Yellowstone é destaque na TV

Um dos fenômenos atuais da TV, a série Yellowstone já tem sua quinta temporada confirmada, a ser lançada em duas partes de sete episódios cada. Com Kevin Costner à frente do elenco, a atração da Paramount é destaque de audiência e deu origem a derivados. O primeiro episódio é um filme perfeitamente fechado. Com 1h30 de duração, não faltam intrigas, política, tiros, sexo e comoção, preparando bem o terreno para o que vem pela frente. Os episódios seguintes, em torno de 45 minutos, não ficam atrás, com histórias enxutas que nos levam logo ao próximo, o que praticamente obriga o público a maratonar a série.

A obra nos apresenta à família Dutton, donos de uma boa parte da cidade de Montana, o famoso rancho Yellowstone. Lá, vivem John, o viúvo patriarca vivido por Costner, alguns de seus filhos e diversos empregados. Num primeiro momento, moram com o pai o filho mais velho, Lee (Dave Annable, de This Is Us), e Jamie (Wes Bentley, de Missão: Impossível – Efeito Fallout, 2018), o segundo mais velho, advogado da família. Além desses, conhecemos Bethany (Kelly Reilly, de Sherlock Holmes, 2011), uma bela executiva que toma e reorganiza empresas como quem troca de roupa, e Kayce (Luke Grimes, de Sete Homens e Um Destino, 2016), um ex-militar que se casou com uma indígena e deixou a família para trás.

A disputa com a reserva indígena é um dos pontos recorrentes na trama de Yellowstone. Temos um retrato bem realista do papel ao qual os indígenas norte-americanos são relegados. Eles são deixados à margem da sociedade, em comunidades limitadas, e volta e meia são roubados por “cidadãos de bem”, sempre de olho nas terras deles. É o caso de John Dutton, que apesar de ser o protagonista, tem uma moral nada duvidosa: ele faz o que convém para ele e os Dutton, geralmente acima da lei – que ele representa, já que é o xerife da cidade.

Quem conhece a carreira de Taylor Sheridan como roteirista já sabe um pouco do que esperar. Depois de desistir de ser ator, ele passou a escrever e logo emplacou Sicário: Terra de Ninguém (2015) e A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016), dois roteiros premiados que lhe deram moral para dirigir Terra Selvagem (Wind River, 2017).  Com vários projetos em andamento, Sheridan ainda arrumou um tempinho para criar uma série e fechar com o serviço de streaming da Paramount uma parceria lucrativa. Além de creditado como criador, ele escreveu e dirigiu vários episódios.

Kevin Costner, vencedor de dois Oscars por Dança com Lobos (Dance With Wolves, 1990), é um nome mais do que conhecido e apropriado para liderar e conduzir os Dutton. Além dele, o elenco principal não deixa a desejar. Entre vários bons nomes, Kelly Reilly merece uma menção honrosa. Sua Beth consegue ir de garotinha traumatizada a mulher fatal em segundos, e arrebenta em ambas as funções. E a necessidade de Jamie de aprovação pelo pai chega a dar dó, num ótimo trabalho de Bentley. Entre os muitos coadjuvantes, os destaques são Cole Hauser (de Transcendence, 2014), como o capataz fiel de John, e Danny Huston (de A Noite do Jogo, 2018), o antagonista que busca derrubar os Dutton.

A primeira série derivada de Yellowstone, 1883, já está em exibição, e há outras duas em produção. Isso, além das próximas temporadas, já ansiosamente aguardadas. Não à toa, é um dos carros-chefes da Paramount, que disponibiliza suas produções através da Amazon Prime. Não é difícil associar os Dutton aos Corleone, com suas dinâmicas familiares, e a série ganha força na forma como brinca com essas referências. Sheridan não tenta reinventar a roda, mas sabe muito bem como quebrar expectativas e entregar algo muito superior, inesperado. Por isso, terá sempre o público a seu lado, torcendo por seus próximos projetos.

John tenta corrigir seus erros como pai com o neto

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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