por Marcelo Seabra
Depois das críticas positivas e boas bilheterias da refilmagem de A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013), é surpreendente que Fede Alvarez tenha ficado tanto tempo para lançar outro longa. O diretor, roteirista e produtor não lançaria qualquer coisa, e trabalhou em um projeto próprio que levou uns anos para ganhar vida. O Homem nas Trevas (Don’t Breathe, 2016) vem ganhando elogios na imprensa internacional e chega essa semana aos cinemas tupiniquins. E não espere a loucura sobrenatural do trabalho anterior do uruguaio.
A trama é de uma simplicidade enorme. Trata-se de um assalto planejado à casa de um militar veterano cego que não tinha como dar errado. Mas o morador está longe de ser um velhinho indefeso e não vai entregar facilmente seus bens aos três jovens invasores. A primeira cena entrega onde a história vai chegar, e segue-se um flashback. Esse recurso anda até recorrente, mas aqui ele não mostra necessariamente o final. A ideia, não muito original (alguém lembra-se de Esqueceram de Mim?), é muito bem desenvolvida. Alvarez e seu colega roteirista Rodo Sayagues exploram bem o ambiente. O espaço da casa é bem definido e conseguimos entender o que fica onde. E, tratando-se de uma ação noturna na casa de um cego, a escuridão seria praticamente outro personagem.
Entre os membros do elenco, o nome principal é o de Stephen Lang. Muito lembrado e elogiado pelo vilão que viveu em Avatar (2009), ele dá peso ao “cego” – o personagem não chega a ganhar um nome. Apesar desse detalhe, acabamos conhecendo-o razoavelmente bem, com todas as informações que o roteiro vai trazendo, mesmo que ele fale pouquíssimo. E essa ideia de veterano acaba sendo reforçada, já que os demais atores são jovens e pouco conhecidos. Entre o trio, destaca-se Jane Levy, que também esteve em A Morte do Demônio, assim como parte da equipe técnica. A atriz aparece mais, mas é tão segura quanto seus colegas, Dylan Minnette e Daniel Zovatto (ambos de Agents of S.H.I.E.L.D.). E não podemos deixar de lembrar daquele cachorro do capeta, que aparece nas horas certas e complica bastante as coisas para os três.
O título nacional, que em nada se aproxima do Don’t Breathe original (que seria Não Respire), acompanha o título de trabalho, o que era usado para evitar que detalhes do projeto escapassem – A Man in the Dark. A referência a não respirar é interessante porque, além de ser a pretensão de qualquer filme de suspense causar em seu público, é o pouco que precisa para o ex-combatente perceber a presença de mais gente em sua casa. Os outros personagens entendem isso, o que é outra ótima característica do roteiro: eles são espertos e agem de forma inteligente, ao contrário de muitos palermas que vemos por aí. A ambição também é um traço forte nas personalidades deles. E fica aquela dúvida: pra quem torcer? Sabemos quem são os criminosos, mas é fácil torcer para eles.
Com uma curta duração, O Homem nas Trevas é bem objetivo. É interessante apontar também que o tempo dentro da tela é respeitado. Enquanto algo acontece num cômodo, outro personagem está fazendo alguma coisa em outro lugar, e essas ações se encadeiam de forma correta. Alvarez e Sayagues não forçam a barra simplesmente para que o roteiro ande, as coisas acontecem por uma razão. A mesma razão, talvez, que tem feito esse filme ser tão comentado e já ter se pagado seis vezes sem ter ainda estreado em muitas praças.
queria informaçoes sobre o fede alvarez e nao dos filmes dele.
Aí, o http://www.imdb.com deve ajudar. 🙂
Preferi Esqueceram de mim.
Hahahahaha