Halloween Especial 2024

Enquanto alguns aproveitam a época para comemorar o Dia das Bruxas, outros reclamam do fato do Halloween ser uma festa estrangeira – o que deu origem ao meme sobre o Natal ter sido criado em Osasco. O que importa, no entanto, é falar sobre os filmes de terror/suspense lançados mais recentemente, o que O Pipoqueiro faz abaixo:

Longlegs – Vínculo Mortal (2024)

O longa tem atrativos que não dizem respeito a seu resultado, possíveis apostas para chamar público: conta com Maika Monroe à frente do elenco, atriz revelada no ótimo terror Corrente do Mal (It Follows, 2014); é escrito e dirigido por Osgood Perkins, filho do eterno “Norman Bates” Anthony Perkins, de Psicose (Psycho, 1960); e traz uma rápida e extravagante participação de Nicolas Cage, figura sempre curiosa. Esses três elementos atraem o espectador, que acaba vendo uma trama sem pé nem cabeça em que algumas informações são jogadas e nada encaixa. Você entende o que quiser e gosta se lhe convier.

MaXXXine (2024)

Destinada a ser uma estrela do cinema, Maxine Minx vê pessoas próximas sendo assassinadas logo quando tem sua grande chance de chamar atenção. Conclusão da trilogia iniciada com X – A Marca da Morte (2022), seguido por Pearl (2022). Com a trama passada na década de 80, o roteirista e diretor Ti West aproveita elementos reais e exagera outros, criando uma obra instigante, com bons momentos de tensão e uma ótima oportunidade para Mia Goth brilhar.

Pisque Duas Vezes (Blink Twice, 2024)

Um milionário da tecnologia (Channing Tatum) conhece uma garçonete (Naomi Ackie) numa festa e a convida para curtirem um feriado prolongado com amigos em sua ilha particular. A atriz Zoë Kravitz faz sua estreia na direção com uma trama que exige uma certa suspensão de descrença, já que alguns elementos forçam a barra um tantinho. No entanto, a partir do momento em que deslancha, o filme consegue envolver o espectador e cria um bom suspense, com um elenco interessante que inclui Christian Slater e Haley Joel Osment (o garoto de O Sexto Sentido, 1999).

A Primeira Profecia (The First Omen, 2024)

Filmes cuja missão é explicar outro filme ou personagem tendem a ser bem ruins e ainda enfraquecem a obra original. Felizmente, não é o caso aqui. Esta primeira profecia é uma pré-continuação do já clássico A Profecia (The Omen, 1976) e nos apresenta a uma jovem que se prepara para se tornar freira e percebe que algo de estranho acontece no convento onde foi morar. Sem grandes pretensões e com ligações tímidas com o longa de Richard Donner, o filme consegue andar com as próprias pernas, sem as apelações usuais de outros exemplares, e ainda nos presenteia com uma atuação de Bill Nighy, sempre um espetáculo, além de Ralph Ineson e da nossa Sonia Braga.

O Exorcismo (The Exorcism, 2024)

Joshua John Miller até agora havia sido produtor, roteirista e ator. Pelo resultado da empreitada, não deveria ter tentado a direção. Esse O Exorcismo consegue ser pior que O Exorcista do Papa (2023), bobagem lançada anteriormente que também conta com a presença de Russell Crowe se constrangendo frente a um demônio. O australiano, que parece perdido em sua carreira, desta vez vive um colega de profissão que se prepara para viver um padre exorcista em um filme – que é claramente uma cópia do clássico de 1973. O pobre ator, já atormentado pelos malefícios do álcool, agora vai descobrir o que é sofrer – fazendo o mesmo com seus espectadores.

Hellboy e O Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man, 2024)

Depois de duas encarnações (em três filmes: 2004, 2008 e 2019), Hellboy agora é vivido por Jack Kesy (de O Assassino, 2023) e deixa de lado a parafernália do escritório secreto para o qual trabalha e vai para o meio do mato dos Apalaches. Acompanhado da colega parapsicóloga Bobbie Jo Song (Adeline Rudolph), ele vai parar numa comunidade rural assombrada por bruxaria e deve enfrentar o sinistro Homem Torto, uma espécie de demônio que coleta almas. O filme tem um clima bem-vindo de quadrinhos e deixa a pretensão lá embaixo. Num papel de destaque, temos Jefferson White, bom e velho conhecido dos fãs de Yellowstone.

A Garota da Vez (Woman of the Hour, 2023)

Mais conhecida pela franquia A Escolha Perfeita (2012, 2015, 2017), Anna Kendrick partiu para a direção com um drama real chocante. Vendido como a história da garota que foi a um programa de namoro na TV escolher entre três pretendentes, o filme foca muito mais na vida de Rodney Alcala (Daniel Zovatto), um psicopata de conversa mole que seguiu livre e desimpedido matando. O filme parece não decolar, mas a história é interessante e Kendrick é uma figura simpática.

Aproveitando o assunto, do qual gosta pouco, nosso amigo Tullio Dias, editor do site Cinema de Buteco, passou para comentar mais algumas produções:

Terrifier 3 (2024) é o lançamento de horror de 2024 com os fãs mais leais e devotos. Somente para eles que o longa parece ter motivo de existir. São mais de duas horas de violência gráfica gratuita que não dizem absolutamente nada, exceto que Art, o palhaço, não gosta de Natal.

Daddy’s Head (2024) é uma viagem muito louca que vai garantir belos sustos dentro de um ambiente misterioso. Após a morte do patriarca da família, a esposa 300 anos mais jovem precisa decidir se vai cuidar do enteado – enquanto coisas estranhas começam a acontecer.

 

New Life (2023) é um daqueles filmes que subvertem a nossa expectativa e nos surpreendem do começo ao fim. Para quem gosta de um famoso subgênero do cinema, não tenho a menor dúvida em eleger como o filme do ano na categoria.

Falando em subverter expectativas, Strange Darling (2023) é outra narrativa surpreendente. Seja da linha do tempo não linear dividida em capítulos ou pelo desempenho dos seus atores, o longa apresenta um encontro que não saiu nada bem.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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