por Marcelo Seabra
Conhecido por ser avesso a aparições e pelo espaço entre as obras que assina, Terrence Malick parece estar se desfazendo desse segundo item. Foram seis anos entre O Novo Mundo (The New World, 2005) e A Árvore da Vida (Tree of Life, 2011), mas apenas mais um para Amor Pleno (To the Wonder, 2012), novo trabalho do diretor que finalmente chega aos cinemas brasileiros. E já há outros três projetos listados para Malick. Os temas abordados tendem a permanecer os mesmos, com o ser humano e suas peculiaridades em estudo.
Ben Affleck vive o sujeito que parece ser o cerne do longa. Apesar de ser o principal, ele é o que menos se manifesta e a câmera parece fugir dele, reforçando a ideia de um conflito interno, de uma figura tímida e sem respostas claras quanto ao futuro. Com esta atuação minimalista, Affleck se dá bem, mas continua funcionando melhor como diretor (Argo está aí para provar isso). A personagem que alimenta a projeção e cativa o público é a estrangeira vivida por Olga Kurylenko (de Oblivion, 2013). Os dois se conhecem em Paris, começam um romance e acabam indo aos Estados Unidos, morando em uma casinha do interior em uma cidade calma e honesta, aos olhos da moça. Tratando-se de Malick, fica difícil falar em trama, as coisas apenas vão seguindo um rumo e acontecendo. Cabe ao espectador acompanhar a trajetória e interpretar os símbolos dispersados pelo diretor.
Outros dois destaques do elenco trazem mais interrogações que esclarecimentos. Rachel McAdams (de Meia-Noite em Paris, 2011 – acima) cruza a vida do tal cara pela segunda vez. Fica claro que eles já se conheciam e ela aparece novamente, complicando as emoções dele. E o padre de Javier Bardem (de 007 – Operação Skyfall, 2012) se questiona a respeito de sua fé, ficando totalmente a cargo do espectador definir a importância do personagem para os demais. As teorias possíveis são várias, como a metáfora da busca por Deus em comparação com a busca pelo amor, ambas para se ter um preenchimento para uma existência sem sentido. Ou simplesmente pode-se concluir que Malick não sabia o que fazer com o padre na sala de edição, e reduziu sua participação sem cortá-la totalmente por dó de dispensar um ótimo ator. Outros não tiveram a mesma sorte: Rachel Weisz, Jessica Chastain, Michael Sheen, Amanda Peet e Barry Pepper, todos limados.
Emmanuel Lubezki já é um freqüente colaborador do diretor (em Árvore da Vida e O Novo Mundo, além dos próximos) e as cenas que ele capta são de uma beleza que dificilmente sai da cabeça. Ele consegue transformar cenários comuns e mundanos em fotos marcantes, mostrando que as emoções dos personagens são fundamentais para definir seu ponto de vista quanto ao ambiente, a poesia do local varia de acordo com o humor deles. A trilha de Hanan Townshend varia do clichê ao grandioso, ele é bem sucedido na maior parte. Com tão poucas falas, uma trilha ruim ficaria muito evidente, e o compositor se sai bem. São estes dois pontos altos de Amor Pleno, longa que deve seguir dividindo opiniões, da mesma forma que fez quando lançado no Festival de Veneza em 2012, ocasião em que ouviu-se muitas vaias.
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