Noite Infeliz é um belo filme de Natal… para perturbados

Imagine que você é uma garotinha com menos de dez anos de idade que ainda acredita no Papai Noel. Imagine agora que você tem um walkie-talkie que, supostamente, lhe coloca em contato com o bom velhinho. Se você é parte de uma família abastada, que está sendo mantida refém justamente na véspera do Natal, tendo esse recurso em mãos, o que pediria ao velho São Nicolau? Uma bicicleta? Um tablet? Ou para ele salvar a todos?

Se você respondeu a terceira opção, parabéns. Você e Trudy Lighthouse (Leah Brady, de The Umbrella Academy) estão em sintonia. E é essa, basicamente, a premissa de Noite Infeliz (Violent Night, 2022), o filme natalino menos natalino dos últimos anos e que traz um ar de frescor a esse tipo de produção.

Quando começamos a película, vemos o Papai Noel (David Harbour, de Viúva Negra, 2021) em uma nova luz: menos barrigudo e mais cansado, o velhinho se ressente de seu papel e dos inúmeros anos que vem cumprindo aquela função. Ele faz tudo da maneira mais automática e desleixada possível. As crianças recebem seus presentes, mas isso não quer dizer que o velho Kris Kringle goste de entregá-los. Inclusive, ele parece estar prestes a renunciar ao posto.

As coisas começam a mudar quando o Sr. Scrooge (John Leguizamo, de O Recepcionista, 2020) invade a festa de Natal da família Lighthouse, comandada pela odiosa Getrude (Beverly D’Angelo, dos clássicos Férias Frustradas), uma daquelas matriarcas que se preocupam mais com dinheiro e poder do que com a própria família. Scrooge invade a mansão em busca de uma quantia obscena de dinheiro que Getrude mantém em um cofre no subterrâneo.

Para o azar de Scrooge, Nicolau chega à mansão pouco antes da invasão, para atender ao pedido de Natal original de Trudy. Desnecessário dizer que, quando as coisas esquentam, cabe ao Papai Noel resolver o imbróglio e resgatar os Lighthouse. O que ele faz da maneira mais sangrenta possível. De novo, imagine Jason Voorhes ou Mike Myers vestidos como Papai Noel e terão uma ideia de como ele age. Claro que o diretor Tommy Wirkola filma essas sequências de maneira bem menos explícita do que acontece nos filmes estrelados pelos supracitados. Esse ainda é um filme natalino, oras.

Não há muito mais que se falar de Noite Infeliz. É um filme natalino diferente do que estamos acostumados, mais na linha do clássico Duro de Matar (Die Hard, 1988), bastante divertido e até mesmo com alguns momentos melosos, que todo filme nessa linha deve ter. Apesar de toda a violência que apresenta, o que vemos aqui é uma comédia de ação com sequências legitimamente engraçadas. E algumas que só aqueles indivíduos mais dotados de um humor negro (talvez quase psicótico?) vão apreciar.

Como em boa parte dos filmes atuais, há uma cena no meio dos créditos, mas nada que não possa ser descartado por aqueles sem paciência por esperar esse tipo de extra. Não sei se Noite Infeliz se encaixa no conceito de “diversão para toda família”. Mas que é divertido, é.

A sumida Beverly D’Angelo aparece para mais um filme de Natal inusitado

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