Substância) e Jon Hamm (o eterno Don Draper de Mad Man) como os astros desse elenco estrelado. Michelle Randolph, que vive a filha de Tommy Norris, já ganha atenção da mídia estrangeira como uma grande promessa.

Seguindo o costume entre os protagonistas de Sheridan, Tommy um código de honra bem próprio, além de um humor rabugento e um cinismo constante. O que, convenhamos, é necessário para o trabalho dele, que envolve sangue frio quando explosões acontecem, pessoas morrem e aviões da companhia são roubados. Deve ter sido um bom homem quando entrou nessa, mas é hoje é uma pessoa bem diferente. E o personagem se encaixa muito bem com Thornton, que vinha carecendo de um bom papel desde a primeira temporada de Fargo.

Bônus: Yellowstone (Paramount+)

Uma das séries mais assistidas dos últimos anos, Yellowstone tinha em Kevin Costner sua principal força. O problema surgiu no intervalo entre as duas partes da quinta temporada: o ator, envolvido na realização de seu amado projeto Horizon (2024), comunicou que não voltaria para a segunda, o que demandou dos envolvidos uma solução que fizesse sentido. Como continuar uma série com a saída de seu personagem principal?

De volta após um hiato de quase dois anos, Yellowstone está próxima de acabar, com a segunda parte da quinta temporada consistindo de apenas seis episódios. Sem Costner. Por mais boa vontade que os fãs tenham, e por melhor que seja o que inventaram para dar seguimento à história, a ausência de Costner grita, deixando os demais atores meio perdidos – o que faz sentido, já que é o mesmo sentimento dos personagens, que sentem a falta de seu pai e líder.

Como é comum acontecer a séries, o final de Yellowstone promete ser melancólico, longe da potência de temporadas passadas. O gol de Taylor Sheridan foi anotado e ele segue criando mais e mais atrações, como Landman deixa bem claro. Os fãs da série, no entanto, mereciam mais consideração por parte de seu astro, que segue alimentando sua fama de difícil.

Bônus #2: não perca Shrinking!

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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